quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Eu odeio mosquitos

Eu vou morrer e não vou ver tudo, mesmo. Em um mês fui atacado duas vezes por enxames de mosquitos. Juro que eu não sabia que mosquito andava assim, em bando, mas é pura verdade. 

Eu sempre achei que eles esperavam a gente dormir, e depois vinham sorrateiramente sugar nosso sangue, mais ou menos como o Imposto de Renda faz com o salário. Mas agora, tive essas duas experiências, nas quais eles andavam em turma, atacando em esquadrilha. Talvez seja  alguma mutação genética.

A primeira vez foi numa madrugada em que estava trabalhando num flagrante e entrei numa peça da Delegacia que não é muito usada.  Quando acendi a luz, me deparei com um redemoinho de mosquito, acho que uns cento e cinqüenta, ou mais, não deu para contar, fiquei pasmo só com o zumbido. E os bichos se prevaleceram, atacaram, querendo me charquear.

Como já tinha experiência nesse tipo de confronto, uma vez com abelhas e duas vezes com marimbondos, usei a técnica adequada para me defender: cravei o pé. Mas não escapei de levar umas mordidas.

Daí, me revoltei, e resolvi extinguir com essas pragas. Comprei duas caixas de Boa-Noite, três SBP e vários refis, desses de botar na tomada. Esperei uma sexta à noite, e gastei todo um tubo de inseticida, dedetizando todas as peças. Depois, coloquei os refis nas tomadas, e acendi uns vinte Boa-Noite, em pontos estratégicos. 

A DP ficou parecendo um desses quartinhos de defumar salame, não dava para enxergar nada além de metro e meio. Por pouco não vieram os bombeiros, achando que era incêndio.

Repeti a operação no sábado e no domingo, mas não adiantou nada.  Desisti quando vi os bichos carregando um Boa-Noite aceso para o lado da Sanga das Piúgas. Acho que ficaram viciados. Deve ser tipo maconha para eles.

Da outra vez, estava caminhando à tardinha, e pisei na grade de uma boca-de-lobo, na esquina da Sete de Setembro com a Moreira César. Quando percebi, estava bem no meio de outro rebanho de mosquitos. Desta vez, eram milhares. Ainda bem que eu não sou boca-aberta, respiro pelo nariz, senão tinha engolido meia dúzia.

De novo, tive que estufar a bombacha na bunda, correndo, porque eles são selvagens, se atracam, mesmo.

A gente conta brincando, mas esse problema é sério. No ano passado conversei sobre isso com um oficial do Exército, que antes de vir para Dom Pedrito trabalhou em tudo quando é canto do Brasil, norte, nordeste, Amazonas, Pantanal. Ele tem curso de sobrevivência na selva e tudo o mais, e contou que, mesmo nesses lugares inóspitos, nunca tinha visto tanto mosquito quanto aqui.

Pelo jeito, devemos estar em primeiro lugar no ranking nacional de mosquitos per capita.

Alguma coisa precisa ser feita, e não basta tapar a Sanga, pois nos lugares onde ela foi canalizada a situação é a mesma, os mosquitos saem das bocas-de-lobo ou de pátios onde há lixo acumulado.

Graças a Deus, o mosquito transmissor da dengue, o tal aedes egypti, parece que não sobrevive por aqui, senão já haveria algum contágio. Eu, que fora esses causos, fui mordido outras trocentas vezes, era um que já tinha esticado as canelas.

Acho que vou fazer uma comunidade no Orkut, “Eu não gosto de mosquitos”, só pra ver se tem algum conterrâneo (agora sou cidadão pedritense) que concorde comigo. Ou melhor, vamos combinar, quem tiver algo a dizer sobre o assunto, por favor mande um e-mail para o endereço acima.

Depois eu conto se tem mais alguém incomodado, ou se estou sozinho nessa.

Original publicado no jornal Folha da Cidade, Dom Pedrito, 11.11.2006


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