quinta-feira, 9 de julho de 2009

Treinadores

Uma coisa que não pude deixar de notar, nos jogos do Pan e nas Olimpíadas, é a relevância que os treinadores alcançaram, com certeza uma conseqüência da profissionalização do esporte, que exige dos atletas uma atenção absoluta a pequenos detalhes técnicos, imperceptíveis para leigos, mas decisivos para a conquista de resultados positivos.

Mas, por maior que seja o vínculo que os treinadores atuais possuam com seus atletas, nenhum se equipara em importância ao treinador do Ceguinho, figura mítica que, segundo consta, viveu em São Luiz Gonzaga, nos anos 20 século passado. Ele era cego de nascença, mas temido nos bolichos da cidade e redondezas.

Invencível numa briga de faca, volta e meia o Ceguinho espetava um vivente na ponta da adaga.

A agilidade com a arma branca vinha das instruções precisas do seu treinador, um anãozinho, que em caso de peleia subia nos balcões dos bolichos, e orientava seus movimentos gritando: em cima, embaixo, direita, esquerda, pra frente, pra trás, aperta, afrouxa, avança, volta, crava, puxa, e por ai afora.

Fazendo de forma precisa, com a adaga, os movimentos que o anão mandava, Ceguinho logo feria mortalmente os adversários. Isso só acabou no dia em que um índio, antes de pelear com o cego, deu um tiro no anão.

Se foi a invencibilidade ...

PUBLICADO ORIGINALMENTE NO JORNAL PONCHE VERDE, DE DOM PEDRITO, RS,
EM 11.08.2006, E NO LIVRO CRONICAS ESCOLHIDAS, DO AUTOR DO BLOG, EM JULHO DE 2008.

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