Everybody need somebody... ou de alguma coisa. Finalmente, após anos de procura, consegui uma cópia de "Os irmãos Cara-de-Pau" (The Blues Brothers, EUA, 1980).
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Assisti esse filme pela primeira vez na adolescência, aqui em São Luiz mesmo. Na época, ir ao cinema era o programa obrigatório das noites de domingo. Não importava o que ia passar, o negócio era ir no cinema. A gente só ficava sabendo se era terror, drama, romance ou comédia com o andamento da sessão.
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Abre parêntese: diferente de hoje, quando escolhemos o filme, na época as pessoas não se preocupavam muito em saber o que iriam assistir, e iam ao cinema como quem aposta numa loteria. Não esqueço da vez que passou Calígula, o Cine Lux abarrotado, e com dez minutos de projeção foi aquela debandada de casais indo embora, as mulheres escandalizadas (ou fingindo) com as cenas de sexo pra lá de explícito. Fecha parêntese.
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No início estranhei, até achei que não iria gostar: são cenas silenciosas de uma penitenciária americana, com um detento sendo liberado na “condicional”. Antes de sair, um funcionário lhe devolve os bens que haviam sido apreendidos em seu poder. O agente abre uma caixa e começa a ler a lista em voz alta, na medida em que coloca os objetos sobre o balcão: “um relógio quebrado, uma camisinha intacta...” pausa ... o cara pega uma uma caneta, pesca com ela, de dentro da caixa, um charuto de plástico meio esbranquiçado, retorcido e ressecado, e o coloca sobre o balcão, dizendo... “uma camisinha usada...” e o cinema veio abaixo de tanta risada.
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Conheci ali meu filme preferido. Cult para uma legião de admiradores, considerado medíocre para outros tantos, Os Irmãos Cara de Pau tem cenas que eu, pelo menos, acho hilárias. As atuações do Dan Aykroyd, e especialmente do John Belushi, são geniais.
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A trilha sonora é de primeira, com participação de James Brown, Ray Charles, Aretha Franklin, Cab Calloway, Steve Croper e outros. No enredo, uma perseguição que emenda na outra, dois protagonistas que não se afetam com o que acontece ao seu redor, a maior destruição de carros policiais da história do cinema, e o fantástico show no Palace Hotel Ballroom, onde eles ensinam que everybody need somebody to love.
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Eu captei a mensagem, e achei meu alguém logo em seguida...
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No final, a banda toda está presa, tocando Jailhouse Rock para os outros detentos. Para quem não domina o inglês, como eu, vale a pena buscar a tradução.
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Depois disso, tinha assistido só mais uma vez nesses anos todos, e na televisão, com os prejuízos da dublagem, dos comerciais, etc. Confesso que ter o filme ao meu dispor, para assistir quando quisesse, era um sonho de consumo. E depois de anos pacientemente procurando em locadoras, e nunca encontrando, me rendi. Azar do goleiro, baixei da internet.
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Mas antes que me apontem o AI-5 Digital do tal Senador Azevedo, invoco a lei, a jurisprudência, o Direito Comparado e o Código Canônico, e assevero que não intentei lucro, nem farei da obra exposição ou uso público indevido, considerando assim, data maxima venia, que não violei eventuais direitos de propriedade tutelados pelo estatuto repressivo. Pelo menos, em tese.
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Assisti o filme junto com minha filha Luísa, que adorou. Pelo jeito, não sou o único sem-noção da família.
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