Segue o texto.
“O Rio Grande do Sul paga os piores salários do país aos policiais. Há um claro e inadmissível contraste entre essa realidade e o fato de estarmos entre os entes federados com maior economia. Seria razoável esperar que os gaúchos tivessem mais capacidade de remunerar mais dignamente servidores que cumprem funções essenciais e exclusivas de Estado. A segurança pública frequenta prioridades de discursos e anima campanhas midiáticas por menos violência e contra as drogas.
Eis que quando iniciativas surgem para tentar alterar o quadro salarial vexatório, o segmento hegemônico de imprensa volta suas baterias contra a suposta farra de dinheiro público. Reportagens que parecem desconsiderar a realidade dos policiais e de suas famílias recrutam especialistas para afirmar que piso salarial nacional para a categoria é ruim. Por quê? Porque os estados têm capacidades financeiras diversas. Ora, mas se é piso, por que os com mais disponibilidade de caixa não podem pagar mais, como já faz o Distrito Federal? Por que o salário mínimo é nacional sem prejuízo de pisos regionais acima do mínimo nacional?
Há um esforço perverso nas notícias que atiram contra aquilo que defendemos. Chama-se editorialização de reportagens. Funciona assim: primeiro fecha-se questão sobre determinado assunto. Depois, são pautadas matérias com diversos ângulos que apontam para irresponsabilidade, farra e impactos supostamente insuportáveis para a sociedade. Colunistas mantêm o tom do discurso único e uníssono, afinal os veículos são livres para não serem plurais em visões de mundo.
Não é suportável ter os mais baixos salários do país e, ao mesmo tempo, ter a metade do efetivo previsto. Não é suportável exigir elucidação de inquéritos apenas quando uma pessoa importante é assassinada.
Não é suportável um policial ter a própria vida pautada pelo cotidiano da violência e, ao mesmo tempo, ver sua família refém da falta de perspectivas salariais condizentes com sua atividade. Mas a opinião de Zero Hora, por exemplo, chama o esforço legislativo e a necessária discussão sobre salários de policiais de “demagogia com dinheiro público”. Triste ver isso.
Os donos da mídia acham que o Estado tem que resolver o problema da segurança, desde que não se toque nos caixas que servem para isenções fiscais para grandes empresas - que também são grandes anunciantes. Não questionam seriamente a publicidade oficial que espalha outdoor onde a segurança pública melhora 151%.
Escondem em canto de página a notícia de que o Rio Grande do Sul usou recursos do SUS para fazer, irresponsavelmente, proselitismo em favor do déficit zero.Se morre ou adoece pobre que depende da saúde pública, paciência, pois o importante é reservar recursos para fazer negócios, espúrios inclusive, com aquele 1% da sociedade que detém quase 50% da renda nacional.
Se morre gente com tiros na favela ou se tem enchente nos bairros sem sanemento e sem captação de águas pluviais, no limite, torcem a verdade para culpar as vítimas. Basta de cinismo.
No enredo salarial do serviço público, policiais são vítimas e como tal exigem ser tratados. Quem atira contra nossos direitos de almejar salário digno está contra o direito essencial da sociedade de ter segurança pública de qualidade.
O poder das rotativas pode até tolerar aumentar muito acima da inflação os salários dos poucos que ganham muito. Professor e policial? É demagogia pretender vencimentos dignos para essas duas categorias numerosas, cujas entidades representativas, quando denunciam as manobras do governo, são tachadas de radicais nesses mesmos veículos, pelos mesmos editorialistas e pelos mesmos colunistas supostamente independentes. Eles estão contra você.
A Ugeirm vai, sim, insistir na campanha nacional pela aprovação da PEC 446, já aprovada em primeiro turno. Como se vê, existem aliados poderosos contra os interesses dos policiais espalhados no país, no RS inclusive. Nossa organização e unidade precisam ser fortes o suficiente para vencer a dissimulação do topo da pirâmide, que vira a cara para o lado da “responsabilidade” para não olhar para baixo, onde sempre tem um lugar reservado aos “irresponsáveis”.
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Quarta-Feira, 10 de Março de 2010
ResponderExcluir10/3/2010 - 18:15h
Deputado conclama greve nacional em prol da PEC 300
Rodolfo Torres
Depois da decisão de adiar a votação das PECs em 20 dias na Câmara, o deputado Capitão Assunção (PSB-ES) subiu à tribuna da Câmara para conclamar os trabalhadores do setor de segurança a uma greve nacional em prol da PEC 300 (matéria cujo texto-base já foi aprovado).
“Só desse jeito vamos ser respeitados. Temos de parar o Brasil. Os trabalhadores de segurança pública têm de parar a nação brasileira para serem respeitados”, gritou o capixaba enquanto era aplaudido pelas galerias lotadas.
Segundo o deputado, o governo federal é o culpado pela paralisação da PEC, que garante piso salarial para policiais e bombeiros militares. “A intenção deliberada por parte do governo é não votar o piso salarial nacional dos policiais militares, dos bombeiros militares e dos policiais civis”, afirmou.
Após a fala do deputado, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), foi irônico em relação às manifestações dos favoráveis à PEC 300 nas galerias: “Está ruim isso aqui, heim?”. Em seguida, Temer pediu aos manifestantes que fizessem silêncio, sob risco de ter que pedir o esvaziamento das galerias.
http://www.congressoemfoco.com.br/noticia.asp?cod_canal=1&cod_publicacao=32134
Conheço o Isaac fz muito tempo e tenho pela UGEIRM o maior respeito. Recebo todas as semanas deles em minha caixa postal os boletins que posto no meu blog. Tenho ainda maiorrespeito por eles, pois este desgovernoque aí está é identico ao do cretino do Britto. Gentalha da mesma laia.
ResponderExcluirSão tão ordinário s que andam colocando à margem de rodovias alguns out-doors dizendo entre outras coisas que a segurnaça pública melhorou 151% neste três anos. Das duas uma: ou sonham acorddos ou tomaram um litrinho de cachaça, pois dentro da racionalidade isto não se explica. Isto que estão apregoando é a legítima tertúlia flácida para dormitar bovinos. Esquecem eles que nossa Polícia Judicária não tem idiotas em seus quadros.