A situação é muito complexa para aqueles que não aceitam a privatização dos serviços de abastecimento de água e saneamento básico.
Para organizar a resistência, foi criado Comitê em Defesa da Água Pública, que reúne a maior parte das boas lideranças locais, como partidos políticos (PSB, PDT, PMDB, PT), sindicatos (Municipários, Alimentação, Comerciários, Sindiáguas, CPERGS), entidades de classe (como a importantíssima participação de representantes do Conselho Regional de Engenharia), Associações de Moradores, etc. E também cidadãos que, representando a si mesmo, resolveram juntar-se aos bons, como este humilde escriba.
É um Comitê plural e democrático, onde todos podem participar em igualdade de condições, sem aquelas lideranças messiânicas que às vezes atrapalham os movimentos.
Também participam do Comitê seis dos nove vereadores sãoluizenses: a Xuxu (PT), o Mário Trindade (PMDB), o Edison Oliveira (PDT), Chiquinho Lourenço (PDT), Junaro Nascimento (PP) e o Aldimar Machado (PSDB). Os dois últimos são de partidos que integram a coligação que ganhou a Prefeitura, mas se opõem firmemente à maneira com que os assuntos municipais estão sendo conduzidas.
Então, se a decisão fosse à votação na Câmara, não seria permitida a privatização, pois a maioria absoluta defende a renovação com a CORSAN.
Só que, na legislatura passada, fizeram uma lei que dá ao Prefeito o poder de decidir por decreto. E agora, os vereadores dizem não poder substituir essa lei, porque a iniciativa desse tipo de projeto é do Executivo. Então, o Prefeito, que se elegeu por acaso, tem legitimidade para decidir sozinho um asunto de tamanha importância.
Para piorar o caso, o Prefeito não é muito amigo de licitações bem feitas. É réu em dois processos na 4ª Câmara do Tribunal de Justiça, em ambos por licitações problemáticas.
E recentemente, o Poder Judiciário suspendeu uma licitação para recolhimento de lixo, por ter sido comprovado que as cláusulas beneficiavam um, e excluíam outros concorrentes. No caso, era uma exigência de, apenas para poder concorrer, provar já ter a de propriedade de caminhão compactador do ano 2008 ou mais novo, o que somente uma das proponentes tinha.
É bem plausível desconfiar, portanto, que a situação de Uruguaiana, em que a licitação foi direcionada para favorecer a Odebrecht, possa ter um replay por aqui.
Pois o Comitê tem feito tudo o que pode para levar o debate à comunidade. Foi obtido importante espaço na imprensa escrita, nas edições de sábado do Jornal Missioneiro e Jornal A Notícia. Eu acredito que a mudança no quadro depende fundamentalmente da cobertura da imprensa.
Recebi uma oferta para publicar um texto sobre isso no portal do CPERGS, o que pretendo fazer ainda esta semana. O Centro de Professores do Estado é, provavelmente, a principal entidade de classe do Rio Grande do Sul, tanto em número de filiados como referência de luta, como por exemplo, liderando agora as manifestações pelo impeachment da desgovernadora do Estado. É um apoio de peso.
Barrar a privatização é importantíssimo. É o principal tema local na atualidade, pois uma decisão errada irá ter consquências para sempre.
Não se pode deixar que a Odebrecht, ou qualquer outra empresa privada finque essa ponta-de-lança no aquífero guarani. Ainda mais aqui em São Luiz, onde nasceu Sepé Tiarajú.
Precisamos de apoio da blogosfera. O leitor que é de São Luiz Gonzaga deve informar-se sobre os fatos, e certamente engrossará o movimento. Quem é de fora, peço que chamem a atenção de eventuais amigos de comunidades, como Orkut, por exemplo, para difundir o que está acontecendo.
Vejo uma firme disposição de todos, no Comitê, de queimar até o último cartucho nessa luta, como a rãzinha da ilustração.
Não podemo se entregar pros homem ... mas de jeito nenhum, amigo e companheiro!
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