sexta-feira, 19 de março de 2010

Análises Clínicas

Fui visitar meu sogro, Seu Noé, lá em Dezesseis de Novembro, no final de semana passado. Contador de histórias é ele, e a última foi fantástica.

Diz que uma Prefeitura dali das redondezas contratou um laboratorista, para fazer as tais análises clínicas da população, como medida de prevenção a doenças, e tal. E o rapaz, recém-formado, trouxe uma aparelhagem de ultíssima geração. E como os diagnósticos são para lá de precisos, há muitos elogios na comunidade. Satisfação total, com o Prefeito. Tem até gente de municípios vizinhos indo fazer os exames lá nesse lugar.

Só que o pessoal da oposição gostou dessa aprovação toda. Daí um adversário político resolveu sabotar os exames, para diminuir a credibilidade da saúde pública.

Foi até o laboratório e pegou um kit para coleta de urina. De noite, em casa, encheu um pouco do vidrinho com o seu próprio material. Depois, quando sua filha chegou da aula, pediu que completasse com mais um pouquinho. Não satisfeito, foi até o galpão e pegou um pouco de óleo que tinha sobrado da troca de motor do carro, e completou a amostra. Sacudiu bem para misturar, e na manhã seguinte deixou no laboratório.

Passados alguns dias, o laboratorista mandou chamá-lo para uma conversa reservada. Ele foi todo vitorioso, esperando que confessasse o fracasso nos exames. Chegou lá, o rapaz mandou que sentasse, e ficou folheando os papéis, coçando a cabeça, como quem não sabe bem por onde começar a conversa ...

- Seu Florêncio ... seus exames ... é o seguinte ... eu não sei ...

- Pode dizer! Qual é o resultado, afinal?

- É que, pelos exames, tá marcando que o senhor só tem vida para mais uns quatro ou cinco meses ...

- Mas que barbaridade! Como é que uma máquina pode dizer uma coisa dessas???

- Isso eu até que entendo. Com relação aos seus resultados eu entendo. Só não consigo imaginar como é que o computador descobriu que eu tô comendo sua filha, e que o fuca funde o motor em duas semanas!


Nenhum comentário:

Postar um comentário