Eu, como muitos outros blogueiros, apoiei o “Dia Sem Globo”. Não sei se houve algum resultado, em termos de queda de audiência. Mas se é contra a Globo, contem comigo.
Só que não dá para entrar nessa de canonizar o Dunga, só porque ele foi mal-educado e grosseiro contra aquele repórter, na coletiva. Como se isso fosse uma coisa boa.
Aliás, ali estava o Dunga mostrando o seu conteúdo todo. A criatura tendo um espasmo contra o seu criador. Mas espasmo que não vai durar muito, acreditem.
Aposto todas as fichas que logo, logo, vai ter jogador parando na famosa “área mista“, para falar com exclusividade à emissora dos Marinho. Não duvidem também, os que o consideram o herói do momento, que ele próprio não rasteje de volta à Globo. Quem duvidar, pode ficar com cara de tacho.
O Dunga é uma mala. É preciso relembrar seu histórico, sem embarcar nessa de que é um grande técnico, nem de que foi um grande jogador, um vencedor. Essa imagem, aliás, não custa repetir, foi criada justamente por Galvão Bueno e outros comunicadores da Rede Globo.
Dunga foi um jogador de poucos títulos, igual a centenas de outros que se aposentaram por aí. De talento escasso, sempre se impôs como grande marcador, jogador de segurança no meio-campo, graças à sua grande força física. Mas nada muito melhor que o Chicão, da Ponte Preta, na seleção de 1978.
Em 1990, o pior treinador da história da Seleção, Sebastião Lazaroni, montou um time que girava em torno do “talento” de Dunga, naquilo que foi anunciado (principalmente pela Globo) como uma nova “Era” do futebol brasileiro. A “Era Dunga”. Resultado: fracasso total.
Em 1994, com a velha panelinha Zagallo-Parreira de volta à seleção, o Dunga foi alçado ao comando “moral” do esquete canarinho, nas eliminatórias. E íamos de mal a pior, pois essa turma, da qual o Dunga era um golden-boy, não convocava nosso melhor jogador da época, o Romário.
Estávamos quase fora da copa, quando a pressão popular foi tão forte que eles tiveram que convocar o Romário. E ele classificou um Brasil com as calças na mão, no último jogo das Eliminatórias, contra o Uruguai, no Maracanã.
Depois, nos Estados Unidos, em boa dupla com Bebeto, o Romário levou o Brasil às finais fazendo ambos gols incríveis e inesperados, nas poucas bolas que chegavam redondas ao ataque.
No meio campo, o Dunga tomava a bola de um adversário e devolvia para outro. Só para não deixar passar, lembro também que aquele esquema de jogo, de passes laterais, enterrou Raí, nossa maior promessa, que todos acreditavam que iria “estourar” na copa, pois a bola simplesmente não chegava nele.
Bom, quem tem memória lembra. Foi uma seleção lamentável, que ganhou o título por sorte, na disputa dos pênaltis (que é, sim, uma loteria), mas se não tivesse ganhado, seria rotulado como uma das piores seleções da história.
Daí, a Globo, Galvão Bueno e outros, passaram a vender a imagem de que o Dunga seria o responsável pelo título, por ser companheiro de quarto do Romário, a quem teria “controlado” o suficiente para que jogasse bem. Só que não foi por ser companheiro de quarto do Dunga que o Romário deslanchou. Foi apesar de ser companheiro de quarto do Dunga.
A partir daí, com a imagem de “levantador” do caneco, as pessoas passaram a esquecer o tipo de jogador de futebol que o Dunga sempre foi: apenas razoável e esforçado. Não dá para dizer que tenha sido medíocre, que aí também seria injustiça. Mas, só para comparar dois volantes do Colorado e da Seleção, não servia para amarrar os cadarços da chuteira do Batista, por exemplo, que também não era nenhum gênio, mas era mil vezes melhor.
O Dunga se manteve na seleção em uma entressafra de craques, e mesmo assim, porque sempre foi um fiel cumpridor de ordens. Um verdadeiro pelego.
Terminada a carreira, o Dunga ficou desempregado, e anunciou que vinha para o Rio Grande do Sul fazer política. E o “levantador do caneco” chegou a ser imaginado pela direita gaúcha como uma futura grande liderança política.
Cria do Perondi, digno representante do atraso político gaúcho, chegou a ser anunciado como candidato à Assembléia Legislativa quando, para sorte nossa, e azar do Brasil, foi subitamente convocado para treinar a seleção.
Essa nova convocação, desta vez para técnico, mesmo sem nunca haver treinado um time de futebol de botão antes, foi justamente porque tem o perfil desejado pela CBF do Ricardo Teixeira: é um bom cumpridor de ordens. Ser bom treinador, ou mesmo ser treinador, não era prioridade, afinal, o Zagallo e o Parreira também nunca foram, e ganharam muitos títulos.
E lembrem-se, a escolha do Dunga para técnico da seleção foi apoiada pela Globo.
Graças a Deus, o Dunga foi para lá, e para longe da política gaúcha, e tem se dado bem. Caso contrário, se tivesse ficado mais tempo desempregado, seria agora Deputado Estadual, e seria mais uma anta na tropa de choque que impediu o impeachement da Yeda Crusius. Mais um pupilo da RBS, que é a Globo aqui no Sul.
E digo mais. Na atual conjuntura, um Dunga político seria agora o Vice “perfeito” da Yeda, o vice que o PP só não banca porque não tem.
Então, nada de apoiar o Dunga. Espinafrar a Globo, tudo bem. Mas louvar o Dunga, jamais. Devagar com o andor, que o santo é de barro, já diziam os antigos.
Eu torço para a seleção brasileira. Muitas vezes até planejo torcer contra, mas no final não consigo. É a mesma coisa que torcer contra o Grêmio, para que caia o técnico, por exemplo. A gente promete, mas na hora não cumpre. O coração fala mais alto, mesmo que odeie o treinador.
E torço ainda mais para que o fracasso do Dunga não seja tão lamentável como indicam as circunstâncias. Não pode ser um fracasso tão grande que o tire do mundinho do futebol, a fim de que ele se mantenha longe da nossa política por muito, muito tempo.
Acho que ganhar a Copa não vai dar. Mas se pelo menos desse para conseguir um emprego no Caralhasaray, do Findomundistão, depois da Copa ... já tava loco de bom.