quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Saudosa senzala

...
O Brasil mudou muito nesses últimos anos, e nem todos prestamos atenção ou nos demos conta, para bem ou para mal não somos os mesmos.
...
Especialmente as classes C e D são as novas protagonistas num país que não estava acostumado com isso, agora elas compram, estão mais visíveis. Pequenos detalhes, como ter um telefone que era caro e difícil, hoje é barato e banal, estão acessíveis a geladeira nova, a TV maior, o trânsito está entupido por novos carros. Prestações e carnês enchem as lojas e esvaziam as prateleiras.
...
Entre os irritados com a conjuntura atual, encontram-se alguns economistas que, em seus termos misteriosos, fazem previsões de que pagaremos caro pelos dias de fartura. Sei lá, sou ignorante de suas sabedorias.
...
Mas há outro tipo de gente incomodada com a situação atual, e esses, sim, me exasperam: são os viúvos do sistema de castas, que tinham um sem-número de pobres à mercê de suas roupas velhas, pequenas esmolas e favores de senhor da casa-grande. Essa senzala invisível está sendo erradicada do coração dos mais humildes, mas sobrevive na memória recente dos mais abastados e não é fácil abrir mão dela.
...
A diferença social fazia de qualquer remediado de classe média um senhor feudal, sua vida era mais admirável, seus bens mais reluzentes, seus filhos mais promissores. Hoje, o filho de uma empregada doméstica pode disputar vaga na universidade federal com o da patroa que estudou em escolas caras, graças ao sistema de cotas, o que enche esta última de indignação, e ambas podem ter o mesmo modelo de celular.
...
Mesmo entre os intelectuais, uma miséria digna e consciente lhes parece mais atraente do que essas novas hordas de entusiastas consumidores, de quem lamentam a banalidade de horizontes.
...
Um ser humano se torna o que é porque outro lhe faz espelho, contraponto. A miséria de uns auxilia a que a imagem de outros pareça mais faustosa, são papéis que se complementam. Melhores índices de qualidade de vida em um país, portanto, não têm motivo para agradar a todos, mesmo que seja por motivos inconfessáveis, inconscientes.
...
Estamos muito longe da igualdade social com que sempre sonhei, mas esse novo quadro, aliado ao fato de que os candidatos mais importantes neste pleito são oriundos das fileiras da luta contra a ditadura, me deixa de bom humor. Gosto de ver a política viva, embora ela costume aparecer apenas trajada de escândalos, prefiro-a paramentada de promessas.
...
Além disso, nunca esqueço que as eleições diretas foram uma árdua conquista, por isso, elas ainda me produzem certa emoção, simplesmente por existirem.
...
Artigo de Diana Corso, Publicado hoje no Zero Hora.


-------------------------------------------------
...
Nota do Blogueiro:

Há alguns meses, eu cancelei minha assinatura da Zero Hora. Um pouco por economia, pois qualquer vinte pilas a menos de contas, no fim do mês, é sempre bom. E outro tanto porque ficava muito bravo, com a linha editorial anti-petista do tablóide. Não conseguia mais ler o jornal sem notar que atrás de cada fotografia, manchete, parágrafos ou retranca havia uma intenção, mal escondida, de avacalhar a esquerda. Ficava com raiva, e com isso subia a pressão, o que não é bom. Decidi que não precisava de mais esse incômodo.Cancelei.

Além disso, a Djanira também não estava lendo mais. Ela está sempre às voltas com livros, lendo no mínimo dois, às vezes três ao mesmo tempo, e se informa pela Internet. Nem dava bola pro ZH. 

Mas não nego que, de vez em quando, surgem coisas boas no jornal da Azenha. Esse texto de hoje, da Diana Corso, que li de manhã no Diário Gauche, um dos meus favoritos, é maravilhoso. Resumido, simples e cheio de conteúdo.

E por coincidência, ontem mesmo, na nossa caminhada diária, tinha perguntando para Djanira qual  explicação psicológica para tanto ódio contra os "emergentes". E ela me deu essa mesma explicação. Muito bom.

Então, não resisti, e decidi compartilhar esse texto precioso. Boa leitura.

Vox Populi confirma: é Dilma no primeiro turno

terça-feira, 28 de setembro de 2010

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Dia de comício




Estava muito lindo o programa do Tarso, hoje, sobre o comício de sexta-feira.
...
É nessas horas que eu sinto por moramos tão longe de Porto Alegre. Quinhentos quilômetros é muita distância. Um pessoal daqui foi, de excursão. Mas eu passei.
...
Outro comício desse tipo, de novo, só em 2014.
...

sábado, 25 de setembro de 2010

Depois me chamam de paranóico ...



A imagem acima reproduz a página inicial do IG, hoje, na parte sobre a cobertura das eleições. Depois me de digam se não parece manipulação de notícias, contra o PT, e a favor dos tucanos.
...
Segundo a manchete principal, o Anastasia (do PSDB-MG), tem 42% no Vox Populi, e VENCERIA no primeiro turno.
...
Mais abaixo, em título menor, a manchete diz que Tarso (do PT-RS), tem 45%, no mesmo Vox Populi, e PODE VENCER no primeiro turno.
...
Pelo que eu sei, data venia, 45% é mais que 42%. Então, quem "venceria" (e vencerá) é o Tarso, e quem "pode vencer" é esse outro.
...
Depois me chamam de paranóico ... 
...

Baile do Sapucay



...

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Eu odeio mosquitos

Eu vou morrer e não vou ver tudo, mesmo. Em um mês fui atacado duas vezes por enxames de mosquitos. Juro que eu não sabia que mosquito andava assim, em bando, mas é pura verdade. 

Eu sempre achei que eles esperavam a gente dormir, e depois vinham sorrateiramente sugar nosso sangue, mais ou menos como o Imposto de Renda faz com o salário. Mas agora, tive essas duas experiências, nas quais eles andavam em turma, atacando em esquadrilha. Talvez seja  alguma mutação genética.

A primeira vez foi numa madrugada em que estava trabalhando num flagrante e entrei numa peça da Delegacia que não é muito usada.  Quando acendi a luz, me deparei com um redemoinho de mosquito, acho que uns cento e cinqüenta, ou mais, não deu para contar, fiquei pasmo só com o zumbido. E os bichos se prevaleceram, atacaram, querendo me charquear.

Como já tinha experiência nesse tipo de confronto, uma vez com abelhas e duas vezes com marimbondos, usei a técnica adequada para me defender: cravei o pé. Mas não escapei de levar umas mordidas.

Daí, me revoltei, e resolvi extinguir com essas pragas. Comprei duas caixas de Boa-Noite, três SBP e vários refis, desses de botar na tomada. Esperei uma sexta à noite, e gastei todo um tubo de inseticida, dedetizando todas as peças. Depois, coloquei os refis nas tomadas, e acendi uns vinte Boa-Noite, em pontos estratégicos. 

A DP ficou parecendo um desses quartinhos de defumar salame, não dava para enxergar nada além de metro e meio. Por pouco não vieram os bombeiros, achando que era incêndio.

Repeti a operação no sábado e no domingo, mas não adiantou nada.  Desisti quando vi os bichos carregando um Boa-Noite aceso para o lado da Sanga das Piúgas. Acho que ficaram viciados. Deve ser tipo maconha para eles.

Da outra vez, estava caminhando à tardinha, e pisei na grade de uma boca-de-lobo, na esquina da Sete de Setembro com a Moreira César. Quando percebi, estava bem no meio de outro rebanho de mosquitos. Desta vez, eram milhares. Ainda bem que eu não sou boca-aberta, respiro pelo nariz, senão tinha engolido meia dúzia.

De novo, tive que estufar a bombacha na bunda, correndo, porque eles são selvagens, se atracam, mesmo.

A gente conta brincando, mas esse problema é sério. No ano passado conversei sobre isso com um oficial do Exército, que antes de vir para Dom Pedrito trabalhou em tudo quando é canto do Brasil, norte, nordeste, Amazonas, Pantanal. Ele tem curso de sobrevivência na selva e tudo o mais, e contou que, mesmo nesses lugares inóspitos, nunca tinha visto tanto mosquito quanto aqui.

Pelo jeito, devemos estar em primeiro lugar no ranking nacional de mosquitos per capita.

Alguma coisa precisa ser feita, e não basta tapar a Sanga, pois nos lugares onde ela foi canalizada a situação é a mesma, os mosquitos saem das bocas-de-lobo ou de pátios onde há lixo acumulado.

Graças a Deus, o mosquito transmissor da dengue, o tal aedes egypti, parece que não sobrevive por aqui, senão já haveria algum contágio. Eu, que fora esses causos, fui mordido outras trocentas vezes, era um que já tinha esticado as canelas.

Acho que vou fazer uma comunidade no Orkut, “Eu não gosto de mosquitos”, só pra ver se tem algum conterrâneo (agora sou cidadão pedritense) que concorde comigo. Ou melhor, vamos combinar, quem tiver algo a dizer sobre o assunto, por favor mande um e-mail para o endereço acima.

Depois eu conto se tem mais alguém incomodado, ou se estou sozinho nessa.

Original publicado no jornal Folha da Cidade, Dom Pedrito, 11.11.2006


Hoje é dia de lembrar da Olga

O site Vermelho, do PCdoB, falando na data de hoje na história, lembra que em 23 de setembro de 1936, o governo brasileiro, em uma das páginas mais infelizes de nossa história, entregou Olga Benário Prestes à Alemanha de Hitler.

Olga, na ocasião com 28 anos e grávida de sete meses, foi embarcada em um navio alemão e levada pela Gestapo direto para os campos de concentração, ou melhor, campos de extermínio nazistas.

Lá, deu a luz a uma menina, Anita Leocádia Prestes, que lhe foi tirada pelos nazistas, e somente resgatada, pela mãe de Prestes, anos depois, devido a uma intensa mobilização humanitária internacional. Luiz Carlos Prestes, nesse tempo, estava preso (1935-1945) por ter liderado a Intentona Comunista.

Depois de passar por vários campos de trabalho escravo, Olga foi assassinada, como milhares de outras pessoas, nas câmaras de gás do campo de concentração de Bernburg, em dia ignorado, na pascoa de 1942.

Considero importante que as novas gerações conheçam essa história. Isso não aconteceu em filmes, é vida real.

Para isso recomendo dois livros: "Olga", de Fernando Morais, e "O Cavaleiro da Esperança", de Jorge Amado. "Olga" é mais fácil de achar. "O Cavaleiro" acho que não está em catálogo nenhum, o que é uma pena, pois é imprescindível para quem pretenda entender o Brasil. Mas deve haver alguns, pelos sebos da vida.

Na fotografia lá em cima, Olga já está presa, indo prestar depoimento, acompanhada de um policial. Um tratamento aparentemente civilizado, por parte de um Governo que logo depois a entregou para a morte certa.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Quanto vale uma praça, afinal?

Em dezembro do ano passado (14.12.2009, para ser mais exato), postei um texto aqui, com meu entendimento sobre o local onde está sendo construído o novo Fórum da nossa gloriosa Comarca.

Posto novamente, não só para chamar a atenção quanto à localização desse texto, no calendário, mas para deixar claro que não houve um "ataque ao Poder Judiciário", como uns e outros andam espalhando por aí.

Trata-se, simplesmente, da minha opinião cidadã, constitucionalmente protegida, sobre um tema de interesse da cidade. Aliás, a resposta até hoje não foi prestada: quanto vale uma praça, afinal?

Repito a crônica também, é claro, para que os amigos que não conheciam o blog, na época, possam fazer a leitura, agora.

Vai lá:

............................................................................

Quanto vale uma praça?

Alguns dias atrás, a cidade parou para a cerimônia de lançamento da pedra fundamental do novo Fórum. O edifício será construído na Praça ao lado do Hospital Materno infantil, e a cerimônia reuniu a nata da sociedade são-luizense.


Eu não fui na festa. Não que seja contra a construção, ou contra a melhoria das condições em que o Estado, por qualquer de seus poderes, presta seu serviço público. Acho correto que os funcionários do Judiciário tenham condições confortáveis de trabalho, da mesma maneira que todos os servidores, de todos os órgãos, deveriam ter. Apenas resolvi não ir.

Não posso prestigiar uma cerimônia, por mais meritória que seja, que esteja embasada na destruição de uma praça, em uma região da cidade na qual não poderá ser substituída. Sei que houve debate acerca da localização do prédio, antes de minha transferência para cá. E que ganhou a posição "desenvolvimentista". É preciso construir o prédio ali para desenvolver o bairro, disseram. E para que São Luiz seja um polo de desenvolvimento regional. Daí o Alcaide correu a doar o terreno de uma preciosa praça para que, derrubadas as árvores necessárias, seja construído o prédio de seis andares.

Eu lembro do início dessa praça. Quando eu era bem pequeno, nos anos 1970, a Construtora Veloso e Camargo veio para São Luiz, construir a BR 285. E se instalou em todo aquele quarteirão do Bairro Agrícola, a uma quadra ao norte da avenida, e duas quadras ao leste da Rua Hipólito Ribeiro. Eles construíram uma vila de casas pré-fabricadas, ao redor da quadra, e no miolo do quarteirão, um campo de futebol espetacular, todo nivelado e cercado por tela.

Depois que e BR ficou pronta, e a construtora foi embora, e restou o campo, nivelado, no qual passávamos as tardes jogando memoráveis peladas, gazeando a aula no Polivalente. Alguns craques saíram dali.

Na década de 1980, caparam a metade do terreno, e construíram o Hospital Materno Infantil. Depois, foram ampliando o prédio, para abrigar outros serviços municipais, especialmente na área da saúde.

A parte de baixo da praça foi deixada em paz desde então, e as árvores cresceram, havendo atualmente muitas com altura superior a vinte metros. A praça contém, inclusive, vários caminhos internos, e com um pouco de capricho, um parquinho para crianças e umas mesas de damas para os idosos, poderia ser facilmente transformada em uma praça tão aprazível quando a da Matriz, no Centro, reconhecida como uma das mais belas do Estado.

Não sei por que raios o Judiciário resolveu construir logo ali o novo prédio, ocupando mais um quarto do quarteirão. E acho que a Prefeitura doou sem pensar muito. Melhor não contrariar o Judiciário ...

Há alguns erros nesse encaminhamento, na minha singela opinião.

Primeiro, tá certo que é o "maior investimento público da história”, um prédio de 11 milhões de reais, e blá-blá-blá. Mas não é por isso que tinha que ser logo ali. Poderia ser qualquer outro terreno que a prefeitura tivesse, ou então desapropriasse para repassar ao Judiciário, tendo em vista o interesse público.

Mas não esses espaços estratégicos, já usados como praça ou com potencial para essa ocupação. O investimento em praças, com áreas de lazer e quadras para prática esportiva, é uma das principais maneiras do Município investir em Segurança Pública, muito mais eficaz que doar viaturas para a Polícia ou a Brigada.

Segundo, por qual razão o Judiciário, que tem dinheiro sobrando para construir prédios de milhões de reais, não compra os terrenos, devendo as prefeituras bancar essa despesa? É como se fosse a vaca mamando no terneiro.

Uma Prefeitura na qual faltam recursos para investimentos mínimos, como pavimentação decente nas ruas, ajudando um Poder que possui verbas suficientes para comprar qualquer terreno que quisesse. As prefeituras deveriam ser liberadas desse ônus, quando mais não fosse para construírem seus próprios prédios, para atendimento mais qualificado aos cidadãos e melhores condições de trabalho para o funcionalismo.

Terceiro, para mim é equivocado retirar esse serviço do Centro da cidade, para longe dos bancos, do transporte coletivo, do comércio, dos escritórios de advogacia, dos cartórios extrajudiciais, da Prefeitura, da Câmara, etc, e levá-los para quase dois quilômetros de distância. Haverá, imediatamente, uma demanda por investimentos da Prefeitura no entorno do novo prédio, do Transporte Coletivo à pavimentação, serviços esses que já estão prontos no Centro da cidade.

A descentralização vai no sentido oposto às tendências modernas de urbanismo, que defendem a concentração de serviços públicos em um determinado bairro, para que haja menos deslocamento, menos poluição pela fumaça dos carros, etc.

Soube que a vereadora Xuxu, do PT, foi uma das poucas pessoas lúcidas que argumentou sobre a possibilidade de buscar um local alternativo para o Foro. Mas basta acompanhar as sessões da Câmara, para ver que não passa uma semana sem que um vereador da situação a chame de "inimiga da cidade", por sua posição naquele debate.

O Edil a acusa de trabalhar para que São Luiz não se transforme em cidade-polo da microrregião, por ter defendido uma discussão melhor sobre a doação da praça para o Judiciário. Esse é um raciocínio muito superficial.

Para mim, andou correta nossa companheira, ao tentar defender um dos últimos espaços públicos da extinção. Sim, porque em todas as cidades em que foi construído novo Fórum, logo adiante é construído ao lado um prédio do Ministério Público. E aposto uma via do Edital da Privaização, como a Prefeitura correrá a doar o restante da praça para o MP.

Além disso, é uma primariedade acreditar que a construção de um Fórum vá colaborar para nosso fortalecimento como cidade-polo. A regionalização se dá em função do modelo de desenvolvimento econômico. Se a economia determinar que São Luiz seja polo, assim será. Se a economia não se organizar nesse sentido, não vai adiantar construir nem Foro, nem Mirante, nem a Torre Eifell no Bairro Agrícola, que não será cidade-polo.

É uma pena que o próprio Poder Judiciário não tenha pensado em alternativas menos traumáticas para o futuro da cidade. Mas agora, o mal está feito. Inês é morta, e aquelas árvores logo serão.

Eu fico me perguntando quanto vale uma praça. Quanto vale aquela praça. Para mim, vale mais do que o prédio, por mais bonito, chique, caro ou funcional que seja.
...
............................................................................

OBSERVAÇÃO DO BLOGUEIRO

Sempre tive a maior consideração pelo Poder Judiciário, pelos Juízes de Direitos e pelos demais servidores da Justiça.

Já escrevi aqui que "me criei" dentro de um Cartório extrajudicial, onde cheguei a trabalhar, no início dos anos 1980. Já fui aprovado em concurso para Oficial Escrevente (1988), e Oficial de Justiça (1992), e em ambos os casos, só não fui trabalhar no Judiciário por que minha situação profissional na Caixa Federal era melhor. Mas confesso que meu coração balançou, na época.

Nunca fiz concurso para Juiz Estadual, mas cursei a Ajuris, logo após formado. E lá aprendendi muito com os vários professores juízes e desembargadores, como inesquecível Márcio de Oliveira Puggina, sobre o qual também já escrevi neste blog.

E nas inúmeras vezes em que me relacionei com o Judiciário, como profissional ou como cidadão, sempre tive a melhor resposta possível.

Assim, não dá para admitir que analfabetos funcionais, ou pessoas mal-intencionadas, queiram utilizar o texto acima para provocar intrigas.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Hoje eu topei com o capeta

Estava caminhando calmamente hoje de tarde, no caminho da lotérica, curtindo um solzinho, e pensando em adivinhar os números da mega sena, quando levei um baita dum susto.

Ia passando em frente ao prédio de uma igreja evangélica daqui, daquela franquia famosa, que tem programa na televisão e tudo mais, e que faz sessões de desencapetamento.

A igreja é interessante, porque fica em uma antiga concessionária de automóveis. Então, é tudo envidraçado, e apesar de uma cortina branca, meio que dá pra ver o que acontece lá dentro.

Apesar de distraído, percebi que havia um pequeno tumulto e uma movimentação, todo mundo em pé, e uma gritaria:

"SAI DAQUI DIABO MALCHEIROSO", "SAI DAQUI SATANÁS", "EU TE ORDENO ... FORA DAQUI SATANÁS". "DESENCAPETEIA"!

Báh, era grito e mais grito, muitos "Aleluia", "Glória a Deus", e uns barulhos de pauladas.

Não dei muita bola, pois já tinha ouvido isso outras vezes. Segui caminhando mais uns passos, mas aí ... rapaz ...

Quando cheguei bem na frente da porta ela se abriu, bruscamente, e saltou um Pastor na minha frente, com um relho na mão, enfurecido e dando-lhe relhaço, no chão e pra tudo que é lado.

O cara gritava "SAI CAPETA" e sentava o relho. Chegava soltar chispa das lajotas. E bem na minha frente.

Quê cagaço!

Não sei como é que não me borrei todo.

Não sou influenciável, mas me arrepiei tudo, quando senti aquela baforada, quente, sulfurosa, fugindo do Pastor, e passando praticamente por dentro de mim. Pobre diabo, tava lanhado a laço, e já vinha se desinvisibilizando com a sova.

Consegui me virar, ainda no susto, e juro que deu para ver a pontinha vermelha da cola do capeta, dobrando a esquina. Jesus!

Coisa de louco. Fiquei com os joelhos frouxos, por uns dez minutos.

Depois, quando o sangue voltou pra cabeça, andei um pouco e sentei no primeiro banco da praça. Fiquei um tempo ali, refletindo no caso. Depois de me acalmar, voltei para casa. Por outro caminho, é claro.

Quando cheguei, me dei conta que esqueci de fazer meu jogo. Azar. Não ia ser logo hoje, no dia em que eu topei com o capeta, que eu ia acertar, mesmo.

Vou contar uma coisa pra vocês. Eu nunca fui muito religioso. No Diabo, principalmente, nunca acreditei que existisse. Mas depois de hoje, pelo sim, pelo não, vou começar a dormir com um terço debaixo do travesseiro ...


Tarso consolida favoritismo

Confira aqui, no site deles mesmo, a mais recente pesquisa do Datafolha.

Considerando os votos válidos, Tarso chega a 54%. E só para lembrar, para liquidar no primeiro turno, são necessários 50% mais um voto. Ou seja, a folga agora é de 4 pontos percentuais. Os números são os seguintes:

Tarso 54%

Fogaça 30%

Yeda 14%


quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Sávio no Acampamento


Tchê, o Sávio está fazendo o maior sucesso em Porto Alegre, mostrando aos capitalistas (gente que mora na capital) sua obra "É dura a vida no campo", com as aventuras de Virso, Xiru Velho, do Porco e outros personagens de sua história em quadrinhos gaudéria.

O blog Direto do Acampamento, do clicrbs, tem publicando uma pequena amostra do trabalho, como se pode ver aqui.

Para quem quiser conhecer mais, dá para visitar o site do próprio Sávio Moura, aqui. É fora de serie!

Renato e a missão quase impossível


A charge é de Tacho, pescada aqui na Prancheta da Grafar.


segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Yeda e as pesquisas

Impressionante. Essa charge do Kayser é de 2007, no máximo início de 2008. Mas espelha o momento de hoje.

Acho que o Kayser deve ter alguma conexão com o Pai Arnóbio.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Esta água tem dono

Há quase um ano, postei um texto aqui, na intenção de estimular uma reflexão sobre a privatização da água em São Luiz Gonzaga, naquela época iminente, e ainda hoje ameaçadora. O texto foi também publicado no Jornal A Notícia. Resolvi postar novamente, para alcançar a quem eventualmente não o tenha lido, ainda.

A fotografia é a bela escultura "Sepé Tiarajú", do nosso genial conterrâneo Vinícius Ribeiro.

............................................................................


Esta água tem dono

Domingo eu fiz um mate e fui lá para o trevo da BR 285. Fiquei um bom tempo por ali, mateando e olhando a estátua do Sepé Tiarajú.

Tem razão o Pedro Ortaça, quando diz que
mateando a gente pensa. Fiquei matutando ...

O Sepé nasceu aqui, em São Luiz Gonzaga, que na época devia ter uns 5.000 habitantes. Isso entre 1710 e 1720. Fiquei imaginando a infância dele e dos outros indiozinhos, brincando pelos terrenos, em volta do Colégio e do Cabildo, bem onde hoje ficam a Praça e a Igreja.

Como a casa da minha família fica cerca de 100m, em linha reta, de onde ficava a catedral da Redução, certamente brinquei nos mesmos pátios das crianças de 300 anos atrás. Fiquei encardido com a mesma terra vermelha, comi as mesmas pitangas e amoras ...

Imaginei ainda a piazada caçando nas matas, coletando frutas silvestres, pescando no Arroio Barrigudo, e na outra meia dúzia de sangas, que havia ao redor da Redução. E também, nos dias mais quentes do verão, fazendo correrias até o Pirajú e o Chimbocú, só para nadar um pouco, e depois retornar correndo, coisa que até poucas gerações atrás a gurizada daqui ainda fazia.

Não se sabe com que idade Sepé ficou órfão, e foi levado para São Miguel. Se foi na adolescência, provavelmente foi ainda por aqui que ele viveu suas primeiras paixões, ou até mesmo se casou, pois o matrimônio era bem precoce. Consta que os padres apressavam os casamentos dos índios quando chegava a puberdade, para evitar que houvesse relações, em pecado venial.

Fiquei um tempão sozinho lá no trevo, mateando e pensando ...

Pensei que o Sepé muito deve ter andado, a pé ou a cavalo, por estes caminhos hoje transformados em ruas e estradas. Que muitas vezes olhou este mesmo horizonte, que sentiu frio nestes mesmos invernos. E muitas vezes apreciou a chegada destas primaveras.

Fiquei imaginando o que o Sepé faria quanto a essa questão da água.

Como ele fazia parte de ume elite militar, deveria ter condições de fazer o que séculos depois se convencionou chamar de “avaliação de conjuntura”. E perceberia que a intenção de privatizar os serviços de água e esgoto é a “ponta de lança” da empresa privada, para depois passar a explorar a venda da água mineral do Aquífero Guarani.

Diz a lenda que ele era voluntarioso. Devia ser, para conquistar o status de maior comandante dos guerreiros guaranis. Identificada a ameaça, certamente não ficaria assistindo. Iria à luta, com as armas que lhe fossem disponíveis.

Na guerra guaranítica, a resistência foi difícil, sofrida, no campo de batalha. Para fazer frente ao invasor, os índios produziram até canhões, adaptando a primeira fundição das Américas, destinada originalmente à fabricação de sinos para as igrejas.

Na luta atual, pela manutenção da água pública, as armas são outras, e as alternativas também tem que ser construídas. Mas tudo continua muito difícil e sofrido.

Uma frente será, com certeza, na esfera jurídica. Essa disputa, no entanto, é ingrata, pois o Prefeito tem a legitimidade da função. Além disso, está escudado por uma lei municipal, do ano passado, que lhe permite decidir por decreto sobre o Plano Municipal de Saneamento Básico, e como implementá-lo.

Outra frente será a mobilização da comunidade. Pode ser que, se ficar escancarada a rejeição à privatização, o Prefeito e seus apoiadores mudem de idéia. Afinal, é tão mais simples, vantajoso e não-oneroso para o Município apenas renovar com a CORSAN, como Santa Rosa, e agora Santiago, fizeram.

Tem muita gente querendo um plebiscito, mas o Alcaide nem dá bola.

Mas como mobilizar se a maioria das pessoas não está interessada no debate?

O que o Sepé faria nessa situação? Não dá para imaginar.

Meu devaneio andava assim
, quando a água da térmica acabou.

Antes de ir embora, não sem fazer, antes, uma relação entre a finitude da água da minha garrafa térmica, e a finitude da potabilidade do Aquífero, dei mais uma olhada para estátua.

Pareceu-me até ouvir que o cacique sussurrava:

Esta água tem dono ... Esta água tem dono ...

Mas quem dá atenção ao ensinamento de uma escultura?


segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Dilma indicou Autuori e Silas para o Grêmio!

Rapaz, tá muito engraçada essa onda do twitter, de mandar propostas de notícias para Folha de São Paulo, a fim de ajudar na busca por novos factóides para salvar o pescoço do Serra.

Eu também fiz a minha:

Foi a Dilma quem indicou o Autuori e o Silas para treinarem o Grêmio!

Tá tudo lá em #DilmaFactsbyFolha. Participe.
...

sábado, 4 de setembro de 2010

Papagaia de pirata


À direita, na fotografia, a suposta Governadora tentando tirar uma casquinha da popularidade do Lula. Isso foi ontem, na Expointer. Ver a matéria aqui, no Sul 21.
...

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Ana Amélia e a choradeira dos latifundiários

Rapaz, cheguei a ficar com pena do pessoal do agrobusiness ontem, no horário eleitoral da candidata da Arena ao Senado, a Ana Amélia Lemos.

A "ex" do Aparício, que no século passado cantava "não-aperta-aparício-não-aperta", entrevistou uns dez velhacos lustrosos, numa espécie de encontro, armado na Expointer. Ficaram todos sentados em um círculo, com ela numa das pontas, sendo filmada escutando atentamente as "demandas do setor".

E dos mais ou menos dez coitados e empobrecidos "produtores" entrevistados, pelo menos sete - que eu contei - fizeram uma choradeira.

"Falta renda", dizia um. "Não temos renda", replicava outro. "O principal problema é que não temos renda", repisava um terceiro.

Báh! Os coitados devem estar na merda!

Pelo que entendi, a Amélia continua se preocupando com o aperto, só que não é mais do Aparício, contra ela própria, mas de sabe-se-lá-quem contra os latifundiários gaúchos.

Isso é com certeza uma baita duma injusticia contra esse povo, que além de não possuir "quase nada" de terra, agora, além da estafante tarefa de ganhar o pão com o suor do rosto de seus peões e agregados, sofre com a tal falta de renda.

Imagino que seja aperto por parte do Governo. Deve ser, pois sempre ouço que o governo só atrapalha o agronegócio. E, o "lulismo" de resultados não deu nada para o campo, nesses anos todos. Nenhuma renegociação de dívidas com condições facilitadas, nenhum AGF, nenhum EGF, nenhuma abertura de mercado no exterior, nenhuma linha de crédito com juros subsidiados ... nada ...

No final da reunião-entrevista, a candidata que pretende "renovar" o Senado (quáquáquácofcofcof ... hããã ... desculpem) se comprometeu a lutar contra esse problema.

Afinal, segundo ela, se não é o esforço dessa gente, "não tem café da manhã, almoço nem janta na casa das pessoas", e "quando o campo vai mal, a cidade também vai mal". Discurso inédito, enriquecido por frases, aliás, nunca antes ditas por nenhum outro político direitoso na história deste Estado.

Fiquei matutando sobre o pobrema. Até me deu pena dos coitados. Ficar sem renda é um negócio muito sério. O Lula sabe bem disso. Sabe o que é passar fome. E por isso criou o Bolsa-Famíia, maior programa de distribuição de renda do mundo, pelo que dizem.

Então, alguém daí, desses blogs mais influentes, faça o favor de intervir, também, no sentido de aliviar esse martírio. Lancem uma campanha para incluir a todos esses "sem-renda" no Bolsa-Família.

Pelo menos para que os velhacos não passem fome, que ninguém merece.

Quem sabe, tendo essa força, podendo pelo menos comer três vezes por dia, eles possam até melhorar um pouco seu padrão de vida, tão sofrido ...