sexta-feira, 3 de junho de 2011

São Luiz Gonzaga, 324 anos de história

Hoje é aniversário de São Luiz Gonzaga. A data marca 131 anos de emancipação, enquanto município brasileiro, mas na verdade já contamos com 324 anos de fundação, como cidade organizada e urbanizada.
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Em 1687, o padre jesuíta espanhol Miguel Fernandes chegou a este local, acompanhado de algumas centenas de índios provenientes de outras reduções (nome dado às cidades que reuniam os índios catequizados) da Argentina e Paraguai.
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Aqui, no topo de uma colina, onde atualmente ficam a Praça da Matriz e ruas circunvizinhas, fundaram o povoado de São Luiz Gonzaga, onde se falava espanhol e guarani, e que integrava o que futuramente foi chamado de "Sete Povos das Missões", juntamente com São Nicolau, São Borja, São João Batista, São Miguel, São Lourenço e Santo Ângelo.
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São Luiz Gonzaga foi o povoado central da dita "República Guarani", que por sua vez, era seguidamente acossada por bandeirantes paulistas, em busca de escravos, sendo os invasores derrotados definitivamente em 1641. 
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A partir desse momento, foi possível aos nossos antepassados prosperar, e construir a mais socialista de todas as comunidades religiosas universais, segundo Voltaire, que mesmo sendo um crítico da Igreja, considerou as Missões “um verdadeiro triunfo da Humanidade” (vide Antônio Cechim, Revista Missões). Clóvis Lugon, por sua vez, definiu essa experiência, em um livro notável, como "A República Comunista Cristã dos Guaranis". 
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Depois disso, em 1750, o Tratado de Madri repassou esses territórios da coroa portuguesa para a espanhola, sendo ordenado aos jesuítas que retornassem para a outra margem do Rio Uruguai, abandonando estas reduções. Os índios guaranis não acataram a ordem, desenvolvendo grande resistência - a guerra guaranítica, contra os exércitos luso-espanhóis - que terminou com um dos grandes genocídios da história, a destruição completa das missões, extermínio de seu povo, e expulsão dos poucos sobreviventes.
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Na guerra, surgiu a figura mítica do guerreiro são-luizense Sepé Tiarajú, que sob o brado épico "Esta terra tem dono - a Nação Guarani", comandou os exércios indígenas em diversas batalhas, até sua morte em combate, em 1756.
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Sepé, nosso conterrâneo ancestral, foi reconhecido em 2009 como um dos 11 heróis brasileiros, ao lado de Zumbi, Tiradentes, Deodoro da Fonseca, Dom Pedro I, Duque de Caxias, Plácido de Castro, Marquês de Tamandaré, Almirante Barroso, José Bonfácio e Alberto Santos Dumont.
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Note-se que as Missões foram destruídas mais de trinta anos antes da Revolução Francesa, o que demonstra o quão antigo é nosso florescimento. Note
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Depois da derrocada, São Luiz Gonzaga entrou em decadência, a ponto de, no início dos anos 1800, estar praticamente despovoado, contando apenas com indígenas remanescentes, e desgarrados pioneiros portugueses e castelhanos, que são a importante base étnica da população atual. 
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A cidade só começou a ressurgir na metade daquele século, com a vinda da família paulista Pinheiro Machado, que originou outro brasileiro nacionalmente conhecido, o Senador Pinheiro Machado, figura importante no cenário político nacional no início dos anos 1900, e alcançou a emancipação, em 03 de junho de 1880.

O município cresceu no mesmo ritmo vegetativo do restante do Estado durante o Século XX, baseado na pecuária extensiva, até que nos anos 1970 apresentou um grande salto econômico, resultado do cultivo de trigo e soja, este último sendo até hoje o motor da economia local.
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Em 1998, outro são-luizense ilustre, Olívio de Oliveira Dutra, elegeu-se Governador do Estado do Rio Grande do Sul, para orgulho desta gente que, pelos maus-tratos da história, sempre soube compreender a importância da política sobre os fatos de nossa vida diária.
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E não se pode deixar de mencionar a importância do cenário cultural são-luizense e missioneiro, nas mais diversas áreas, mas principalmente na música e poesia, onde Pedro Ortaça foi condecorado, recentemente, como Mestre da Cultura Popular Brasileira, e Jayme Caetano Braun é ícone na cultura gaúcha.
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Hoje, no aniversário da cidade, além de comemorar, devemos meditar profundamente sobre o que nos reserva o futuro. Mas podemos lembrar que, Graças a Deus, a nossa história, que resumi acima com a inexatidão de quem não é historiador, ensina que, após períodos de trevas, sempre tivemos épocas de prosperidade. 
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Então, feliz aniversário, e façamos a luz. Raça, pelo menos, não nos falta!
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