terça-feira, 13 de setembro de 2011

Meu pai, na Legalidade

Meu pai, Sargento Doralcides Moura, é o segundo da esquerda para a direita.
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O Jornal A Notícia de sábado publicou, na coluna "A Notícia há cinquenta anos", uma fotografia de militares do então 3º Regimento de Cavalaria, atual 4º Regimento de Cavalaria Blindada, de São Luiz Gonzaga, acampados junto à Estação Ferroviária local, em agosto de 1961. O flagrante mostra os "Dragões do Rio Grande" prontos para embarcar a qualquer momento em direção a Porto Alegre, durante o Movimento da Legalidade.
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Essa mobilização de militares abrangeu todo o interior do Rio Grande do Sul, a partir do momento em que o General Machado Lopes, digno comandante do III Exército, aderiu à Legalidade, e mostrou-se disposto a combater as forças golpistas, caso a Constituição não fosse respeitada, e o Presidente João Goulart impedido de assumir a Presidência da República.
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A Campanha da Legalidade, liderada por Leonel Brizola, é uma das páginas mais bonitas da História do Brasil.
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De concreto, as coisas se resolveram antes que o pessoal daqui necessitasse embarcar, mas houve deslocamento de algumas tropas no Estado. Acho que quando o Brasil soube que havia missioneiros prontos para a peleia, se mixou.

Mas coisas não eram tranquilas, como a foto aparenta. Eram momentos de angustia, pois toda manobra sempre traz algum perigo. Minha mãe contava que houve um acidente em um desses trens, que estava levando tropas de São Borja para a Capital, uma explosão, e morreu um conhecido deles, talvez o único morto da Legalidade.
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Meu pai, Sargento Doralcides da Silva Moura, que na época tinha perto de 40 anos, é o segundo da esquerda para a direita (de bigode), ao lado do Cabo Guedes (o terceiro), a cujo acervo pessoal pertence a fotografia em questão.
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Fico pensando é na guerreira que foi minha mãe, naquela ocasião somente com 27 anos, já tendo quatro crianças de oito, sete, seis e quatro anos, e no desespero de ver o marido prestes a embarcar para a guerra. Tempos difíceis.
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Eu e meu irmão mais novo, o Sávio, praticamente não conhecemos o Sargento, pois ele morreu em 1966, e nós nascemos em 1963 e 1965. Mas, de qualquer forma, fica uma ponta de orgulho de ver nosso sangue ancestral, presente em um momento histórico tão importante.
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