quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Monumento a Jayme Caetano Braun


Na sexta-feira, se o tempo ajudar, será feito o traslado do Monumento ao Pajador, uma homenagem ao nosso ilustre conterrâneo Jayme Caetano Braun. A estátua será levada do ateliê do escultor, Vinícius Ribeiro, até o local da futura Praça que levará o seu nome, às margens da BR 285. Ali, o Jayme ficará em definitivo, mateando e olhando as coxilhas, para os lados da Bossoroca.

É uma obra magnífica, com seis metros de altura, mais o pedestal, e cerca de 12 toneladas de peso. Tudo em concreto armado. Mas não só pelo tamanho, a obra impressiona também pela imponência do personagem, e fidelidade aos detalhes.

O autor, Vinícius Ribeiro, é um consagrado artista são-luizense, responsável por outras obras muito conhecidas, como a Estátua de Sepé Tiarajú que guarnece a entrada principal da cidade. Recomendo visitar o seu blog, aqui, onde está registrado o dia-a-dia da empreitada. É imperdível.

E o mais lindo de tudo, é a forma com que o Vinícius vem trabalhando, há quase três anos. Parente do Jayme, ele resolveu que ia fazer uma homenagem, através de seu talento como escultor, àquele que é considerado um dos maiores nomes da cultura gaúcha.

Para custear a obra, o Vinícius ralou. Vendeu centenas de “Diplomas” para colaboradores, a trinta reais cada, comprou material e equipamentos, e por conta própria, construiu o monumento. Houve também doações de artistas missioneiros, como Jorge Guedes e outros músicos, que fizeram um show e doaram a arrecadação para o início da obra.
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Outra forma de arrecadação foi a venda de painéis para patrocinadores, que serão afixados no pedestal da obra. E também muitas empresas e pessoas físicas doaram material, emprestaram equipamentos, ou mesmo prestaram serviço sem custo, durante a construção.
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Resumindo, nem entrou um único pila de verba pública na construção dessa obra incrível, nem o Vinícius teve qualquer lucro financeiro, com os anos dedicados a essa obra. Foi no amor, no peito e na raça.

Na fotografia, Vinícius Ribeiro, em pleno trabalho, como que a pensar: "Parla, Jayme!"

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Ai, Grêmio ...


Báh! Eu bem que tinha medo do Goiás. Eles sempre engrossam, e ainda mais jogando em casa. Agora a coisa ficou feia.

A distância do Grêmio para o G-4, agora, é a mesma do Fluminense para fora da zona de rebaixamento. Isso matematicamente falando, é claro, pois a possibilidade do Grêmio ganhar um jogo é bem maior que o Flu, porque o nosso grupo de jogadores é muito superior ao deles.

Acho que, para os cariocas, não tem mais jeito. Para nós ainda dá, mas temos, obrigatoriamente, que ganhar os dois próximos jogos, contra o Sport (em casa) e Atlético-PR (fora), e torcer para muitos "resultados paralelos". É brabo.

É preciso que o Colorado perca um, e empate o outro, dos próximos dois jogos (Coritiba, fora, e Náutico, em casa). Mas isso é praticamente impossível, pois eles têm a obrigação da vitória, já que também estão com a água pelo nariz.

Como se não bastasse, ainda é preciso que o Atlético-MG, da mesma maneira, ganhe no máximo um ponto nos próximos dois jogos (em casa contra o Barueri, e fora contra o Botafogo).

Bom mesmo seria o Colorado e o Atlético perderem os seus dois próximos jogos, e o Grêmio ganhar os seus. Daí, eu vou para a galera.

Nossos jogos, depois de Sport e Atlético, são contra o Corínthians (em São Paulo) e Coritiba (no Olímplico). E depois, um Gre-Nal no Beira-Rio, a seis rodadas do final do campeonato.

Báh, de novo!

Para mim, o ingresso no G-4 tem que ser conquistado já nas próximas quatro rodadas. Sem querer ser pessimista, eu acho que se não chegarmos no Gre-Nal já entre os quatro, corremos o risco de dar tchau para a Libertadores. E lá dentro do Chiqueirão.

Daí, como diziam os antigos, o suicídio será um dever ...

Psicologia Aplicada

Esta postagem é para minha gatinha, que é uma grande psicóloga. Ela é da linha psicanalítica, mas de vez em quando usa essa "psicologia aplicada". Não nos seus pacientes. Em mim.

Os quadrinhos são do Edgar Vasques, que eu copiei e colei do Tinta China, que pode ser visitado aqui.

domingo, 27 de setembro de 2009

Embananaram a Audiência Pública

A Audiência Pública para privatização da água e esgoto, pelo visto, era mesmo encarada como um mero formalismo pela administração municipal. Uma marmelada. Tanto que nem o Prefeito nem o Vice-Prefeito compareceram.

Achei o maior desrespeito essa ausência, especialmente em se tratando de autoridades que querem entregar o serviço, a uma empresa privada, pelos próximos trinta anos. Como nem o Prefeito nem o Vice estavam, os trabalhos foram presididos pelo Procurador do Município.

Mas quem foi até a Câmara de Vereadores viu que não houve marmelada, e sim bananada.


Eu cheguei uns 15 minutos atrasado, e estava difícil de entrar, pois havia dezenas de pessoas do lado de fora. Lá dentro, o salão estava abarrotado de gente. Acho que escolheram o local a dedo, por ter um plenário bem pequeno. Consegui entrar a muito custo, e o único lugar que encontrei foi do lado de dentro da cerquinha que separa os vereadores do “povo”. Fiquei ali, em pé, assistindo aquela barbaridade que chamaram de Audiência Pública.

Quando pude prestar atenção, vi que estava falando um tal de Nelson Serpa, advogado da empresa Ampla Consultoria e Engenharia. Até achei que ele estava apresentando o Plano de Saneamento, e pasmei quando vi que ele estava apresentando o próprio edital da licitação.

Vou verificar esta semana se a elaboração do Edital da Privatização foi terceirizada, e se isso é legal. A situação será muito grave, se ficar constatado que o edital foi elaborado por essa empresa (que ninguém sabe de onde saiu), e não pelos funcionários públicos da Prefeitura.

Em determinado momento, percebi que dentro do salão havia certamente umas 300 pessoas, em um local onde mal cabem cem. E do lado de fora, no corredor e escadarias, havia mais umas cento e cinqüenta que não puderam assistir, nem escutar a audiência, que também não foi transmitida pelo rádio. Daí, tentei apresentar uma questão de ordem, pedindo a suspensão da audiência por 10 minutos para que esse pessoal, que estava do lado de fora, pudesse se acomodar, ou achássemos uma alternativa para que todos participassem. A questão não foi aceita, e a apresentação do Edital pelo Nelson Serpa continuou.

Depois da leitura do edital, interrompida por muitas vaias e gritos de “Fora Odebrecht”, “Não à Privatização”, “Cadê o Prefeito”, “E o Ausente Diel?”, foi aberto um tempo de 50 minutos para apresentação de perguntas sobre o Edital.

As principais manifestações foram do Presidente do Sindicato dos Municipários, Luiz Carlos Karnikowski, da Vereadora Xuxu (PT), do Vereador Junaro (PP), dos Ex-Vereadores Dinarte Pires dos Santos e Jarcedi Terra (PT), da Presidente do CPERS Rosane Zan. Eu também falei.


Todos nós falamos contra a privatização, e apresentamos perguntas que apontam “furos” do Edital.

A favor da privatização falou apenas o Ex-Vereador Joveni Rodrigues Lopes (PP), e o próprio Nelson Serpa, que exerceu três papéis na audiência: 1) representante da empresa que elaborou o “Plano de Saneamento”; 2) apresentador do Edital da Privatização; 3) e respondedor das perguntas sobre o Edital.

Não sei por que, mas fiquei com a impressão que esse cara odeia a CORSAN, pois falava mal da companhia a cada pergunta que respondia. E tomava vaias.

Houve muitos problemas devido à má condução dos trabalhos. Um deles foi o de desprezar uma centena e meia de pessoas que não conseguiram entrar no plenário, às quais nem o áudio das manifestações foi disponibilizado, o que poderia ser feito facilmente, com a colocação de uma caixa de som no corredor e nas escadarias.

Além disso, o Presidente não aceitou nenhuma das várias questões de ordem apresentadas, nem mesmo a de seu parceiro na defesa da privatização, o Ex-Vereador Joveni, que em determinado momento pediu em questão de ordem que a audiência fosse prorrogada, e retomada após a resposta da CORSAN, sobre o Plano de Saneamento.

E, de forma muito autoritária, mesmo nas intervenções das pessoas regularmente inscritas, em várias oportunidades ele cortou a palavra, não deixando que fossem completadas as perguntas que mostravam as falhas da sessão ou do Edital.


Outra coisa que estranhei, e que não conhecia, é que não foi elaborada Ata Escrita, na qual eu pretendia deixar escrito meus "contraditorios". Procurei a Ata, para consignar as minhas perguntas, e me foi dito que não havia, que preferiram gravar a audiência, e iriam fazer uma "degravação".

Assim sendo, aquela qualquer coisa que aconteceu na Câmara, sexta-feira, não atendeu à finalidade de Audiência Pública.

E o pior é que não foram os opositores da privatização que embananaram a Audiência. Foi a própria Presidência dos trabalhos que fez isso.

Eles apostaram que iam fazer uma marmelada. Saiu uma bananada.

sábado, 26 de setembro de 2009

Sepé Tiaraju agora é Herói da Pátria

Falando em Sepé, esta semana o nome do cacique missioneiro foi inscrito no Livro dos Heróis da Pátria, que fica no Panteão da Democracia e da Liberdade, na Praça dos Três Poderes, em Brasília.

Nesse livro, já estavam inscritos o nome de outras dez pessoas considerados oficialmente como heróis, por lei federal. No caso do Sepé Tiarajú, a proposta de Lei foi iniciativa do Deputado Federal Marco Maia, do PT/RS.

O Presidente da República em exercício, José de Alencar, sancionou a Lei que determina a inscrição do nome de Sepé no "Livro de Aço", destinado ao registro perpétuo de personalidades históricas ou de grupos de brasileiros que tenham oferecido suas vidas para a defesa da Pátria, com excepcional dedicação e heroísmo.

Os outros heróis que já haviam sido inscritos no dito "Livro de Aço" são: Tiradentes, Zumbi dos Palmares, Dom Pedro I, José Bonifácio, Duque de Caxias, Marechal Deodoro, Plácido de Castro, Marquês de Tamandaré, Barão do Amazonas e Santos Dumont.

Boas companhias, embora falte o reconhecimento às mulheres.

Não é pouca coisa o reconhecimento conferido, agora, ao Sepé. Afinal, sua história é cheia de significados históricos. Eu fico feliz em ver finalmente reconhecida, através dele, a luta dos guaranis, de gente que nasceu e viveu aqui, e morreu defendendo a república comunista cristã das missões.

Sepé está agora no seu lugar correto, ao lado de Zumbi. A luta de ambos foi quase a mesma. E continua ...


quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Hoje tem marmelada?

Bueno. Hoje, sexta-feira, 25 de setembro de 2009, às 19h, na Câmara Municipal de Vereadores, acontecerá a Audiência Pública convocada pelo Prefeito, para apresentar o edital da licitação para privatização dos serviços de água e esgoto.

Por exigências legais, é obrigatória a realização de Audiencia Pública, para que a Prefeitura possa, passados 15 dias, publicar o editar abrindo a licitação.

Como já estou ficando careca de repetir, a abertura de licitação implica que somente a empresa privada vai se habilitar, pois "queima" a possiblidade da CORSAN disputar esse serviço.

Essa audiência é a oportunidade que temos de fazer todos os questionamentos diretamente ao Prefeito, que deverá estar presente. E de manifestar nossa contrariedade com a privatização, exigindo que ele abra negociações sérias com a CORSAN, em termos vantajosos para o Município.

O Prefeito e seus apoiadores tão achando que vai ser uma audiência para inglês ver. Que ninguém vai aparecer. Que vai ser uma marmelada.

Vão levar um susto. Hoje não tem marmelada.

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O discurso de Lula na ONU

Leia abaixo o discurso do Político mais popular do mundo, que parou a ONU. Copiei e colei do blog Vi o Mundo.

"Meus cumprimentos ao presidente da Assembleia Geral, Ali Treki, ao secretário-geral, Ban Ki-moon, e a todos chefes de Estado e delegados presentes.

Senhoras e senhores,

A Assembleia Geral das Nações Unidas tem sido e deve ser cada vez mais o grande foro de debate sobre os principais problemas que afligem a humanidade. Quero abordar aqui três questões cruciais, que me parecem interligadas, três ameaças que pairam sobre nosso planeta: a persistência da crise econômica, a ausência de uma governança mundial estável e democrática e os riscos que a mudança climática traz para todos nós.

Senhor Presidente,

Há exatamente um ano, no limiar da crise que se abateu sobre a economia mundial, afirmei, desta tribuna, que seria um grave erro, uma omissão histórica imperdoável, cuidarmos apenas das consequências da crise sem enfrentarmos as suas causas. Mais do que a crise dos grandes bancos, essa é a crise dos grandes dogmas. O que caiu por terra foi toda uma concepção econômica, política e social tida como inquestionável. O que faliu foi um insensato modelo de pensamento e de ação que subjugou o mundo nas últimas décadas.
(...)"

Mas ôigale-tê, porquêra! Depois dessa, o Companheiro Lula já é meu candidato para Presidente do Mundo.

Para ler o restante do discurso histórico, clique aqui.

Pré-sal: outro debate, por Henrique Fontana

"Se, no passado recente do Brasil, precisamos lutar para garantir que “o petróleo fosse nosso”; se, em tempos bem mais recentes, o debate nacional em torno da descoberta de reservas bilionárias de petróleo e gás estaria marcado pela possibilidade de um processo de privatização que incluía a transformação da Petrobras em “Petrobrax”; com o governo Lula, nós podemos ter duas certezas: o pré-sal é nosso e os recursos oriundos da sua exploração, produção e comercialização serão investidos no futuro do povo brasileiro.

Assim, hoje estamos dedicados a outro debate: como garantir a melhor forma de exploração de petróleo e gás dessas reservas e como os recursos podem melhorar a vida da população. Este outro debate, ao lado da descoberta do pré-sal, representa também uma grande conquista dos brasileiros.

As reservas de petróleo e gás descobertas no final de 2006 nas bacias do Espírito Santo, de Campos e Santos, denominada de pré-sal, indicam até o momento um volume de reservas da ordem de 9,5 a 14 bilhões de barris de óleo equivalente. Isto significa no mínimo dobrar as reservas de petróleo do Brasil. Alguns cálculos indicam que elas possam triplicar.

Além disso, fatores externos ampliaram sua importância, como os preços internacionais do petróleo, cujo barril, em 1997, ano da introdução do marco regulatório no Brasil, chegava a US$ 20 e hoje está em US$ 65. São cenários muito distintos, e as mudanças no país, a partir da exploração e produção dessas reservas, também serão; portanto, o momento exige responsabilidade política, social, econômica e ambiental.

Com a mesma coragem com que decidiu que o pré-sal é patrimônio público e deve servir para investir no país, o nosso governo apresentou uma nova proposta de marco regulatório, da qual destaco quatro pontos: primeiro, um novo regime de exploração, a partilha, em que a parcela de riqueza que fica com o país é muito maior do que no atual modelo; segundo, a criação de uma nova empresa pública responsável pela gestão dos contratos de produção e de comercialização de petróleo e gás; terceiro, a constituição de um fundo social para gerir os recursos e os investimentos em educação, cultura, ciência e tecnologia, sustentabilidade ambiental e no combate à pobreza.

Como quarto ponto, é preciso fortalecer a Petrobras através da sua capitalização. A aprovação desta proposta é fundamental e urgente para o Brasil. Com ela poderemos assegurar o valor estratégico relativo à produção no pré-sal, garantindo uma enorme poupança para as futuras gerações de brasileiros."

Artigo de Henrique Fontana, Deputado federal (PT-RS), líder do governo na Câmara dos Deputados.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Orgulho de Bisol


Reproduzo abaixo um texto de Jerônimo José Pereira, meu colega Delegado de Polícia Civil.

O Jerônimo é gente boa, e se esforçou bastante para fazer a Polícia dar certo, no Governo Olívio. Ele está na quarta classe, o topo da carreira policial gaúcha. E é um dos pouquíssimos Delegados que não “virou a casaca" com a saída do PT do Governo do Estado, em 2003.

Eu explico. É que quando o Olívio ganhou a eleição, em 1999, “choveu” de Delegados se dizendo “petistas desde criancinhas”, de olho nos cargos de chefia. Foram até apelidados de "cristãos-novos". Q
uatro anos depois, quando trocou o partido do governo, esse povo todo passou a ser do PMDB, “desde criancinhas”. Passados outros quatro anos, e as mesmas figuras viraram tucanos, e novamente “desde criancinhas”. E agora, se o Tarso ganhar ano que vem, provavelmente se tornem petistas novamente. E mais uma vez, “desde criancinhas”.

Eu concordo com o Jerônimo, na essência do texto, que o José Otávio Germano não serve para amarrar o cadarço do sapato do Bisol. E que, para atingir o Olívio, a grande mídia, especialmente o PRBS, foi implacável, pegando o Bisol para cristo, sempre procurando desconstituir tudo o que era proposto ou realizado.


Canalhice é a palavra certa.

Estávamos no caminho certo, e fizemos muita coisa boa. Mas isso não quer dizer que tenhamos acertado sempre. Longe disso. Erramos sim, em muitas oportunidades. E o Bisol também não deve ser considerado um semi-deus, imune a críticas.


Nós, trabalhadores da segurança pública que somos militantes, precisamos fazer a crítica (e autocrítica) política daquele período, e reconhecer que houve erros é o primeiro passo para retomar a discussão de como deve atuar a Polícia (que se localiza estruturalmente no aparelho repressivo do Estado), em um governo de esquerda.

Caso contrário, poderemos, mesmo com a vitória do Tarso, passar mais quatro anos dando munição gratuita àqueles que querem enterrar nosso projeto, de uma vez por todas.

Então, segue o texto, que como disse, eu assino embaixo.

“Orgulho de Bisol

Tenho muito orgulho de ter trabalhado com José Paulo Bisol, na Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul. Os desafios foram muitos, avançamos na modernização do sistema de segurança pública, unificamos os comandos no mesmo prédio, com o objetivo de criar uma central de inteligência da segurança pública. Estávamos no caminho certo. O massacre político-midiático a que o secretário Bisol foi submetido foi uma vilania que acabou por atingir toda a política de segurança pública do Estado. Isso fica muito evidente agora, quando vemos alguns dos protagonistas daquele massacre envolvidos no maior escândalo de corrupção da história do Rio Grande do Sul.

O tempo provou que as medidas tomadas naquela gestão eram técnicas e profissionais. Lembro que o primeiro ato do sucessor de Bisol - o bom moço, de fala mansa, que se apresentava como um pacificador que iria resgatar a auto-estima da polícia - foi acabar com o prédio único das chefias. Na oportunidade, ao ser entrevistado, Bisol disse que era burrice tirar os comandos do mesmo local. Não era burrice, Bisol, era esperteza, malandragem, de quem, queria usar a máquina pública em proveito próprio e não ser vigiado por ninguém.

O secretário que sucedeu Bisol disse que a polícia passaria a agir sem freio de mão. Quem passou a agir sem freio de mão, na verdade, foi o grupo que ele integrava e que se instalou no Detran em 2003, quando iniciou o esquema que desviou mais de 44 milhões de reais dos cofres públicos.

Bisol saiu da secretaria com as mãos e a consciência limpa. “Não se acanalhem!” – pediu ele, na época, aqueles que tentaram destruí-lo. As suas idéias e o seu grito continuam cada vez mais atuais quando o povo gaúcho assiste estarrecido um festival macabro de desrespeito à democracia e ao bem público.”

Rapaz, descobri por que o Grêmio já não está entre os quatro primeiros do Brasileirão. É a falta do Juventude. Depois que o co-irmão caiu para a Segundona, deixamos de ter seis pontos garantidos, todos os anos.

O Vitorino, do Blog do Milico, me lembrou que se o Corínthians ficar entre os quatro, o quinto colocado se classifica para a Libertadores. É uma boa, pois, pela lógica, é mais fácil para o Grêmio ser quinto, do que ser quarto, considerando os pontos que ainda restam a ser disputados.

Mas para ficar bom, mesmo, eles teriam que perder para nós, na 29ª rodada, e depois tirar pontos do São Paulo, Palmeiras, e do Atlético-MG, com quem ainda vai jogar.

Quanto aos resultados da minha previsão, o Corínthians teve dois tropeços e ficou para trás. E o Atlético empatou com o Náutico.

Agora, é só ganhar do Goiás, domingo, e torcer para o Atlético-MG perder ou empatar com o Santos. Tomara que o Celso Roth não me decepcione.

Assim, fecharíamos a rodada já em 4ª, empatados em pontos com o próprio Goiás e o Atlético, mas melhor nos critérios de desempate (mais saldo de gols que Goiás, mais vitórias e saldo de gols que o Atlético).

Mas para o domingo ficar perfeito, o Colorado bem que podia perder a terceira seguida em casa, desta vez para o Flamengo, ficando só um pontinho na nossa frente.

Nos resultados paralelos eu acredito. Já ganhar do Goiás ...

Esta água tem dono!

Domingo eu fiz um mate e fui lá para o trevo da BR 285. Fiquei um bom tempo por ali, mateando e olhando a estátua do Sepé Tiarajú.

Tem razão o Pedro Ortaça, quando diz que mateando a gente pensa. Fiquei matutando ...

O Sepé nasceu aqui, em São Luiz Gonzaga, que na época devia ter uns 5.000 habitantes. Isso entre 1710 e 1720. Fiquei imaginando a infância dele e dos outros indiozinhos, brincando pelos terrenos, em volta do Colégio e do Cabildo, bem onde hoje ficam a Praça e a Igreja.

Como a casa da minha família fica cerca de 100m, em linha reta, de onde ficava a catedral da Redução, certamente brinquei nos mesmos pátios das crianças de 300 anos atrás. Fiquei encardido com a mesma terra vermelha, comi as mesmas pitangas e amoras ...

Imaginei ainda a piazada caçando nas matas, coletando frutas silvestres, pescando no Arroio Barrigudo, e na outra meia dúzia de sangas, que havia ao redor da Redução. E também, nos dias mais quentes do verão, fazendo correrias até o Pirajú e o Chimbocú, só para nadar um pouco, e depois retornar correndo, coisa que até poucas gerações atrás a gurizada daqui ainda fazia.

Não se sabe com que idade Sepé ficou órfão, e foi levado para São Miguel. Se foi na adolescência, provavelmente foi ainda por aqui que ele viveu suas primeiras paixões, ou até mesmo se casou, pois o matrimônio era bem precoce. Consta que os padres apressavam os casamentos dos índios quando chegava a puberdade, para evitar que houvesse relações, em pecado venial.

Fiquei um tempão sozinho lá no trevo, mateando e pensando ...

Pensei que o Sepé muito deve ter andado, a pé ou a cavalo, por estes caminhos hoje transformados em ruas e estradas. Que muitas vezes olhou este mesmo horizonte, que sentiu frio nestes mesmos invernos. E muitas vezes apreciou a chegada destas primaveras.

Fiquei imaginando o que o Sepé faria quanto a essa questão da água.

Como ele fazia parte de ume elite militar, deveria ter condições de fazer o que séculos depois se convencionou chamar de “avaliação de conjuntura”. E perceberia que a intenção de privatizar os serviços de água e esgoto é a “ponta de lança” da empresa privada, para depois passar a explorar a venda da água mineral do Aquífero Guarani.

Diz a lenda que ele era voluntarioso. Devia ser, para conquistar o status de maior comandante dos guerreiros guaranis. Identificada a ameaça, certamente não ficaria assistindo. Iria à luta, com as armas que lhe fossem disponíveis.

Na guerra guaranítica, a resistência foi difícil, sofrida, no campo de batalha. Para fazer frente ao invasor, os índios produziram até canhões, adaptando a primeira fundição das Américas, destinada originalmente à fabricação de sinos para as igrejas.

Na luta atual, pela manutenção da água pública, as armas são outras, e as alternativas também tem que ser construídas. Mas tudo continua muito difícil e sofrido.

Uma frente será, com certeza, na esfera jurídica. Essa disputa, no entanto, é ingrata, pois o Prefeito tem a legitimidade da função. Além disso, está escudado por uma lei municipal, do ano passado, que lhe permite decidir por decreto sobre o Plano Municipal de Saneamento Básico, e como implementá-lo.

Outra frente será a mobilização da comunidade. Pode ser que, se ficar escancarada a rejeição à privatização, o Prefeito e seus apoiadores mudem de idéia. Afinal, é tão mais simples, vantajoso e não-oneroso para o Município apenas renovar com a CORSAN, como Santa Rosa, e agora Santiago, fizeram.

Tem muita gente querendo um plebiscito, mas o Alcaide nem dá bola.

Mas como mobilizar se a maioria das pessoas não está interessada no debate?

O que o Sepé faria nessa situação? Não dá para imaginar.

Meu devaneio andava assim, quando a água da térmica acabou.

Antes de ir embora, não sem fazer, antes, uma relação entre a finitude da água da minha garrafa térmica, e a finitude da potabilidade do Aquífero, dei mais uma olhada para estátua.

Pareceu-me até ouvir que o cacique sussurrava:

Esta água tem dono ... Esta água tem dono ...

Mas quem dá atenção ao ensinamento de uma escultura?

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Acertou na veia

Copiei e colei, porque acertou na veia. (Obs: refiro-me à vêia, não a véia. Se bem pegou também na véia).

A postagem é do Dialógico, ver aqui.

Em respeito a meus poucos leitores, não posso deixar de mostrar, também, porque concordo totalmente.

"Se houvesse um jornal de verdade no RS, essa seria a sua capa hoje:"


Nao deixe de ler a opinião do Partisan sobre esse assunto, que pode ser feita aqui.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

O uso privado da Polícia Militar


Conforme noticiou o blog Vi o Mundo, o Sindicato dos Bancários de São Paulo formulou denúncia ao Ministério Público do Trabalho sobre reunião de oficiais, convocada pelo comando da Polícia Militar paulista, tendo na paula a apresentação dos “Representantes das Áreas de Segurança Bancária dos principais bcos (sic) do Brasil”, bem como o “Planejamento de Ações conjuntas frente aos Movimentos Grevistas em andamento no mês”.

O Editor do blog, Luiz Carlos Azenha deu o seguinte título à matéria: “Sindicato denuncia uso privado da PM paulista”. Recomendo a leitura na íntegra, aqui.

Vendo isso, fico com duas dúvidas, e uma inquietação.

Dúvida 1 - Quais seriam essas ações conjuntas entre banqueiros e polícia militar?

Dúvida 2 – Esse atendimento, escancaradamente privado e classista, é “pago por fora”, ou corre na conta do contribuinte?

Inquietação: será que o comando da nossa briosa Brigada Militar também promove esse tipo de reunião, com os ruralistas, para o planejamento de "ações conjuntas frente" ao MST?

Acho que minha inquietação procede, pois os tucanos tem um fanatismo pela privatização de tudo, inclusive a segurança, como se viu um tempo atrás, quando o ex-Comandante-Geral queria-porque-queria cobrar pelo policiamento nos estádios do Grêmio e Inter.

Como policial civil, só de pensar na possibilidade, fico triste. Confio que não seja assim.

Mas não sei, não ...

Pela extinção da Justiça Militar Estadual

O José Gomes, Assessor da Bancada do PT na Assembléia Legislativa do RS, escreveu o texto a seguir, sobre a extinção do Tribunal de Justiça Militar Estadual, que foi proposta pelo próprio Poder Judiciário gaúcho.

Obviamente, há um lobby contrário, especialmente por parte do alto oficialato da Brigada Militar.

Tresontontem, escutei no rádio que a Câmara de Vereadores de São Nicolau aprovou uma moção em apoio à manutenção do TJME. Certamente os nobres edis caíram na cantilena de que é "uma ação destinada à extinção" da Briosa.

Para esclarecer o assunto, reproduzo um trecho, recomendando a leitura completa do artigo, que eu assino embaixo.

"Tem Papel o Tribunal de Justiça Militar no Estado Democrático de Direito?

O professor René Ariel Dotti, escreveu:

"A Justiça é não somente um valor como também um sentimento. Quando o cidadão comparece ao fórum como parte ou testemunha de um processo, ele pode não saber quem será a pessoa física do Magistrado que irá recebê-lo; mas tem a esperança de que a Justiça irá ouvi-lo. Essa crença na instituição antecede a história e a prática dos códigos redigidos pelos homens. Uma infinidade de seres humanos, de todas as latitudes e longitudes, das mais variadas religiões e classes sociais, acredita que existe uma justiça divina, muito além e acima da justiça dos homens. Daí porque concebem a figura do Juiz de Direito como a encarnação do fenômeno do Direito Natural que a sabedoria dos clássicos define como 'o direito comum aos homens e aos animais”.

O exemplo grifado não se aplica à Justiça castrense pela sua composição, já que os julgadores são oficiais da PM. O militar que a ela é submetido conhece os juízes militares, que são recrutados nas mesmas fileiras de onde saíram os réus.

O Tribunal Militar é composto por sete juízes, sendo quatro militares, escolhidos dentre os coronéis da ativa, pertencentes ao quadro de Oficiais Combatentes da Brigada Militar, e de três civis. A nomeação dos juízes civis será feita dentre os juízes auditores, togados, membros do Ministério Público e advogados de notório saber jurídico e ilibada reputação, com mais de 35 anos de idade.

Logo, os coronéis que tornam-se juízes militares comandaram alguma unidade militar, convivendo diariamente com uma rotina de aquartelamento e subjugação dos seus subordinados. Assim o caráter da isenção está prejudicado.

Ora, se perguntássemos a qualquer cidadão se tem papel o Tribunal de Justiça Militar Estadual no Estado Democrático de Direito a resposta seria: “não sei”. Já para os oficiais da Brigada, o Tribunal Militar teria a papel de manter a ordem, a disciplina e a hierarquia na organização.

(...)"

Para ler o restante, clique aqui.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Sem comentários



O que importa, afinal?

Para quem não acredita, eu digo que o que importa, mesmo, é que eu faço. E faço do meu jeito.

"And now, the end is near;
And so I face the final curtain.
My friend, I'll say it clear,
I'll state my case, of which I'm certain.
I've lived a life that's full.
I've traveled each and every highway;
But more, much more than this,
I did it my way.

Regrets, I've had a few;
But then again, too few to mention.
I did what I had to do
And saw it through without exemption.
I planned each charted course;
Each careful step along the byway,
But more, much more than this,
I did it my way.


Yes, there were times, I'm sure you knew
When I bit off more than I could chew.
But through it all, when there was doubt,
I ate it up and spit it out.
I faced it all and I stood tall,
And did it my way.


I've loved, I've laughed and cried.
I've had my fill; my share of losing.
And now, as tears subside,
I find it all so amusing.
To think I did all that;
And may I say - not in a shy way,
"No, oh no not me,
I did it my way".


For what is a man, what has he got?
If not himself, then he has naught.
To say the things he truly feels;
And not the words of one who kneels.
The record shows I took the blows -
And did it my way!
I did it my way"



Chama, Labareda, Labaryeda

Não é somente o filme do governo que está queimado. O pessoal do twitter já está chamando o fenômeno de "Labaryeda".





segunda-feira, 14 de setembro de 2009


Agora a coisa vai!

O bom de ser gremista é que a gente fica bom em matemática. Eu, para facilitar os cálculos, até coloquei uma calculadora na barra da tela do computador.

Depois de mais um episódio épico do Estádio dos Aflitos, em que finalmente vencemos fora, abrem-se as possibilidades de terminar o ano no grupo dos quatro times classificados para a Libertadores.

Essa classificação é indispensável, pois tudo indica que o Colorado também vai ficar entre os quatro. Daí, teríamos um Gre-Nal histórico ano que vem, para trucidar com eles.

Para ingressar no G-4 nas próximas duas rodadas temos que, primeiro, ganhar os dois próximos jogos. O primeiro vai ser fácil, em casa, contra o Fluminense, que é capaz de perder sozinho. Mas o segundo, é brabo. Ganhar do Goiás, touca histórica, jogando lá naquele latifúndio que é o campo deles ...

Temos que torcer também por "alguns" resultados paralelos: o Corínthians, por exemplo, precisa perder um dos próximos dois jogos (Coritiba, quarta-feira e São Paulo, domingo). E Atlético Mineiro tem que perder um e no máximo empatar outro dos seus próximos dois jogos (Náutico e Santos, ambos fora).

Coisa simples ...

Daí entraríamos na 27ª rodada em quarto lugar, pelo melhor saldo de gols que qualquer outro time que também alcance 42 pontos.

Nada que uma boa HP e um despacho com o Pai Arnóbio não possa resolver ...

Não tá morto quem peleia!

Ditado gaúcho antigo, esse, que não tá morto quem peleia. Nós, aqui em São Luiz Gonzaga, já estamos lutando somente com o cabinho da adaga.

A situação é muito complexa para aqueles que não aceitam a privatização dos serviços de abastecimento de água e saneamento básico.

Para organizar a resistência, foi criado Comitê em Defesa da Água Pública, que reúne a maior parte das boas lideranças locais, como partidos políticos (PSB, PDT, PMDB, PT), sindicatos (Municipários, Alimentação, Comerciários, Sindiáguas, CPERGS), entidades de classe (como a importantíssima participação de representantes do Conselho Regional de Engenharia), Associações de Moradores, etc. E também cidadãos que, representando a si mesmo, resolveram juntar-se aos bons, como este humilde escriba.

É um Comitê plural e democrático, onde todos podem participar em igualdade de condições, sem aquelas lideranças messiânicas que às vezes atrapalham os movimentos.

Também participam do Comitê seis dos nove vereadores sãoluizenses: a Xuxu (PT), o Mário Trindade (PMDB), o Edison Oliveira (PDT), Chiquinho Lourenço (PDT), Junaro Nascimento (PP) e o Aldimar Machado (PSDB). Os dois últimos são de partidos que integram a coligação que ganhou a Prefeitura, mas se opõem firmemente à maneira com que os assuntos municipais estão sendo conduzidas.

Então, se a decisão fosse à votação na Câmara, não seria permitida a privatização, pois a maioria absoluta defende a renovação com a CORSAN.

Só que, na legislatura passada, fizeram uma lei que dá ao Prefeito o poder de decidir por decreto. E agora, os vereadores dizem não poder substituir essa lei, porque a iniciativa desse tipo de projeto é do Executivo. Então, o Prefeito, que se elegeu por acaso, tem legitimidade para decidir sozinho um asunto de tamanha importância.

Para piorar o caso, o Prefeito não é muito amigo de licitações bem feitas. É réu em dois processos na 4ª Câmara do Tribunal de Justiça, em ambos por licitações problemáticas.

E recentemente, o Poder Judiciário suspendeu uma licitação para recolhimento de lixo, por ter sido comprovado que as cláusulas beneficiavam um, e excluíam outros concorrentes. No caso, era uma exigência de, apenas para poder concorrer, provar já ter a de propriedade de caminhão compactador do ano 2008 ou mais novo, o que somente uma das proponentes tinha.

É bem plausível desconfiar, portanto, que a situação de Uruguaiana, em que a licitação foi direcionada para favorecer a Odebrecht, possa ter um replay por aqui.

Pois o Comitê tem feito tudo o que pode para levar o debate à comunidade. Foi obtido importante espaço na imprensa escrita, nas edições de sábado do Jornal Missioneiro e Jornal A Notícia. Eu acredito que a mudança no quadro depende fundamentalmente da cobertura da imprensa.

Recebi uma oferta para publicar um texto sobre isso no portal do CPERGS, o que pretendo fazer ainda esta semana. O Centro de Professores do Estado é, provavelmente, a principal entidade de classe do Rio Grande do Sul, tanto em número de filiados como referência de luta, como por exemplo, liderando agora as manifestações pelo impeachment da desgovernadora do Estado. É um apoio de peso.

Barrar a privatização é importantíssimo. É o principal tema local na atualidade, pois uma decisão errada irá ter consquências para sempre.

Não se pode deixar que a Odebrecht, ou qualquer outra empresa privada finque essa ponta-de-lança no aquífero guarani. Ainda mais aqui em São Luiz, onde nasceu Sepé Tiarajú.

Precisamos de apoio da blogosfera. O leitor que é de São Luiz Gonzaga deve informar-se sobre os fatos, e certamente engrossará o movimento. Quem é de fora, peço que chamem a atenção de eventuais amigos de comunidades, como Orkut, por exemplo, para difundir o que está acontecendo.

Vejo uma firme disposição de todos, no Comitê, de queimar até o último cartucho nessa luta, como a rãzinha da ilustração.

Não podemo se entregar pros homem ... mas de jeito nenhum, amigo e companheiro!

sábado, 12 de setembro de 2009

A prova do crime


Conforme a legislação federal, há três formas da Prefeitura realizar o abastecimento de água e saneamento básico, que obrigatoriamente têm que ser realizados pela mesma empresa ou autarquia.

Diretamente, pela municipalização, possibilidade que São Luiz Gonzaga descartou.

Mediante gestão compartilhada com uma empresa estatal, como a CORSAN, que é a proposta do Comitê Municipal em Defesa da Água. Essa opção permite a dispensa de licitação, e foi feita em termos muito vantajosos pelo Município vizinho de Santa Rosa, cujo contrato pode ser visto no link colocado na postagem anterior.

E privatizando, o que é feito através de licitação para concessão de serviço público.

O que está escrito no Edital acima?

Está escrito que é para CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO.

E o Edital está assinado por quem?

Pelo Prefeito Vicente Diel. A mesma pessoa que esta semana foi à imprensa dizer que os membros do Comitê são mentirosos.

Somos mentirosos, ele disse ... porque afirmamos que ele quer privatizar o serviço ...

Bom ... taí o Edital. A prova do crime.

Qualquer hora dessas eu me irrito, e vou dar nome aos bois. Aos bois, aos burros, e aos gatos.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Foi decidida a privatização da água

É duro nadar de ponche, e mergulhar de guarda-sol, já dizia o gaúcho daquela piada. Não dá para entender como coisas tão claras demoram tanto a ser percebidas.

Tenho afirmado há tempos que, se valer a intenção do Prefeito, os serviços de água e saneamento básico em São Luiz Gonzaga serão privatizados.

Mas o Prefeito e sua turma não assumem isso. Ficam fazendo um engana-trouxa, um jogo-de-cena, um visita-o-Marco Alba-e-janta-com-a-Yeda, um dá-entrevista-e-enrola-mais-um-pouco. Enquanto isso, o tempo vai passando, e a privataria vai se consolidando.

Por exemplo, alguns dias atrás representantes do Executivo ocuparam espaço na imprensa, para divulgar a informação, inverídica, de que o Prefeito estaria obrigado a fazer licitação para esses serviços.

Postamos neste blog argumentos desmentindo essa obrigatoriedade. Os mesmos argumentos que os integrantes do Comitê em Defesa da Água Pública tem apresentado nas reuniões, nos bairros da cidade.


Não existe essa obrigatoriedade de licitar. Se houver contratação em regime de gestão compartilhada, com ente público estatal, ela pode ser feita com dispensa de licitação. Como prova disso, citamos o vantajoso contrato firmado entre a Prefeitura de Santa Rosa e a CORSAN, que pode ser consultado na íntegra aqui.

Pois, no sábado, a Prefeitura fez publicar na imprensa um edital chamando para Audiência Pública, na qual será apresentado o Plano de Saneamento Básico, e o Edital da Licitação para Concessão dos serviços de água e saneamento.

Só para recordar, há três maneiras de se fazer o saneamento básico, segundo a legislação federal.

1 - Diretamente, municipalizando o serviço, com a criação de uma autarquia, o que foi descartado, por aqui.

2 - Mediante convênio com um órgão estatal, no caso a CORSAN, através do regime de gestão compartilhada, o que dispensa licitação.

3 - Privatizando o serviço, mediante contrato de concessão de serviço público, que exige licitação.

Então, se o Edital que será apresentado é para Concessão, o Prefeito decidiu, sim, privatizar.

Aliás, na semana passada, uma licitação desse tipo, para concessão dos serviços de água e saneamento em Uruguaiana, cujo Prefeito é do mesmo partido do nosso "Alcaide", foi suspensa pelo Tribunal de Contas. A suspensão foi devido a indícios de exigências que excluiam a possibilidade de qualquer participante ganhar, exceto a Odebrecht.

Seria tão mais correto que o Prefeito e seus parceiros simplesmente falassem a verdade, que querem privatizar, e por qual motivo entendem ser essa a melhor decisão.

Dai sentaríamos, apresentaríamos os argumentos contrários, e a população escolheria o melhor modelo para nosso Município.

Mas a Prefeitura não quer esclarecer, quer mais é confundir.

Por isso, é preciso se informar, entender o que acontece, convocar a população, e lotar o plenário da tal Audiência Pública. Pode ser que lá, ficando claro que não aceitamos a privatização, se reverta esse teatro que se encaminha para um final trágico.

Fora da mobilização popular, não vejo como barrar a privatização.

Segundo o Pai Arnóbio, se houver privatização, depois de uns dois ou três anos, a empresa vencedora passará a fazer caridade.

Um dinheirinho para a APAE, outro tanto para a Expo São Luiz. Uns trocados para o CEDEDICA, uma esmolinha para o Asilo. E também, claro, doações para determinadas campanhas eleitorais.

Daí, conforme nosso guru, quando todo mundo estiver desatento, virá o anúncio da usina de água mineral para exportação.

E a água do aquífero guarani irá parar na Europa, cada litro vendido mais caro que gasolina.


quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Dois urubus

De uns três meses para cá tenho notado que há sempre dois urubus sobrevoando o Centro da cidade. Como já os vi várias vezes pousados, naquela carcaça de prédio inacabado que fica ao lado da antiga CRT, na Avenida, acho que moram por ali.

Um final de semana desses estava tomando mate na praça, e vi mais de perto. Um estava no telhado do Clube Harmonia, e outro caminhava dali para cima do Cine Lux. Ia e Voltava.

Deve ser um casal. Ou irmãos. Ou apenas bons amigos ... amigas ... sei lá, não entendo de pássaros.

Mas sei que são urubus, daqueles que a gente vê na televisão quando filmam os lixões. Acho que eles se mudaram para o Centro da cidade devido ao incêndio no depósito de lixo.

Até dei nomes pros bichinhos. Chamo um de Odd, e o outro de Brecht. Odd é uma lembrança do antigo sabão em pó, e Brecht, homenagem ao poeta alemão.

É a dupla Odd e Brecht que plana sobre a cidade.

Falando mais ou menos nisso, em quem anda pairando sobre a cidade, andei pesquisando no Google,e fiquei impactado com o tamanhão das Organizações Odebrecht. São trocentas empresas. A principal, Odebrecht S.A. é “a empresa que representa e consolida a organização”, segundo o site, que pode ser visitado aqui.

Tem também a Construtora Norberto Odebrecht, a Braskem, ETH Bioenergia, Odebrecht Óleo & Gás, Odebrecht Engenharia Ambiental, Odebrecht Realizações Imobiliárias, Odebrecht Investimentos em Infraestrutura, Odebrecht Administradora e Corretora de Seguros, Odebrecht Previdência e a Fundação Odebrecht, esta última com nobres finalidades sociais.

Além dessas empresas, há muitas outras, como as criadas para atuar no exterior, onde é “uma das cinco principais construtoras de barragens no exterior, com obras em mais de 40 países”, como se pode ver aqui.

É até chato buscar informações sobre o grupo, pois parece que não termina nunca. É um negócio abrindo mercado para outro. Está aqui, está ali, está em todo o lugar. No Sudeste, no Sul, no Nordeste, no Norte. No Brasil, em Angola, Portugal, México, Estados Unidos ... se bobear tem na Lua também.

Aliás, pelo que vi, o grupo está cheio de obras do PAC, e de planos para o Minha Casa Minha Vida. E talvez seja o tamanho da empresa que deixe tão eufóricos os privatistas locais.

Pois no dia 18.08.2009 a empresa lançou sua “nova marca” na área de Engenharia Ambiental: a Foz do Brasil, responsável por “gerir os ativos na área de saneamento urbano e tratamento de resíduos industriais”. A nova empresa já nasceu gigante, atendendo, no setor de água e esgoto, “mais de 3 milhões de pessoas em 19 municípios de São Paulo, Espírito Santo, Bahia e Rio de Janeiro”. Ver aqui.

Essa será a empresa, segundo vaticinou o Pai Arnóbio, que supostamente ganhará a licitação para saneamento básico em São Luiz Gonzaga.

Mas por que será que uma empresa tão grande deseja tanto o saneamento básico de uma cidade tão pequena como São Luiz Gonzaga, de apenas 35 mil habitantes?

A resposta está sob nossos pés: o centro do Aquífero Guarani, na sua parte mais próxima da superfície.



São Luiz Gonzaga fica um pouco acima da bolinha mais baixa (com folhinhas dentro), na figura. Bem onde a cor azul é mais clara. Bem onde o aquífero fica a cerca de 200m da superfície.

Dizem que os urubus têm vida longa, e fazem planos a longo prazo. Odd e Brecht planam sobre a cidade porque gostam de água mineral.

domingo, 6 de setembro de 2009

Pai Arnóbio prevê vencedor de licitação

Nosso Prefeito andou fazendo um mise-en-scéne em Porto Alegre, reunindo com o Secretário Estadual da Habitação, Marco Alba, em cuja pasta subordina-se a CORSAN.

Mise-en-scene, em bom português, é o famoso engana-trouxa.

Abre Parêntese. Marco Alba é gente finíssima, com bons amigos na cidade, pelo que se lê. E é também um dos investigados na Operação Solidária da Polícia federal, que apura suspeita de participação dele, junto com Eliseu Padilha, José Otávio Germano & outros, em fraudes na compra de merenda escolar, e irregularidades em licitação de obras de saneamento. Você, que não soube disso na imprensa local, pode comprovar digitando o nome dele no Google, ou simplesmente visitando, aqui, o
Clic RBS ou o site do Ministério Público Estadual. Fecha parêntese.

Pois o Secretário Marco Alba ficou de mandar estudarem o Plano de Saneamento de São Luis Gonzaga, para que a CORSAN se manifeste em trinta dias. Acredito que a CORSAN se manifeste dizendo que não tem dinheiro ou interesse em disputar a licitaçao. E que nem proponha fazer o mesmo tipo de contrato de gestão compartilhada (que não depende de licitação) feito com a Prefeitura de Santa Rosa.

Tomara que não. Nunca desejei tanto estar errado.

Mas contra isso há uma previsão do Pai Arnóbio. A meu pedido, ele jogou búzios, tarot e bilhar, e disse que se houver licitação a vendedora deverá ser uma empresa de nome Foz do Brasil.

Depois eu espicho esse assunto. Despacito ...


Assalto em Dom Pedrito

O fato que narro a seguir aconteceu (?) em Dom Pedrito, conforme me contou o Luiz Carlos Cáceres, por e-mail:

Um ladrão mal encarado entra num banco em Dom Pedrito, com um revólver na mão, e exige que o caixa lhe passe a grana. O caixa, se borrando todo, entrega o dinheiro.
Na saída o ladrão olha para um cliente e pergunta:
- Se tu é macho me responde ... tu me viu roubá esse banco?
- Sou macho sim, e vi !!!
O ladrão atira nele sem piedade. Logo em seguida volta-se para outro cliente, que está de bombacha, parado ao lado de uma senhora e faz a mesma pergunta:
- E tu, tu me viu roubá esse banco?
- Mas ... báh, tchê... eu tava meio distraído, mas a minha sogra aqui viu, sim ...

sábado, 5 de setembro de 2009

Tem maranduvá querendo virar borboleta

Esses dias de calorão pré-primaveril assanharam a bicharada. Tem maranduvá querendo virar borboleta ...

Essa palavra, Borboleta, me lembra sempre o Pappilon.

Pappilon, para os mais novos, é um filme que fez sucesso no final dos anos 1970, com o Steve Mac Queen fazendo o papel de um prisioneiro da Ilha do Diabo, uma espécie de fortaleza-presídio que a França mantinha no seu domínio colonial da América do Sul, a Guiana Francesa.

O filme é baseado em um livro de mesmo título, best-seller, sobre a história de Henri Charriére, criminoso parisiense que foi condenado à prisão perpétua nesse exílio.

Mas Papillon não aceitava essa situação, e ficava o tempo todo tentando fugir. Às vezes conseguia, temporariamente, mas em todas as vezes foi recapturado.

Numa dessas tentativas, chegou até o Continente e viveu um tempo com os índios. Noutra, se escondeu em um leprosário. Não sei se chegou a ficar algum tempo em Canela ... acho que é meio longe.

Sempre recapturado, ele não se conformava. O livro não conta qual seu crime, mas deve ter sido uma grande injustiça.

Acho que não havia provas, ou eram fatos requentados, seí lá ...

Mas o legal é o apelido. A Borboleta! Que bela alcunha ...


quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Nada de novo sob o sol


Não soube de nada acerca da reunião do Prefeito com o Secretário Alba. Não ouvi nenhuma notícia no noticiário local, apesar de terem ido cinco vereadores junto com o Prefeito, e haver um enviado da Rádio Missioneira na comitiva.

Acho que não devemos ter boas expectativas. Afinal, de onde menos de espera, daí que não vem nada, mesmo.

Consta no noticiário que o Prefeito insistirá para ser recebido pessoalmente pela Governadora, a fim de convidá-la a vir a São Luiz Gonzaga, na Expo-Feira, para anunciar uma "Agenda Positiva" para nossa cidade.

Acho que não vai conseguir, pois a agenda dela é muito apertada. O CPERGS e a UGEIRM, por exemplo, tentaram ser recebidos várias vezes nos últimos três anos, com agendamento antecipado, mas apesar da boa vontade da Governadora, nunca conseguiram um espaço, entre tantos compromissos.

De qualquer forma, parece estar confirmado que ele vai jantar com a Yeda e outros prefeitos tucanos na Expointer. Os nossos vereadores e o representante da imprensa, ainda que não tucanos, certamente acompanharão o "Alcaide".

As imagens das duas postagens anteriores são representativas da luta contra a privatização da água, pelo mundo. A de primeira é da Itália, a segunda da Argentina. As de hoje são de Portugal.

Alguém ainda duvida que os lugares que privatizaram a água e esgoto se arrependeram amargamente?

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Não deixem vender o aquífero guarani

Amanhã (02.09.2009) nosso Prefeito Municipal estará em Porto Alegre, com um séquito de acompanhantes, para entregar ao Presidente da CORSAN o Plano Municipal de Saneamento Básico (parece que o nome é esse).

Espero estar enganado, mas acho que é jogada ensaiada com a turma do Marcos Alba, para que a CORSAN se manifeste dizendo que "não tem interesse" ou "não tem dinheiro para investir", e assim deixar pista livre para a Odebrecht.

As pessoas não estão se dando conta do perigo, inclusive muitos ditos formadores de opinião. Não há assunto mais importante na cidade - nem a vinda da Norobios, nem a Expo São Luiz, nem a "epidemia" de crack - do que a pretensão de privatizar o aquífero guarani.

Se esse povo conseguir privatizar, logo adiante vai haver choro e ranger de dentes. E quem se omitiu agora não vai ter direito de reclamar.

Não acredito que Deus, ou a natureza, como quiserem, tivesse ficado centenas de milhares de anos filtrando água para nosso subsolo, para que no futuro uns poucos se dessem bem, com a sua venda. Não era esse o plano, com certeza.

Essa água é uma reserva importantíssima da humanidade, e pertence aos povos que aqui habitam, devendo ser utilizada com critérios e distribuiída com justiça. E a iniciativa privada não se preocupa em ser criteriosa, nem justa, mas apenas em lucrar.


Eu não sou nada além de um cidadão, mas não vou deixar na história da minha vida a marca da omissão, nesse momento tão crucial.

Para que todos saibam como funciona a iniciativa privada no fornecimento de água, reproduzo adiante um post do
Blog Partisan, de 26 de julho de 2009, que conta como funciona o fornecimento de água em Córdoba, na Argentina, que foi privatizado pelo Menem.

População ao sul de Córdoba denuncia distribuição de água envenenada.


A Coordenação Córdoba em Defesa da Água e da Vida (CCODAV) apresentou uma denúncia penal na semana passada contra a empresa Águas de Córdoba, acusada de distribuir água envenenada com agrotóxico ao sul de Córdoba, cidade argentina.

Responsável pela "venda de água em bloco", a empresa teria causado dano a cerca de 400 mil cordobeses da zona ao sul do Rio Suquía, que consomem água proveniente da Planta Potável os Moinhos. A denúncia foi apresentada ao promotor do Distrito 2, Pedro Caballero.

A entidade afirma que a água consumida pela população do sul de Córdoba é proveniente de um canal a céu aberto, "Os Moinhos Córdoba", que, em seu percurso de 64 quilômetros, atravessa milhares de hectares de cultivos de soja transgênica, recebe dilúvios de agrotóxico em suas águas.

Segundo a CCODAV, a contaminação é conseqüência das fumigações com aviões, maquinaria ou a mão, parte do "insustentável e perigoso pacote tecnológico" que acompanha essa indústria de agronegócios destinados à exportação. A entidade denuncia que as águas estão sendo afetadas pelo uso, em plantações próximas, por tóxicos como o Glifosatos, 2.4d, Endosulfan, entre outros inseticidas ou agroquímicos.

A denúncia foi dirigida contra a empresa Águas Cordobesas (Concessionária monopólica da "venda de água em bloco" desde 1997), ao governo do estado de Córdoba e à prefeitura da capital, por falta de controle e informação à população.

Os denunciantes entendem que a Águas Cordobesas, o executivo estadual e municipal poderiam estar incorrendo em delitos previstos no Capítulo IV do Código Penal Argentino e delitos contra a saúde pública ("... envenenar ou adulterar águas potáveis..."), violando por mais de 11 anos os artigos 201, 202 e 203, que prevêem até prisão para os responsáveis.

As informações da Agência de Informação Frei Tito para a América Latina (www.adital.com.br).

Isso é o que acontece quando a sociedade perde o controle de serviços públicos essenciais, entregues a simples lógica do lucro pelas privatizações.