quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A eleição do Paim está nos votos da Abgail

Tem muitos companheiros preocupados com a tática escolhida para a eleição do Senado. O pessoal acha que devíamos ter colocado um segundo candidato mais conhecido, para evitar que o “segundo voto” do Paulo Paim vá para Germano Rigotto ou Ana Amélia Lemos.

Andei pensando nisso, nos últimos dias, e acho que entendi a lógica do processo. Até fiz alguns cálculos, e acho que foi acertado colocar dois candidatos, pois isso é o que pode garantir a eleição do companheiro Paim. Aliás, isso tem tanta lógica que o Ibsen Pinheiro andou criticando o PMDB por não fazer o mesmo.

Claro que, se fosse um candidato com maior densidade eleitoral que a Abgail, teríamos mais tranqüilidade. Nós, aqui de São Luiz Gonzaga, esperávamos que o segundo candidato a Senador fosse o próprio Olívio Dutra. Mas ele mesmo disse que não queria concorrer, a nenhum cargo.

Além disso, dá para entender que, na coligação, foi necessário oferecer a segunda vaga para o PCdoB, pois havia o risco de que não coligassem conosco. E o PCdoB, salvo a Manoela, não tem nomes com grande potencial de votos. Mas a Deputada não tem idade para concorrer ao Senado, ainda.

A Jussara Cony não iria concorrer para perder, novamente. E seria um crime não apostar na reeleição praticamente certa do Raul Carrion, ótima pessoa e ótimo deputado, indicando ele para o sacrifício. Ficou boa, assim, a indicação de Abgail Pereira para concorrer à segunda vaga no Senado.

Além de contemplar o PCdoB, a Abgail vai disputar o voto das mulheres (quem desejar votar pelo gênero não ficará somente com a opção da Amélia) e da região de Caxias e da Serra gaúcha (quem for bairrista também não ficará refém do Rigotto).

Assim, há algumas considerações a serem feitas. A primeira é que cerca de 5,5 milhões de eleitores votarão para senador. E como são duas vagas, são cerca de 11 milhões de votos.

Outra consideração é que nenhum dos três candidatos mais fortes se elege só com "seus" votos. Todos precisarão ser o “segundo voto” dos outros.

Quanto ao “primeiro voto”, pensei que, na pior das hipóteses para o Paim, podemos imaginar um triplo empate entre os mais cotados. Em um universo com 5,5 milhões de eleitores, daria para chutar esse empate em cerca de 30% (1.600 mil votos) para cada um dos três, e mais uns 500 mil para a Abgail, sobrando uns 200 mil para distribuir entre eles, e mais os nanicos.

Com relação ao "segundo voto", eu acho que o eleitor de Rigotto não irá votar automaticamente para Ana Amélia, não se configurando a tal coligação branca, que tantos temem. Há muitos setores do eleitorado peemedebista que não votam, de jeito nenhum, em candidato do PP, principal partido rival na política do interior do Estado. Mas para esses setores, Paulo Paim é um candidato bem “palatável”.

Da mesma forma, os simpatizantes do PDT dificilmente vão aderir em massa à candidata da Ana Amélia, que representa ostensivamente a direita gaúcha, neste pleito. E na Abgail, acho que pouquíssimos eleitores do Rigotto votariam.

Então, acredito que, ao fazer sua segunda opção, metade dos eleitores do Rigotto votem em Paim, e a outra metade em Ana Amélia. No caso, seriam 800 mil votos para o Paim, e 800 mil para ela.

Já o segundo voto da Ana Amélia, pelo fenômeno que conhecemos como antipetismo, deverá migrar fortemente para Rigotto, candidato que também contempla a direita, embora se situe mais ao centro que a namorada do Aparício (a propósito, não deixem de assistir aquele filme clássico do século passado, “Não Aperta Aparício”).

Mas essa migração não será de 100%, pois no provável eleitorado de Ana haverá também setores “não ideológicos”, que darão seu segundo voto para Paim, tranquilamente, devido à sua conhecida luta em favor dos aposentados, por exemplo.

Digamos que, nesse caso, 70% do segundo voto de Ana Amélia vá para Rigotto (1.120 mil), e o resto para Paim (30% - 480 mil).

Mas, de maneira bem diferente, a totalidade do segundo voto de Abgail deve migrar automaticamente para Paim, por ser o voto ideológico. A Abgail alcançará pelo menos 500 mil votos, na minha modesta previsão, e todos os seus 500 mil eleitores votarão também em Paim.

Talvez seja esse o detalhe que os mais pessimistas estejam esquecendo. A Abgail não concorre apenas para evitar que o segundo voto dos eleitores do Paim vá para Rigotto e Ana Amélia. Ela vai fazer uma votação expressiva, e cada voto que conquistar valerá por dois, pois sua “duplicata” vai, ao natural, para Paim.

Por último, o eleitor de Paim, por sua vez, tende a dividir seu segundo voto de forma diferente. Apostando muito por baixo, acredito que cerca de 40% (o voto mais ideológico) se direcione a Abgail (640 mil), 30% para Rigotto (480 mil), e 30% para Ana Amélia (480 mil).

Assim, bastaria somar:

Paim: 1.600 mil (primeiro voto) + 800 mil (segundo voto do Rigotto) + 480 mil (segundo voto da Amélia) + 500 mil (segundo voto da Abgail) = 3.380 mil votos.

Rigotto: 1.600 mil (primeiro voto) + 1.120 mil (segundo voto da Amélia) + 480 mil (segundo voto do Paim) = 3.200 mil votos.

Ana Amélia: 1.600 mil (primeiro voto) + 800 mil (segundo voto Rigotto) + 480 mil (segundo voto do Paim) = 2.880 mil votos.

E Abgail: 500 mil (primeiro voto) + 640 mil (segundo voto do Paim) = 1.140 mil votos. O que é voto pra cacete, por sinal. Não garante a eleição, mas consolida um novo nome na esquerda gaúcha.

Resumindo, acho que a eleição do Paim está bem encaminhada. O risco de não ficar entre os dois candidatos mais votados ao Senado é bem menor para o Paim, do que para os outros.

Só que, para isso, é preciso que a Abgail faça, no mínimo do mínimo, 500 mil votos.

Temos, então, que disputar voto por voto para ela, pois é assim que o Paim será reeleito, para ajudar a Dilma com a nova maioria no Senado ano que vem, mais petista e menos fisiológica. E, de lambuja, derrubar o tal fator previdenciário.

Possível é, basta não bobear. Por exemplo, se trabalharmos cada eleitor de deputado (federal ou estadual) dos partidos da Unidade Popular, para votarem também na Abgail, temos um universo potencial de 1 milhão de votos. E quinhentos mil é só a metade disso.

Paim é 131, Abgail é 651.

Vamos pra rua!

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