Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não.
Porque os outros são túmulos caiados
Onde germina calada a podridão
Porque os outros se calam mas tu não
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos
Porque os outros se calam mas tu não
Poema de Sophia de Melo Breyner Andresen
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Estava remexendo numa papelada antiga, e achei uma página de jornal de 2004, trazendo uma uma matéria sobre a grande dama da poesia portuguesa, falecida naqueles dias. Gosto muito desse poema, e quis compartilhar.
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