quarta-feira, 28 de julho de 2010

Hoje é dia de torcer pro Inter

Comecei a Copa do Mundo com a decisão de torcer para algum time africano.
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No primeiro jogo do Brasil, no entanto, meu superego vacilou, e quando percebi estava torcendo pelo time canarinho, mesmo com a intuição (ver aqui) de que o Dunga iria fazer uma fiasqueira.

O segundo jogo, contra a Costa do Marfim, eu não assisti. Para meu azar, estava no Plantão Regional, e deu um flagrante em Porto Xavier, no dia do jogo. Passamos a tarde inteira enfiados na Delegacia, trabalhando, só ouvindo uns foguetes de vez em quando.
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Sobre o flagrante, foi uma situação daquelas em que a gente às vezes até desanima. Mesmo com toda a divulgação do Estatuto do Desarmamento, tem gente que não aprende, e arruma um broncão por uma bobagem.
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O desse dia foi um exemplo clássico: dois caçadores, cada qual com uma espingarda, presos em flagrante, pela Brigada. Não tinham abatido nenhum animal, mas sobrou o porte ilegal de arma de fogo, para os dois. Crime inafiançável.
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Resumindo, como sempre, o resultado da babaquice dos presos, para nós, foram seis horas de trabalho, mais uma viagem de 80km, ida e volta. E aquele comunica-imediatamente-o-Juiz, informa-o-Promotor, informa-os-familiares (providências, aliás, muito adequadas, para coibir prisões ilegais).
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E leva os presos para fazer laudo (esses a Brigada já tinha levado). E campereia até achar um advogado que acompanhe o Auto, de graça, em pleno horário de jogo da seleção ...
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Depois, a produção de umas quarenta folhas de papelada, em quatro vias, com com os depoimento do autor da prisão (condutor), duas testemunhas e dois presos, tudo elaborado em uma impressora péssima.

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Como prêmio, a decisão do Juiz, que homologa o flagrante, mas solta os dois autuados, antes mesmo que os entregássemos no Presídio.
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Nada de novo, sob o sol. Desculpem o desabafo. Não hay que reclamar. Assim funcionam as coisas, e para isso é que nos pagam.

Retornando ao assunto, disseram que o Brasil arrebentou nesse, jogo então me motivei e comecei a torcer de verdade para a Seleção, embora soubesse que tinha tudo para dar errado. Mas foi só eu pegar minha bandeirinha, que aí é que tudo foi à breca mesmo. Às vezes, até eu mesmo acho que faço jus à fama de pé-frio.

Mas além do Brasil, torci para outras seleções, na Copa. Gostei muito de Gana, e torci a seu favor. Pena que perdeu.

Depois, passei a torcer também pela Alemanha. Pena que perdeu.

Torci muito, também, pelo Uruguai. Pena que perdeu.

Na final, torci muito para a Holanda, pois achava que ganhando o título vingaria aquela injustiça de 1974. Quem vivia naquele época lembra bem ... uma pena que perdeu.

Não sei por que, mas para a Espanha nunca torci.
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No final da Copa, estava me sentido o próprio Zé Jagger.
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Bueno, no retorno do futebol brasileiro, como bom gremista, tenho torcido à distância, sem assistir nem escutar, porque do jeito que esse time está, não é bom ter alguém supostamente azarado torcendo mais de perto. Na hora dos jogos, fico longe até do rádio, mesmo que esteja desligado.
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Abre um pequeno parênteses: isso não têm adiantado muito. Fecha, rápido, para mudar de assunto.
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Mas hoje estou resolvido. Vou acabar com essa fama, injusta, de pé-frio.
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Cumprindo minha obrigação de gaúcho, de noite vou assistir o jogo torcendo, aberta e confessadamente, para o Sport Club Internacional.
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Acredito sinceramente que a minha torcida pode ajudar o Colorado a ir adiante na Libertadores.
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Mas se eles perderem ... bom, daí ... vai ser uma pena.
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sábado, 24 de julho de 2010

Liberdade

Não ficarei tão só no campo da arte,

e, ânimo firme, sobranceiro e forte,

tudo farei por ti para exaltar-te,

serenamente, alheio à própria sorte.


Para que eu possa um dia contemplar-te

dominadora, em férvido transporte,

direi que és bela e pura em toda parte,

por maior risco em que essa audácia importe.


Queira-te eu tanto, e de tal modo em suma,

que não exista força humana alguma

que esta paixão embriagadora dome.


E que eu por ti, se torturado for,

possa feliz, indiferente à dor,

morrer sorrindo a murmurar teu nome.


Carlos Marighella


O Brasil, de Getúlio a Lula


O site Carta Maior está postando hoje o primeiro texto do livro "Brasil, entre o Passado e o Futuro", organizado por Emir Sader e Marco Aurélio Garcia, publicado pelas Editoras Boitempo e Perseu Abramo.

Eu ainda não tive acesso ao livro, e talvez, mesmo que tivesse, não teria conseguido fazer a sua leitura, pois ando bem enrolado com outras coisas. Mas considero ser uma leitura fundamental, para todos aqueles que militam. Assim, fiquei muito feliz de ter acesso pelo menos a essa primeira parte.

Tenho percebido – e talvez não seja somente eu - uma diferença entre a militância da minha geração, lá dos meados da década de oitenta, para a turma que é encontrada atualmente nas sedes partidárias ou sindicais. Antigamente, estudávamos bastante. Líamos muito, e conversávamos sobre a conjuntura o tempo todo. Assim, todo mundo tinha uma boa contribuição intelectual a apresentar.

Hoje, estranho que os partidos se dediquem mais às tarefas, às bandeiradas, caminhadas e panfleteadas, (a tal de “mobilização”), do que à formação da militância, à sua preparação para o debate.

Talvez isso influencie, até, na nítida escassez de militância jovem, aquela de dezesseis a vinte e poucos anos, com a tesão radicalizar, que é indispensável nos partidos de esquerda. Os jovens, em qualquer época, não querem ser apenas tarefeiros, querem opinar, e quando não há espaço para isso, desaparecem.

E sou pessimista. Acho que não vamos longe, nesse caminho. Ao nos afunilarmos no tarefismo acrítico, vamos envelhecendo, nos burocratizando, e parecendo cada vez mais com os partidos ditos “tradicionais”, cuja militância é apenas mão-de-obra gratuita em época eleitoral.

Então, quando aparece um livro desses, que faz um olhar sobre a história do Brasil, desde Getúlio até Lula, acho que tenho obrigação de estudá-lo, e me apresso em compartilhar.

Este primeiro texto tem dez páginas, se for impresso, o que não é muito. Vale a pena imprimir, e depois ler, despacito e sem stress.

Reproduzo adiante os primeiros e os últimos parágrafos do texto, recomendando a indispensável visita ao Carta Maior, aqui, e a sua leitura integral.

(...)

“O Brasil vive um momento diferenciado da sua história política. Uma história que completará em 2010 suas oito décadas mais importantes até aqui.

Desde então, há elementos de continuidade e de ruptura, pelas imensas transformações que o Brasil viveu desde então. Oito décadas em que o país mudou sua fisionomia econômica, social, política e cultural, de forma profunda e irreversível. De país rural se tornou pais urbano, de pais agrícola, país industrializado, de um Estado restrito às elites a um Estado nacional. De país voltado para fora, para um país voltado sobre si mesmo.

De Getúlio a Lula transcorreram décadas fundamentais, com elementos progressivos e regressivos, contraditórios, que chegam até o começo do século XXI vivendo uma circunstância nova, que pode se fechar, como um marcante parênteses ou como ponte para a ruptura definitiva do modelo herdado e a continuidade em um novo patamar da construção de um país justo, democrático, soberano.

A ruptura mais importante, até aqui, da nossa história se deu em 1930. Até ali, grandes pactos de elite bloquearam a possibilidade de protagonismo do povo na história do país. A independência, ao contrário dos outros países do continente – com a exceção de Cuba e de Porto Rico -, não se deu pela expulsão dos colonizadores, mas pela primeira expressão do transformismo – no sentido que lhe deu Gramsci – na história brasileira.

Ao invés de república, passamos da colônia à monarquia, fomos o país que mais tarde terminou com a escravidão, enquanto se consolidou o domínio do latifúndio no campo. Um pacto de elite que perpetuou os laços com a metrópole colonial, prolongou a escravidão e perpetuou a concentração da propriedade rural.”

(...)

“O futuro do Brasil e do povo brasileiro dependem hoje de se o governo Lula será um parêntesis na dominação das elites tradicionais – as mesmas que produziram o país como o mais injusto e desigual do mundo – ou se o governo Lula é uma ponte para abrir caminho para a saída do modelo neoliberal e o inicio da construção de um país democrático econômica, social, política e culturalmente, soberano e solidário, um país para todos – na continuidade da luta que nos conduziu de Getúlio a Lula.

O Brasil mudou e mudou para melhor, mas nem por isso o governo Lula pôde resolver os principais problemas herdados. Pelo menos o governo colocou os problemas fundamentais a resolver: a hegemonia do capital financeiro, o modelo agrícola e a ditadura da mídia privada.

Nas eleições de 2010 se decide não apenas o futuro imediato do Brasil, mas a fisionomia que terá a sociedade brasileira em toda a primeira metade do século. Se haverá um retorno das elites tradicionais, responsáveis pelo Brasil ser o país mais desigual do continente mais desigual, ou se dará continuidade e a aprofundará as transformações que levem à construção de um Brasil para todos – democrático, diverso, solidário e soberano.”
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quinta-feira, 22 de julho de 2010

A bola nas costas do Índio da Costa


Aparentemente inebriado pela fama repentina, o aprendiz de feiticeiro (ou aprendiz de Demo?), Índio da Costa, acabou por arranjar um prejuízo que a campanha presidencial da direita não precisava, numa hora destas. A Dilma ganhou na Justiça Eleitoral o direito de publicar, no site do PSDB, uma resposta sobre as calúnias que o rapaz andou falando, sobre ligações entre o PT e o narcotráfico.

A nota da campanha petista vai ficar postada por dez dias no site tucano, o que, se por um lado não terá grandes influências junto ao eleitorado (acredito que aqueles que acessam o tal site devem ser tucanos ou demos, e não trocarão de candidato apenas por isso), por outro lado é um baita dum mico.

Veja a notícia completa aqui, no Amigos do Presidente Lula.

A charge é de Pelicano, e eu pesquei no Vermelho.
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segunda-feira, 19 de julho de 2010

Vai cair ainda mais?

Rapaz, passei por dois colorados hoje, no corredor da Delegacia. O papo deles era o seguinte: "vai cair de novo", "é, na quarta-feira vai cair ainda mais".

Saí imediatamente na defensiva: "não, não, não cai de jeito nenhum ... quarta-feira, o Grêmio já começa a ganhar de novo ... o Vasco é freguês antigo ...".

Só que os dois não estavam falando do Grêmio, e sim da temperatura, que anda cruel por aqui. Tá muito frio, e não pára de chover. Tamo tudo virando sapo. E sapo congelado.

Deve ter sido o tal de ato falho. Dei um baita dum fiasco, e pior, um belo pretexto para os colorados se deitarem para valer.

Anda uma merda esse time. E dizer que ficaram todo o tempo da Copa só treinando. Bem dizem que, se treino é para aperfeiçoar, quem é ruim fica pior ainda.

Por aí dá para ver o estado nervos que nós, gremistas, andamos. Eu não me animo a escutar jogo, de novo, antes do time ganhar uns dois ou três seguidos. Só que, no ritmo que a coisa anda, talvez fique sem escutar jogos do Grêmio pelo resto do ano.

Se não, sei não ... parece mais fácil um camelo passar pelo buraco da agulha, do que o Silas ajeitar esse time.
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terça-feira, 13 de julho de 2010

A esquerda ganha quando se une

A esquerda ganha quando soma, une

Fidel foi sempre quem mais bateu nessa tecla. Contra os dogmatismos, os sectarismos, os isolacionismos, ele sempre reiterou que “a arte da política é a arte de unificar”, que a esquerda triunfou quando soube ganhar setores mais amplos, quando unificou, quando soube desenvolver políticas de alianças.

Foi assim que os bolcheviques se tornaram maioria, ao apelar aos camponeses para que tomassem as terras, realizando seu sonho secular de terra própria, mesmo se isso parecia estar em contradição com os interesses do proletariado urbano, que se propunha a socializar os meios de produção.

Foi assim na China, com a aliança com setores do empresariado nacional, para expulsar o invasor japonês e realizar a revolução agrária. Foi assim em Cuba, quando Fidel soube unificar a todas as forças antibatistianas para derrubar a ditadura. Foi assim na Nicarágua, com a frente antisomozista organizada pelo sandinismo.

Como se trata de políticas de alianças,é preciso perguntar-nos sobre os limites dessas alianças e como se conquista hegemonia nessas alianças.

A arte da construção da uma estratégia hegemônica está, em primeiro lugar, em organizar solidamente as forças próprias, aquelas interessadas profundamente no projeto de transformações da sociedade. No nosso caso, de superação do neoliberalismo e de construção de uma sociedade justa, solidária, democrática e soberana.

O segundo passo é o de construir alianças com forças próximas, no nosso caso, com setores médios da sociedade, que tem diferenças com a grande massa popular, mas que podem somar-se ao novo bloco hegemônico, conforme as plataformas que se consiga elaborar.

Organizadas as forças próprias, somadas as aliadas, se trata de neutralizar as forças que não se somariam ao nosso campo, buscando isolar ao máximo as forças adversárias. Essa a arquitetura que pode permitir a vitória da esquerda, a organização do campo popular e a constituição de um novo bloco de forças no poder.

O sectarismo, o dogmatismo são caminhos de derrota segura. Afincar-se nos princípios, sem enfrentar os obstáculos para construir uma força vitoriosa, é ficar de bem consigo mesmo – “não trair os princípios”, defender a teoria contra a realidade -, centrar a ação na luta ideológica e não nas necessidades de construção política de uma alternativa vitoriosa. O isolamento e a derrota dessas vias no Brasil é a confirmação dessa tese.

Em uma aliança se perde a hegemonia quando se cede o essencial ao aliado, na verdade um inimigo a que se converte quem concede. FHC aliou-se ao então PFL, não para impor o programa do seu partido, mas para realizar o programa da direita – o neoliberal. Nessa aliança se impôs a hegemonia neoliberal. Uma força que se pretendia social democrata realizou um programa originalmente contraposto à sua natureza.

Lula fez uma aliança ampla – não apenas com o PMDB e outros partidos -, mas também com o capital financeiro, mediante a Carta aos brasileiros, o Meirelles no Banco Central e a manutenção do ajuste fiscal e do superávit fiscal, conforme as orientações levadas a cabo por Palocci. Neutralizou forças adversárias, que ameaçavam desestabilizar a economia, mediante ataque especulativo que já havia dobrado o valor do dólar durante a campanha eleitoral.

Ao longo do tempo, com as transformações operadas no governo, a hegemonia do projeto original do Lula foi se impondo. O tema do desenvolvimento passou a ser central, com um modelo intrinsecamente vinculado à distribuição de renda, ao mesmo tempo que a reinserção internacional se consolidou, privilegiando alianças com os governos progressistas da América Latina e com as principais forças do Sul do mundo. O Estado, por sua vez, voltou a ter um papel de indutor do desenvolvimento e de garantia das extensão das políticas sociais.

Os aliados políticos e econômicos continuaram a ter força e a ocupar espaços dentro do governo. A maioria parlamentar do PMDB ficou representada na política do agro negócio, os interesses do setor privado de comunicações, assim como os das FFAA – em três ministérios importantes no governo. Da mesma formal, a centralidade do capital financeiro no neoliberalismo garantiu uma independência de fato do Banco Central.

Esses espaços enfraqueceram a hegemonia do projeto original, mas permitiram sua imposição no essencial. O agronegócio teve contrapontos no Ministério de Desenvolvimento Agrário, a política de comunicações em iniciativas como a TV Brasil e a Conferencia Nacional de Comunicações, as FFAA no Plano Nacional dos Direitos Humanos, o Banco Central em ações indutoras sobre a taxa de juros e no papel determinante que políticas com o PAC, o Minha casa, minha vida.

As fronteiras das alianças e a questão da hegemonia provocaram tensões permanentes, pelos equilíbrios instáveis que provocam essas convivências. Mas, como se sabe, sem maioria no Congresso, o governo quase caiu em 2005. A aliança com o PMDB – com as contrapartidas dos ministérios mencionados – foi o preço a pagar para a estabilidade política do governo.

Um dos problemas originários do governo Lula foi que ele triunfou depois de uma década de ofensiva contra o movimento popular, que passou a uma situação de refluxo, tendo como um dos resultados a minoria parlamentar e de governos estaduais com que o governo Lula teve que conviver, mesmo depois da reeleição de 2006.

Por isso uma das disputas mais importantes este ano é o da correlação de forças no Parlamento, para garantir para um governo Dilma uma maioria de esquerda no Congresso, com dependência menor ali e na composição do governo. Assim se disputam os limites das alianças e a hegemonia.

Diferença fundamental na política de alianças de FHC e de Lula é a questão da hegemonia, da política levada adiante. A prioridade das políticas sociais – que muda a face da sociedade brasileira –, a nova inserção internacional do Brasil, o papel do Estado e das políticas de desenvolvimento – dão o caráter do governo Lula. As alianças devem viabilizar sua centralidade. A correlação de forças das alianças está em jogo nas eleições parlamentares deste ano.

Foi um governo em permanente disputa, com duas etapas claramente delineadas (Veja-se o artigo de Nelson Barbosa no livro “Brasil, entre o passado e o futuro”, organizado pelo Marco Aurélio Garcia e por mim, publicado pela Boitempo e pela Perseu Abramo.), com o ajuste fiscal predominando na primeira, o desenvolvimento econômico e social na segunda.

A coordenação do governo realizada pela Dilma representou exatamente essa segunda fase, de que o seu governo deve ser continuação. O que não significava que as tensões apontadas não permaneçam. Mas elas podem ser enfrentadas numa correlação de forças mais favorável à esquerda e em um marco de uma nova grande derrota da direita, que abre espaço para um avanço estratégico do projeto de construção de uma sociedade justa, solidária, democrática e soberana.

*Emir Sader
Publicado em Carta Maior
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Paul, o polvo, e Lula, o "cara"


Essa eu copiei do Tomando na Cuia, que pescou em algum lugar. Não consegui ler o nome do autor, mas é muito boa.
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segunda-feira, 12 de julho de 2010

Tarso pode ganhar no primeiro turno


Interessante essa nova pesquisa do Ibope sobre a sucessão aqui no Rio Grande do Sul. Em relação à pesquisa anterior, o Tarso cresceu dois pontos percentuais, o Fogaça caiu três, e a Yeda subiu quatro.

So para lembrar, a última pesquisa do Ibope foi divulgada em 25 de junho, e apontava Tarso com 37, Fogaça com 32 e Yeda com 11. Nota-se que Tarso e Fogaça oscilaram dentro da margem de erro, de três pontos percentuais, sendo que Tarso melhorou e Fogaça piorou. E que a Yeda cresceu um ponto além da margem de erro, o que indica movimento ascendente.

Sei não, sei não ... como a Yeda cresce e o Fogaça desce, desconfio que a Dama das Pantalhas esteja roubando eleitores do campo PMDB-PDT. Nesse caso, existe a possibilidade de que cheguem embolados no dia 03 de outubro, disputando uma das vagas no segundo turno. A primeira vaga, tudo indica que já é do Tarso.

Eu sempre fui bom em palpites, costumo acertar votações e eleitos (exceto na minha própria candidatura a Prefeito em 2008), mas desta vez admito que comecei errando. É que no início do ano estava bem pessimista. Achava o quadro bastante difícil para o Tarso, e que o Fogaça iria levar até o PSB e PCdoB para o seu campo, com o PT ficando sozinho e isolado.

Mas tudo bem. Acho que minha quota de avaliações erradas já se esgotou.

Agora, estou otimista. Minha aposta é de que o Tarso seja o mais votado no primeiro turno, com no mínimo 10 pontos percentuais à frente do segundo colocado. E coloco minhas fichas na Yeda, como a adversária do segundo turno, pois a campanha do Fogaça não deslancha, e faltam só 90 dias para a eleição, o que é pouquíssimo tempo para quem não está motivado reagir e embalar.

Noventa dias parece um tempão mas é quase nada. Se o candidato cochilar, se vai a égua com a fita. E tudo indica que o Fogaça esteja meio sonolento. Será que esse cara não está doente? Depressivo, talvez. Não é normal um candidato a governador ser tão desanimado ...

Ainda nessa linha, para mim, a possibilidade de que o Fogaça vá para o segundo turno contra o Tarso tem menos condições de acontecer.

E a terceira hipótese, de que Tarso fique de fora, e a disputa seja entre Yeda e Fogaça, para mim não existe.

Mas, mesmo otimista, posso estar completamente errado, de novo, e o resultado das urnas ser ainda melhor.

Vejam bem, o Tarso está com 39 pontos, bem acima do teto petista aqui no Estado, historicamente na casa dos 30. Ou seja, está conseguindo votos fora do PT. E a tendência é crescer mais um bom pouco com a propaganda eleitoral.

Por outro lado, tudo indica que a Yeda esteja mesmo roubando votos do Fogaça, o que configura uma simples troca de preferência entre os dois candidatos, mas sem elevar o teto da direita gaúcha. Isso pode ser percebido se somarmos os percentuais de ambos em junho (Fogaça 32 + Yeda 11 = 43) e julho (Fogaça 29 + Yeda 15 = 44).

Nesse caso, se o Tarso crescer mais um pouco em cima dos indecisos e também tirar uns dois ou três pontinhos da dupla dinâmica ... ganha no primeiro turno!!!

Como dizem aqui em São Luiz, quem duvida é louco!
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domingo, 11 de julho de 2010

Segurança no Rio - Luz no fim do túnel

A política de segurança púbica no Rio de Janeiro está trilhando um caminho bastante promissor. A implantação das Unidades de Polícia Pacificadora é a principal evidência nesse sentido, sem ignorar outras boas iniciativas que estão sendo adotadas pela Secretaria estadual de Segurança Pública.

Deve-se reconhecer que a UPP significa um modelo de intervenção governamental que supera a perversa oscilação que caracterizou as políticas de controle da criminalidade no estado nas últimas décadas. Estas ora penderam para o insulamento das comunidades em relação à ação policial, ora estimularam uma guerra particular entre a polícia e os traficantes encastelados nessas mesmas comunidades.

A UPP implica a afirmação do monopólio do uso da força física pelo Estado em territórios tutelados por poderes paralelos. É a extensão de um direito elementar da cidadania, que é o direito à segurança, a comunidades historicamente carentes não apenas da presença do estado social como também do estado de direito. A UPP não vai acabar com o tráfico de drogas no Rio de Janeiro, porém, pode evitar que esse comércio seja realizado com base na coerção física e psicológica dos moradores das comunidades mais empobrecidas.

No que diz respeito às milícias, acredito que a UPP tende a ser uma ameaça mais concreta. E por uma razão muito simples: o principal serviço prestado pelas milícias é a manutenção da ordem nas respectivas comunidades.

Elas proliferam, portanto, num contexto social de ausência da provisão da segurança aos moradores locais por parte do Estado. À medida que a UPP é implantada em uma comunidade, a segurança adquire o caráter de bem público, tornando desnecessário o gasto com a proteção oferecida pelos milicianos. Sob tal ponto de vista, a UPP tende a se defrontar com mais obstáculos e dificuldades de implantação nas comunidades dominadas pelas milícias.

Não há como negar que um projeto com tais características enfrente percalços. Do mesmo modo que a UPP não pode ser “cantada em prosa e verso” como a solução milagrosa para todos os problemas da violência urbana, também não pode ser desqualificada pelos eventuais deslizes que manifesta em uma situação ou outra.

O projeto UPP não é perfeito como não o é nenhuma política pública.

Toda e qualquer intervenção do poder público na realidade social envolve algum grau de descompassos entre o planejado e o executado além do enfrentamento de situações não previstas inicialmente.

Esses aspectos devem se constituir em oportunidades para correção de rumos na sua implementação, que deve ser concebida como um “aprendizado em processo”, fazendo-se as adaptações necessárias à medida que se executa. Nesse sentido, é fundamental que ferramentas gerenciais de monitoramento e avaliação sejam incorporadas à gestão do projeto UPP, aprimorando-o gradualmente.

É sob essa perspectiva que interpreto a recente constituição de uma equipe técnica no âmbito da Secretaria estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, coordenada pelo competente Ricardo Henriques, que tem como tarefa principal a formulação e execução de projetos de prevenção social da violência nas comunidades já atendidas pela UPP. Inicia-se nova fase no projeto, de modo que a presença policial ostensiva e constante será complementada pela construção de um programa para integração de ações sociais e urbanas nas áreas beneficiadas pela UPP. Tal iniciativa implica a superação de uma falsa dicotomia que tem caracterizado o debate em torno das políticas de segurança pública no Brasil, opondo políticas preventivas às políticas repressivas de controle da criminalidade.

Confesso-me esperançoso com os destinos da segurança pública no Rio de Janeiro nos próximos anos. O sucesso dessa empreitada vai ser bom não apenas para os cariocas e fluminenses, mas para o Brasil como um todo.

LUIS FLAVIO SAPORI
* Ex-Secretário-adjunto de Segurança Pública de Minas Gerais

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Copiei o artigo acima do Blog do Saraiva, que pode ser visitado com um clique aqui.

Reiteiro opinioes anteriores, de que se as Unidades de Polícia Pacificadora estão dando certo no Rio, que estava completamente perdido em termos de segurança pública, muito mais resultado produzirão ao serem implementado aqui no Rio Grande do Sul, o que só não é feito atualmente por implicância política do Governo Yeda.

E só para não deixar passar, lembro que as UPP são política do Governo do Rio de Janeiro, em estreita colaboração com o Governo Fedeal, do Lula, da Dilma, e especialmente do Tarso Genro, enquanto era Ministro da Justiça.
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sábado, 3 de julho de 2010

O vice do Serra


Finalmente o José Serra encontrou um vice. É o Deputado carioca Índio da Costa, um ilustre desconhecido, provavelmente integrante do dito "baixo clero", o terceiro escalão do Congresso Nacional.

Do pouco que veio à tona sobre quem seja o tal índio Índio, me chamou a atenção de que é (ou foi) casado com uma filha do Salvatore Cacciola, aquele 171 que quebrou o Banco Marka e fugiu para Mônaco, obrigando a uma busca internacional até que fosse preso e devolvido ao Brasil. Atualmente, Cacciola cumpre pena, por crimes de colarinho branco, no Presidio de Segurança Máxima Bangu 8, no Rio de Janeiro. Familia distinta, pelo que se vê.

O parentesco foi noticiado em dezenas de endereços na Internet, tão logo anunciaram a figura como candidato a Vice-Presidente como se pode verificar aqui.

Além disso, quando era Secretário Municipal de Administração do Rio de Janeiro, o cara foi indiciado por uma Vereadora do PSDB , a qual relatou uma CPI sobre corrupção na compra de merenda escolar. A Vereadora tucana, ao saber que Índio é o vice de Serra, disse que vai licenciar-se do mandato e viajar, certamente para não passar o vexame de fazer campanha para esse tipo. A notícia saiu em tanto lugar, que também recomendo conferir aqui.

Por isso tudo, dá para ver que, ao contrário da charge genial de Frank, que copiei e colei do Tudo em Cima, de tonto esse índio não tem nada.

Ah, antes que eu esqueça. O sujeito foi Vereador no Rio, e apresentou um projeto que vale ser mencionado: uma lei que proíbe a esmola na Cidade Maravilhosa. Segue o fac-símile do Projeto de Lei, para quem acha que uma coisa tão ridícula não pode ser verdade.



Para quem nunca tinha ouvido falar, como eu, já dá para ficar conhecendo um pouco do homem que a direita brasileira quer colocar como o primeiro na linha de sucessão presidencial.

Gente séria é outra coisa ...
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