sexta-feira, 2 de março de 2012

Velib - O sistema de bicicletas públicas de Paris

* Da série Escritos Antigos
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A prefeitura de Paris inaugurou, dia 15 de julho [de 2007], o Velib, um serviço público de aluguel de bicicletas que imediatamente conquistou a simpatia e adesão, não só dos parisienses, mas também dos milhares de turistas que visitam diariamente a capital francesa.
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O nome Velib é uma contração de vélo (bicicleta) e liberté (liberdade), e o serviço faz parte de um programa que visa reduzir em 40% a circulação de veículos, até o ano de 2040.  Para isso, a prefeitura colocou à disposição 20.000 bicicletas públicas, com características especiais de conforto e resistência, como se pode ver na fotografia reproduzida ao lado.
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As bicicletas ficam disponíveis em 750 estações espalhadas pela cidade, distantes a não mais de 300m uma da outra. O usuário aluga a bicicleta, transita por ciclovias até seu destino, e ao final do seu trajeto, pode deixá-la em qualquer outra estação.
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A primeira meia-hora de uso é gratuita, mas a partir da segunda meia-hora já é cobrado 1 euro (R$ 2,50), a partir da terceira 2 euros (R$ 5,00), e 4 euros (R$ 10,00) a partir da quarta meia-hora. É possível, também, fazer uma assinatura diária por 1 euro, semanal por 5 euros (R$ 12,50) ou mesmo anual por 29 euros (R$ 72,50). Bem mais barato que comprar uma bicicleta por aqui.
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A cobrança é feita dessa maneira, ficando progressivamente mais cara, para incentivar o usuário a utilizar o veículo em viagens curtas, já que uma pesquisa mostrou que os parisienses costumam morar a não mais que trinta minutos do trabalho. Assim, indo de Velib, pegando a bicicleta na estação mais próxima de casa e deixando na mais próxima do trabalho, o transporte sai de graça.  Zero de poluição, e ainda queima umas calorias.
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Para manutenção das bicicletas, há técnicos que vão de estação em estação, consertando as levemente danificadas e recolhendo as que necessitam reparos maiores, tendo sido criados 400 empregos no sistema.
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Até agora [este texto foi escrito 90 dias após a criação do serviço], foi preciso substituir 180 bicicletas avariadas por vandalismo, e outras 100 que foram furtadas, mas, apesar disso, a Prefeitura avalia como ótimos os primeiros resultados do Programa. No final de setembro as vélo já haviam sido alugadas cinco milhões de vezes, sendo que 113.000 locações foram em horário de pico do tráfego, o que demonstra que as pessoas estão usando o serviço para ir de casa ao trabalho, e vice-versa.
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Também são impressionantes a marca de um milhão de locações após as 21h (certamente para lazer, pois é verão na Europa), e a quantidade insignificante de acidentes, apenas 28 casos, nenhum de gravidade.
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Achei importante registrar essa iniciativa barata, ecológica, e revolucionária em termos de trânsito, que nos faz lembrar que a construção de ciclovias em Dom Pedrito é uma idéia que está caindo de madura, e também com um custo baixíssimo, considerados a segurança e conforto dos usuários [a cidade é muito plana, todas as ruas tem canteiros centrais, sendo fácil de separar um metro de cada lado, asfaltar essa pequena faixa, e isolar dos carros com um singelo meio-fio].
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As ciclovias trariam grande benefício para as centenas de pessoas que usam bicicletas para ir até o trabalho e a escola, ou simplesmente para lazer ou esporte. E de lambuja, resolveriam também o grande problema das bicicletas trafegando nas calçadas, que anda gerando tantas reclamações.
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* Publiquei este texto em 13.10.2007, no Jornal Folha da Cidade, de Dom Pedrito. Depois, quando concorri a Prefeito, tinha em meu plano de governo a proposta de construir ciclovias na cidade, que tem geografia adequada e espaço suficiente nas vias para sua implantação. Acredito que algumas das quase quatro mil pessoas que votaram em nossa candidatura o fizeram por esse motivo. Não pretendia criar lá nenhuma espécie de "velib", pois não daria certo. Mas vários traçados de ciclovias pela cidade eram - e ainda são - perfeitamente possíveis de serem construídos, a custo baixíssimo. Bueno, perdi, e ai dos vencidos, já diziam os romanos... Já aqui em São Luiz Gonzaga implantar uma ciclovia seria muito complicado, devido ao grande número de aclives e declives de acentuado grau de inclinação. Além disso, nossas as ruas são bem mais estreitas, não havendo como separar um espaço só para ciclistas. Mas enfim, um dia alguém encontrará uma solução para isso.
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