terça-feira, 31 de agosto de 2010

Tocando o mundo ... quer dizer, a vida

Recebi esta tirinha por e-mail. Não sei o autor, mas achei legal. Aproveitando a dica, acho que vou largar um pouco dos problemas do mundo, e ver se acho a minha vida, em algum lugar por aí ...


sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Serra cresce como rabo de cavalo


Como diziam os antigos, o Serra evolui nas pesquisas como se fosse rabo de cavalo: cresce pra baixo.
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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Herói. Morto. Nós.

Amanhã completa trinta e três anos, mas eu lembro do fato, como se houvesse ocorrido ontem. Eu era adolescente, estudava de noite, na oitava série. Trabalhava durante o dia, e estava envolvido com muitas coisas, naquele turbilhão da puberdade, etc. Mas lembro demais desse caso, porque o herói era daqui.

Na verdade, ele era de Cerro Largo, mas iniciou sua carreira no Exército em São Luiz Gonzaga, e acho até que sua mulher era daqui. Muitas pessoas o conheceram, pessoalmente, então a repercussão do seu ato foi muito forte na cidade.

O herói, no caso, foi Silvio Hollembach, sargento do Exército que morava e trabalhava em Brasília, e no dia 27 de agosto de 1977, estava passeando com sua mulher e filhos pequenos no Zoológico, quando ouviu os gritos de um menino que havia caído no fosso das ariranhas.

As ariranhas são animais normalmente dóceis, mas ferozes na defesa de seu território. Estavam atacando o menino, quando Sílvio jogou-se no fosso, conseguindo resgatá-lo. Sílvio, no entanto, foi muito mutilado, e morreu três dias depois, em decorrência dos ferimentos.

Uma coisa muito triste, isso. Se há uma pessoa que pode ser chamada de herói, é esse rapaz, que tinha somente 33 anos, na época. E mulher, e quatro filhos pequenos.

Podia ter se omitido, ou até tentado ajudar sem se expor tanto, mas ignorou todos os perigos e jogou-se no fosso. Certamente, percebeu que era a única maneira de resgatar o menino. E não vacilou. Esse é o herói. O herói não vacila.

Mas não escrevo hoje para falar do Sílvio Hollembach, embora acredite que mereça todas as lembranças e homenagens.

Escrevo para falar de uma outra pessoa. Um jornalista, talvez herói também, que não tem nada a ver com São Luiz. Seu nome é Lourenço Diaféria.

Escrevo para contar - para quem não viveu - como eram as coisas na ditadura.

Pois o Lourenço Diaféria era cronista da Folha de São Paulo, e dias após a tragédia publicou uma coluna sobre o fato. O título, "Herói. Morto. Nós".

O texto foi considerado ofensivo às forças armadas, e Diaféria foi imediatamente preso e enquadrado na famosa Lei se Segurança Nacional.

Seu espaço foi mantido em branco, no jornal, por alguns dias, até que demitiram também o diretor de Redação, Cláudio Abramo, que foi substituído por um homem de confiança do 3º Exército. Quem? Bóris Casoy. Ele mesmo, o detrator dos lixeiros. Mais detalhes, ver aqui.

Bueno. Sou filho da ditadura, nascido em 1963. Fui alfabetizado em 1970. Lembro com clareza que, uma das primeiras coisas que aprendi a escrever de carreirinha, foi "General Emílio Garrastazu Médici".

A gente brincava que era "Garrafa Azul", e não tinha menor idéia de quem era. Mas mandavam a gente praticar esse nome. Por que? Sabe-se lá. Coisas da ditadura. Coisas inexplicáveis, como a reação à crônica do Diaféria.

Todos nós, sãoluizenses, ficamos chocados na época da morte do Sargento Hollembach. Mas nos orgulhávamos do herói quase-conterrâneo. Ainda mais que o Zoológico de Brasília foi, depois, rebatizado com o nome dele.

Só que ninguém, daqui, ficou sabendo do desdobramento do fato, com o jornalista Diaféria. Esse tipo de informação nunca chegava ao povo. Eu mesmo, que sou militante, e vivi na época, somente soube disso hoje, através da blogosfera.


Agora leiam, adiante, a crônica da discórdia. Vejam se isso é motivo para prender, processar ou demitir alguém. Vejam como as ditaduras tem medo das palavras ...

E recordem que estamos em época de eleição, e esse povo, que usurpou, torturou, matou, perseguiu, tem representantes concorrendo, sedentos por voltar ao poder.

E também que ainda há muitos municípios do Brasil sendo governados por essa gente, ou por seus herdeiros. Por esse lixo de gente, para quem educar era ensinar a escrever "Garrastazu". Esse lixo gente que tem medo das palavras ...

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Herói. Morto. Nós.
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*Lourenço Diaféria

Não me venham com besteiras de dizer que herói não existe. Passei metade do dia imaginando uma palavra menos desgastada para definir o gesto desse sargento Sílvio, que pulou no poço das ariranhas, para salvar o garoto de catorze anos, que estava sendo dilacerado pelos bichos.

O garoto está salvo. O sargento morreu e está sendo enterrado em sua terra.

Que nome devo dar a esse homem?

Escrevo com todas as letras: o sargento Silvio é um herói. Se não morreu na guerra, se não disparou nenhum tiro, se não foi enforcado, tanto melhor.

Podem me explicar que esse tipo de heroísmo é resultado de uma total inconsciência do perigo.

Pois quero que se lixem as explicações. Para mim, o herói, como o santo, é aquele que vive sua vida até as últimas consequências.

O herói redime a humanidade à deriva.

Esse sargento Silvio podia estar vivo da silva com seus quatro filhos e sua mulher. Acabaria capitão, major.

Está morto.

Um belíssimo sargento morto.

E todavia.

Todavia eu digo, com todas as letras: prefiro esse sargento herói ao duque de Caxias.

O duque de Caxias é um homem a cavalo reduzido a uma estátua. Aquela espada que o duque ergue ao ar aqui na Praça Princesa Isabel - onde se reúnem os ciganos e as pombas do entardecer - oxidou-se no coração do povo.

O povo está cansado de espadas e de cavalos. O povo urina nos heróis de pedestal. Ao povo desgosta o herói de bronze, irretocável e irretorquível, como as enfadonhas lições repetidas por cansadas professoras que não acreditam no que mandam decorar.

O povo quer o herói sargento que seja como ele: povo. Um sargento que dê as mãos aos filhos e à mulher, e passeie incógnito e desfardado, sem divisas, entre seus irmãos.

No instante em que o sargento - apesar do grito de perigo e de alerta de sua mulher - salta no fosso das simpáticas e ferozes ariranhas, para salvar da morte o garoto que não era seu, ele está ensinando a este país, de heróis estáticos e fundidos em metal, que todos somos responsáveis pelos espinhos que machucam o couro de todos.

Esse sargento não é do grupo do cambalacho.

Esse sargento não pensou se, para ser honesto para consigo mesmo, um cidadão deve ser civil ou militar. Duvido, e faço pouco, que esse pobre sargento morto fez revoluções de bar, na base do uísque e da farolagem, e duvido que em algum instante ele imaginou que apareceria na primeira página dos jornais.

É apenas um homem que -como disse quando pressentiu as suas últimas quarenta e oito horas, quando pressentiu o roteiro de sua última viagem- não podia permanecer insensível diante de uma criança sem defesa.

O povo prefere esses heróis: de carne e sangue.

Mas, como sempre, o herói é reconhecido depois, muito depois. Tarde demais.

É isso, sargento: nestes tempos cruéis e embotados, a gente não teve o instante de te reconhecer entre o povo. A gente não distinguiu teu rosto na multidão. Éramos irmãos, e só descobrimos isso agora, quando o sangue verte, e quanto te enterramos. O herói e o santo é o que derrama seu sangue. Esse é o preço que deles cobramos.

Podíamos ter estendido nossas mãos e te arrancando do fosso das ariranhas -como você tirou o menino de catorze anos- mas queríamos que alguém fizesse o gesto de solidariedade em nosso lugar.

Sempre é assim: o herói e o santo é o que estende as mãos.

E este é o nosso grande remorso: o de fazer as coisas urgentes e inadiáveis - tarde demais.

*Lourenço Diaféria foi "absolvido" em 1979. Morreu em 2009.
A crônica foi publicada em 1º de setembro de 1977, no Jornal Folha de são Paulo.

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segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Ordem judicial capaz de matar não ressuscita

Jacques Tavora Alfonsin (*)  
No dia 21 deste mês de agosto completou-se um ano do assassinato praticado contra o agricultor Elton Brum da Silva, como conseqüência de uma ordem judicial determinada em ação movida contra agricultores sem-terra, como ele, no município de São Gabriel. 
A agilidade que o Poder Judiciário mostrou para defender o direito de propriedade, no processo que assassinou Elton, é geometricamente desproporcional aos males que esse direito causa, mesmo quando descumpre a sua função social. Para se ter uma idéia desse fato, é suficiente uma busca de internet no site do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, comarca de São Gabriel, para se constatar que nem data de audiência para coleta de possíveis provas foi designada, no processo 20900023900, que apura a responsabilidade criminal do policial militar que matou o Elton.  
Enquanto a ordem letal teve execução imediata, o processo crime segue a passo de gente que caminha a pé e cansada de promessas legais traídas, bem como ele caminhava… Elton engrossa a lista macabra de gaúchos mortos em defesa de sua dignidade e cidadania, direito de acesso à terra, reforma agrária, ora pelos efeitos das ordens judiciais, ora pela repressão violenta dos seus protestos coletivos. 
Ah, não vai faltar quem diga: “Tudo certo, mas onde se lembra aí o soldado da BM, Valdeci de Abreu Lopes, que morreu na esquina democrática de Porto Alegre, num outro agosto, esse de 1990, durante um protesto dos sem-terra”? – Com a dor que se lamenta a morte do Elton e de tantos outros que não vivem mais, tem de se chorar a desse brigadiano, mas sem se esquecer, sob pena de cumplicidade com a versão tendenciosa que a mídia produziu na época, duas diferenças notáveis, pelo menos.  
A primeira, a de que o assassino do Elton, além de somente ter sido identificado pela sua corporação mais de mês depois do assassinato, está gozando de plena liberdade, não havendo chance de se saber nem quando será julgado, enquanto os sem-terra denunciados criminalmente pela morte de Valdeci foram presos em seguida e aguardaram, nessa condição de confinamento, mais de ano antes do júri que os condenou. 
A segunda, de que o tiro que matou o Elton foi dado pelas costas, sem possibilidade alguma de defesa da vítima, enquanto o instrumento que matou o brigadiano deu-se em reação imediata ao tiro que ferira no abdome uma agricultora sem-terra que participava do protesto.  
A “explicação” que se dá para tudo isso, já que justificativa não existe, é da mais variada espécie e artifício, como costuma acontecer com aquelas doutrinas jurídicas rubricistas que sustentam formulismos enredados na tramitação dos processos judiciais. Há prazos diversos para acusações, há prazos para defesas, para recursos, para sentenças. Só não há prazo para se perseguir, prender e, se as circunstâncias exigirem (?), matar gente pobre, lutando por seus direitos. 
Elton não é a primeira e, pelo rumo que a história vem demonstrando, não será a última vítima dessas injustiças perpetradas “em nome da lei e do direito”. São tantos os conflitos gerados pela concentração da propriedade privada sobre terra, em nosso Estado e no país, o inexplicável atraso na execução da reforma agrária, provado pelo número das ações judiciais de desapropriação de terra paradas nos tribunais, que isso provocou até mudança em um dos dispositivos do Código de Processo civil.  
Foi no intuito de não deixar juízas e juízes quase sozinhas/os, para decidir sobre matéria que sempre envolve multidão, interesse social, conflito grave entre direitos, risco de acontecer coisas como a que eliminou a vida do Elton, que o art. 82 daquele Código, em seu inc. III, passou a exigir que o Ministério Público sempre fosse ouvido nos casos que “envolvam litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais causas em que há interesse público evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da parte.” 
Era de se esperar que essa mudança na lei processual determinaria mais cuidado, uma cautela maior no deferimento de liminares, especialmente daquelas que são executadas sem chance de defesa dos réus, como ocorre quase sempre quando esses são sem-terra ou sem-teto. 
Aqui no Estado, não é o que tem acontecido, na maior parte das vezes. Dependendo do agente ministerial que atua nesses casos, o “público” da sua denominação, bem ao contrário, tem reforçado o que há de pior no “privado” das demandas que chegam em juízo.  Com um agravante, como ocorreu durante o ano passado. Agora, os latifundiários gaúchos nem precisam se mexer. É o próprio Ministério Público que sai em sua defesa, como aconteceu em Canoas, Carazinho, Pedro Osorio e São Gabriel. 
Em algumas execuções das ações judiciais que dois dos seus representantes propuseram nessas comarcas, foi tal a violência empregada contra acampadas/os, que só não morreu nenhum/a sem-terra, por sorte. Como essas ordens judiciais não têm o poder de ressuscitar, a ínfima chance que se abre de, pelo menos, alguém poder mitigar o mal feito é a de, mais tarde, um/a outro/a juiz/a, com um pouco mais de sensibilidade humana e social, “indenizar” (?) as/os herdeiras/os da vítima, que dela dependiam para viver.  É o que está acontecendo agora com a família do Elton. 
Em julho passado, atendendo pedido da advogada Cláudia M. Avila, que atua em defesa dessa família, numa ação judicial proposta contra o Estado do Rio Grande do Sul, pleiteando reparação de danos morais e materiais que a morte causou, o juiz Gilberto Schafer, do 2º Juizado da 3ª Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre, já deferiu uma liminar em favor da mesma família, em tudo diferente daquela que causou a morte do Elton. 
Em seu despacho já se antecipa o direito dos/as familiares receberem do Estado 70% do salário mínimo nacional, sob a seguinte justificativa: “O Estado do Rio Grande do Sul tem responsabilidade de ordem objetiva pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros [...], devendo assim responder pelos atos omissivos e comissivos, dolosos ou culposos, que resultem em prejuízo a outrem, sendo plenamente aplicada a teoria do risco administrativo”.  
A viúva, a filha pequena e o pai de Elton, evidentemente, não estariam sofrendo agora dessa necessidade, se a decisão judicial anterior não tivesse provocado a sua morte. Pouco lhes consola o fato de que o seu sangue foi derramado em defesa da vida de milhões de outros brasileiros que, como ele, são vítimas de uma injustiça social que, ao lado de produzir riqueza para alguns, gera pobreza e miséria para a maioria de quantas/os precisam do acesso a terra legalmente previsto em seu favor.  
Por isso mesmo, todos os movimentos sociais que atuam em favor de trabalhadoras/es pobres, como o MST, por exemplo, não deixam morrer a esperança. A de que esse tipo de tratamento que elas/es sofrem há de ser vencido, por ser desumano, cruel, ilegal, profundamente injusto. 
Um dia, justamente por força de sua luta político-jurídica, esse tratamento não continuará se refletindo em cada processo judicial apenas para registrar mais um número e mais um nome.  
Já enfrentaram no passado, e continuarão enfrentando a violência que assassinou o seu companheiro Elton, como a própria causa da infidelidade que grande parte da sociedade civil e do Poder Publico dedicam à interpretação e à aplicação da lei como se ela não existisse, exatamente, para proteger e defender os direitos humanos fundamentais de quantas/os, embora desses sejam os verdadeiros titulares, por ora não passem de vítimas da sua violação. 
Pelo menos esse poder de ressuscitar, que as sentenças não têm, o povo pobre sem-terra e sem-teto tem provado ter.  
(*) Procurador do Estado do Rio Grande do Sul aposentado
Pescado aqui, no RS Urgente.

sábado, 21 de agosto de 2010

Escritos Antigos - Ancestralidades

Esta semana a Igreja dos Mórmons promoveu uma série de palestras, abertas à população, sobre temas de interesse geral. Foram palestras envolvendo relacionamento, saúde, meio ambiente, e um assunto em que tenho curiosidades, a genealogia.


É que eu “me criei” dentro de um Cartório de Registro Civil, onde meu irmão, Floribaldo, trabalhou a vida toda. Em duas ocasiões, a partir dos onze anos, trabalhei lá em meio-expediente, nas férias, e uma das tarefas era organizar o fichário, milhares de fichas onde estava registrado o nome de todos os nascidos em São Luiz Gonzaga desde mil oitocentos e alguma coisa.


Nessas fichas, arquivadas alfabeticamente por sobrenome, vinha além dos dados pessoais, nome dos pais e avós. E uma vez até fiz, por curioso, a minha própria árvore genealógica.


Pelo lado do pai, na linha do avô paterno, fui até um certo Baldomero Moura, nascido na Argentina. E pela linhagem da avó paterna, cheguei a um trisavô de nome Nascimento do Bom Jesus Messa, que um dia destes descobri, no Google, ser um português que veio para o Brasil e se radicou em São Paulo, onde fez numerosa descendência. Como é que ele se infiltrou no meu DNA missioneiro, nem imagino.


Na linhagem materna, não passei do meu bisavô, Floriano Moreira. Aliás, pelo certo, eu deveria ser Moreira Moura, e não Oliveira Moura, pois para o nome de casado da mãe deveria passar o sobrenome de seu pai, Moreira, mas passou o da sua mãe, Oliveira, não sei o motivo.


Ainda na linha da avó materna, descobri uma trisavó de sobrenome Hoffmann, sobrenome germânico. Isso é coerente com as informações de que, por volta de 1870, o Rio Grande do Sul possuía 500 mil habitantes, dos quais 80 mil eram imigrantes alemães, dezesseis por cento da população da época. Essa grande proporção torna praticamente impossível que algum gaúcho, atualmente, deixe de ter algo de alemão em seu sangue. Minha mãe, por exemplo, tem pele clara e olhos esverdeados, e tem irmãs loiras e de olhos azuis.


Da parte do pai, certamente por influência dos 4,5 milhões de negros trazidos para o Brasil Colônia, e dos índios que habitavam as missões, somos “pêlos-duro”. Meu pai era moreno, e a genética dele era forte, pois apesar da mãe ser bem clara, eu, meus irmãos e irmãs temos , todos, cabelos escuros e olhos pretos, o que continuou na geração de nossos filhos.


Dessas misturas, e certamente de alguma influência italiana não detectada nos documentos, resulta que eu tenho primos loiros com olhos azuis, ruivos com olhos verdes, morenos claros de cabelos pretos, e morenos escuros com cabelos lisos e escorridos, estes últimos com traços indígenas e africanos bem misturados.


Pois o meu irmão, uns quinze anos atrás, recebeu alguns mórmons no Cartório, que pediram para fazer pesquisas genealógicas nesses arquivos. E um tempo depois esse pessoal o presenteou com uma pesquisa pessoal, que apontava a sua origem (e minha também) documentada mais remota na Mauritânia, norte da África. Impressionante.


Falando mais sério, eu acho que o importante desse tipo de informação não é descobrir se temos antepassados barões, duques, princesas ou rainhas, como querem alguns, mas sim demonstrar a multiplicidade de etnias que compõem nossas origens. Com esse conhecimento, fica fulminado qualquer tipo de preconceito que se possa ter quanto à etnia, cor da pele, origem, religião ou cultura dos outros.


Ao fim e a cabo, a verdade é que, embora nossos genes tenham passeado por todos os continentes, somos todos iguais, neste vale de lágrimas. Todos irmãos, filhos do mesmo barro, e da mesma costela.


Original publicado no jornal Folha da Cidade, Dom Pedrito, 24.03.2007

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O fato esportivo da semana gaúcha

Como fato esportivo mais importante da semana, relativo aos times grandes do futebol gaúcho, tivemos o anúncio da contratação, pelo Grêmio, do lateral direito Gabriel, ao Panathinaikos (acho que é isso) da Grécia.

Gabriel é indicação do Renato Portalupi, sendo um reforço que vai consertar o lado direito do Imortal. Agora a coisa vai.

E hoje,às 18h30min, jogando fora de casa contra o poderoso Ceará, começamos a Operação Abudabi 2, cuja meta inicial é classificar para a Libertadores de 2011, ainda neste Brasileirão.

Ah, tem outra coisa. Embora seja um fato secundário, o Colorado ganhou um jogo, quarta-feira, contra o time da associação de funcionários de uma fábrica de uísque, o Drury's. Parabéns.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Lááááá na frente tá o Tarso


Segundo a última pesquisa, da Vox Populi, divulgada ontem à noite, o Tarso já abriu ONZE pontos de dianteira sobre o Fogaça.

Os números são: Tarso 35, Fogaça 24, Yeda 10, "Outros" 01.

Note-se que, ignorada a margem de erro (3,5 pontos percentuais para mais ou para menos), o percentual de Tarso é igual à soma de todos os outros, o que sugere possibilidade de vitória no primeiro turno.

A arte eu copiei do Opinião Singela, blog do meu amigo César Bento.
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Serra, o comedor


A Vereadora Soninha a gente já desconfiava, mas essa Vânia ... quem será essa Vânia? E o Damião! Andréia eu não conheço, mas a Dona Maria, que já tem uns oitenta anos!!! E nem a mãe do marido da Vânia escapa.

Humm ... será que a Marina também? E a Yeda ???

Como diziam aqui em São Luiz Gonzaga, no século passado, EU FORA!
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quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Falando em transferência ...


Segundo dizem, a pesquisa do Vox Populi de ontem apontou Dilma com DEZESSEIS pontos de vantagem sobre o Serra. Dilma 45, Serra 29, Marina 8. Será que o Lula está transferindo votos?

A arte é de Duke, e eu copiei do Com Texto Livre.
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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Deu pra ti, Serra



Se está assim agora, imaginem só quando Lula começar a pedir votos, todos os dias, no horário eleitoral. Vai ser um massacre! Segundo turno pra quê?
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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A eleição do Paim está nos votos da Abgail

Tem muitos companheiros preocupados com a tática escolhida para a eleição do Senado. O pessoal acha que devíamos ter colocado um segundo candidato mais conhecido, para evitar que o “segundo voto” do Paulo Paim vá para Germano Rigotto ou Ana Amélia Lemos.

Andei pensando nisso, nos últimos dias, e acho que entendi a lógica do processo. Até fiz alguns cálculos, e acho que foi acertado colocar dois candidatos, pois isso é o que pode garantir a eleição do companheiro Paim. Aliás, isso tem tanta lógica que o Ibsen Pinheiro andou criticando o PMDB por não fazer o mesmo.

Claro que, se fosse um candidato com maior densidade eleitoral que a Abgail, teríamos mais tranqüilidade. Nós, aqui de São Luiz Gonzaga, esperávamos que o segundo candidato a Senador fosse o próprio Olívio Dutra. Mas ele mesmo disse que não queria concorrer, a nenhum cargo.

Além disso, dá para entender que, na coligação, foi necessário oferecer a segunda vaga para o PCdoB, pois havia o risco de que não coligassem conosco. E o PCdoB, salvo a Manoela, não tem nomes com grande potencial de votos. Mas a Deputada não tem idade para concorrer ao Senado, ainda.

A Jussara Cony não iria concorrer para perder, novamente. E seria um crime não apostar na reeleição praticamente certa do Raul Carrion, ótima pessoa e ótimo deputado, indicando ele para o sacrifício. Ficou boa, assim, a indicação de Abgail Pereira para concorrer à segunda vaga no Senado.

Além de contemplar o PCdoB, a Abgail vai disputar o voto das mulheres (quem desejar votar pelo gênero não ficará somente com a opção da Amélia) e da região de Caxias e da Serra gaúcha (quem for bairrista também não ficará refém do Rigotto).

Assim, há algumas considerações a serem feitas. A primeira é que cerca de 5,5 milhões de eleitores votarão para senador. E como são duas vagas, são cerca de 11 milhões de votos.

Outra consideração é que nenhum dos três candidatos mais fortes se elege só com "seus" votos. Todos precisarão ser o “segundo voto” dos outros.

Quanto ao “primeiro voto”, pensei que, na pior das hipóteses para o Paim, podemos imaginar um triplo empate entre os mais cotados. Em um universo com 5,5 milhões de eleitores, daria para chutar esse empate em cerca de 30% (1.600 mil votos) para cada um dos três, e mais uns 500 mil para a Abgail, sobrando uns 200 mil para distribuir entre eles, e mais os nanicos.

Com relação ao "segundo voto", eu acho que o eleitor de Rigotto não irá votar automaticamente para Ana Amélia, não se configurando a tal coligação branca, que tantos temem. Há muitos setores do eleitorado peemedebista que não votam, de jeito nenhum, em candidato do PP, principal partido rival na política do interior do Estado. Mas para esses setores, Paulo Paim é um candidato bem “palatável”.

Da mesma forma, os simpatizantes do PDT dificilmente vão aderir em massa à candidata da Ana Amélia, que representa ostensivamente a direita gaúcha, neste pleito. E na Abgail, acho que pouquíssimos eleitores do Rigotto votariam.

Então, acredito que, ao fazer sua segunda opção, metade dos eleitores do Rigotto votem em Paim, e a outra metade em Ana Amélia. No caso, seriam 800 mil votos para o Paim, e 800 mil para ela.

Já o segundo voto da Ana Amélia, pelo fenômeno que conhecemos como antipetismo, deverá migrar fortemente para Rigotto, candidato que também contempla a direita, embora se situe mais ao centro que a namorada do Aparício (a propósito, não deixem de assistir aquele filme clássico do século passado, “Não Aperta Aparício”).

Mas essa migração não será de 100%, pois no provável eleitorado de Ana haverá também setores “não ideológicos”, que darão seu segundo voto para Paim, tranquilamente, devido à sua conhecida luta em favor dos aposentados, por exemplo.

Digamos que, nesse caso, 70% do segundo voto de Ana Amélia vá para Rigotto (1.120 mil), e o resto para Paim (30% - 480 mil).

Mas, de maneira bem diferente, a totalidade do segundo voto de Abgail deve migrar automaticamente para Paim, por ser o voto ideológico. A Abgail alcançará pelo menos 500 mil votos, na minha modesta previsão, e todos os seus 500 mil eleitores votarão também em Paim.

Talvez seja esse o detalhe que os mais pessimistas estejam esquecendo. A Abgail não concorre apenas para evitar que o segundo voto dos eleitores do Paim vá para Rigotto e Ana Amélia. Ela vai fazer uma votação expressiva, e cada voto que conquistar valerá por dois, pois sua “duplicata” vai, ao natural, para Paim.

Por último, o eleitor de Paim, por sua vez, tende a dividir seu segundo voto de forma diferente. Apostando muito por baixo, acredito que cerca de 40% (o voto mais ideológico) se direcione a Abgail (640 mil), 30% para Rigotto (480 mil), e 30% para Ana Amélia (480 mil).

Assim, bastaria somar:

Paim: 1.600 mil (primeiro voto) + 800 mil (segundo voto do Rigotto) + 480 mil (segundo voto da Amélia) + 500 mil (segundo voto da Abgail) = 3.380 mil votos.

Rigotto: 1.600 mil (primeiro voto) + 1.120 mil (segundo voto da Amélia) + 480 mil (segundo voto do Paim) = 3.200 mil votos.

Ana Amélia: 1.600 mil (primeiro voto) + 800 mil (segundo voto Rigotto) + 480 mil (segundo voto do Paim) = 2.880 mil votos.

E Abgail: 500 mil (primeiro voto) + 640 mil (segundo voto do Paim) = 1.140 mil votos. O que é voto pra cacete, por sinal. Não garante a eleição, mas consolida um novo nome na esquerda gaúcha.

Resumindo, acho que a eleição do Paim está bem encaminhada. O risco de não ficar entre os dois candidatos mais votados ao Senado é bem menor para o Paim, do que para os outros.

Só que, para isso, é preciso que a Abgail faça, no mínimo do mínimo, 500 mil votos.

Temos, então, que disputar voto por voto para ela, pois é assim que o Paim será reeleito, para ajudar a Dilma com a nova maioria no Senado ano que vem, mais petista e menos fisiológica. E, de lambuja, derrubar o tal fator previdenciário.

Possível é, basta não bobear. Por exemplo, se trabalharmos cada eleitor de deputado (federal ou estadual) dos partidos da Unidade Popular, para votarem também na Abgail, temos um universo potencial de 1 milhão de votos. E quinhentos mil é só a metade disso.

Paim é 131, Abgail é 651.

Vamos pra rua!

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quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Operação Abudabi

Boas novas: com a contratação do Renato, jogador mais importante da história tricolor, inaugurou-se no Olímpico a Operação Abudabi.

Fase Um: ganhamos a Sub-Americana.

Fase Dois: ano que vem, contratamos uns reforços (onze, em nível de titularidade, já tá bom), e ganhamos o tri da Libertadores.

Fase Três: bi-campeão do mundo, em Abudabi.

E aí eu vou pra galera!

Pelo sim, pelo não,estou me adiantando: semana que vem, vou a Santo Ângelo, na Polícia Federal, fazer meu passaporte.

Aliás, onde é que fica esse tal de Abudabi?
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sábado, 7 de agosto de 2010

O neo-maquiavelismo da Globo

Provavelmente devido às últimas pesquisas eleitorais, e também por ter ficado claro, no debate da Band, que o Serra não possui o suposto "último trunfo" (que seria se comunicar melhor que a Dilma), a Rede Globo reagiu rapidamente, em defesa de seus interesses na eleição presidencial.

Deu para notar, já no Jornal Nacional de sexta-feira, uma alteração na cobertura da eleição. A partir de ontem, passou a haver espaço também para o Plínio de Arruda Sampaio, do PSOL, que antes nem era mencionado. Aparentemente, é o mesmo tempo dispensado até agora apenas para a Dilma, o Serra e a Marina.

E hoje, escutei a Fátima Bernardes falando também da agenda de outros candidatos, dos partidos nanicos. Pena que estava longe do "aparelho", distraído com outra coisa, e não deu para ver de quem ela falava. Mas segunda eu vou cuidar bem isso.

Acho que isso não é de graça. Posso estar enganado, mas para mim, é um movimento muito bem pensado, para tentar evitar que a Dilma ganhe já no primeiro turno.

Como o Serra não consegue crescer, de jeito nenhum, e a Dilma se distancia num ritmo constante, o movimento da Globo é de reforçar a Marina, o Plínio, o Eymael, e se duvidar, até o Zé Maria (PSTU), para que eles possam vender o seu peixe, e não sejam engolidos pelo "voto útil".

A Marina, talvez tenha batido no teto. Esse Eymael, eu não sei. Mas o Plínio, com 30 segundos por dia no Jornal Nacional, pode crescer bastante. E os outros nanicos também, pois a simples menção de que existem, e a divulgação de sua agenda no noticiário mais assistido no país, pode resultar, lá no fim, na diferença entre "zero vírgula zero" e "zero vírgula um".

A Globo não é boba, e sabe que se fizer crescer a Marina, o Plínio e os nanicos, pode compensar, e o ajudar o Serra naquilo não está conseguindo sozinho - levar a eleição para o segundo turno, o que daria mais uns dias para a direita golpista tramar coisa.

Se a Marina, ao invés de 8% fizer 10%, se o Plínio e o Eymael ao invés de 1% fizerem 2% cada um, e o Zé Maria e os outros, ao invés de 0,1% fizerem 0,5%, a soma dessas miudezas pode fazer a diferença.

Então, meus amigos, não se enganem. A Globo não dará tratamento mais igualitário aos candidatos por ter ficado democrática de uma hora para outra. É puro neo-maquiavelismo.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Uma injustiça contra Maria do Rosário

Que baita sacanagem essa decisão de rejeitarem o registro de candidatura da Maria do Rosário, devido à existência de dívidas da sua campanha a Prefeita (de Porto Alegre) em 2008.

Para quem não sabe, a candidatura foi recusada porque a prestação de contas da campanha havia fechado com dívidas. O PT Nacional assumiu as dívidas. E os credores aceitaram parcelar os débitos, que, segundo consta, estão sendo pagos em dia. Tudo na forma prevista pela Mini-Reforma Eleitoral (a última).

Só que o TRE-RS resolveu aplicar uma legislação anterior, e entendeu que, como a campanha não fechou as suas contas no zero, haveria uma inelegibilidade.

Essa legislação eleitoral é assim. Eficientíssima. Eu por exemplo, concorri a Prefeito de Dom Pedrito, e minhas contas não fecharam em R$.23,00. Isso mesmo, vinte e três reais.

Era uma compra que fizemos em uma gráfica de Porto Alegre. Contabilizamos a nota fiscal, e emitimos o cheque, que foi remetido à empresa credora. Só que o tal cheque sumiu, e findo o prazo para prestação final de contas, havia a dívida "em aberto", assim como o cheque, emitido mas não descontado, gerando uma diferença no extrato.

Bueno, para resumir, tive que gastar uma grana bem maior que isso, contratando bons contabilistas e advogados para resolver o imbróglio.

A Maria do Rosário é uma grande pessoa. Boa política, lutadora, que representa muito bem seus eleitores. Eu, a Djanira e a Ana Paula, já fizemos campanha para ela. Desta vez, meu voto vai para outra Deputada Federal, em decorrência de acertos políticos. Mas continuo respeitando muito o trabalho da companheira, e manifesto publicamente minha solidariedade.

Enquanto isso, as candidaturas de José Otávio Germano e João Luiz Vargas (para citar só dois dos envolvidos no escândalo do DETRAN), de Pompeo de Matos e dos outros albergueiros ficha-suja, foram aceitas sem restrições.

Mas não dá nada. O TSE vai corrigir isso, e depois a Rosário recupera o stress fazendo uns cento e cinqüenta mil votos, e garantindo a reeleição.
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