terça-feira, 19 de julho de 2011

Aconteceu no Banditt Pub

* Por Günther de Menezes Sott
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Existe vantagem em tudo. Até em não beber na festa.
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Depois dessa cara de desconfiado e a contração do lábio inferior que muitos devem ter feito, eu explico:
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Esses dias, fui numa balada em um pub são-luizense legítimo. Aqueles que inflam o ego do mais chinelão que entra por aquelas portas de vidro.
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Tudo muito bem, tudo muito bom, eis que, lá pelas três da manhã, eu vi uma cena que me salvou a noite…
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Vinham andando um baixinho feio e uma morena linda de mãos dadas, pelo meio do salão. O pequeno cavalheiro tomou a frente, como que um batedor da polícia que garante o caminho a ser feito pelo Papa, ou Presidente, ou outra coisa qualquer.
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Vinha ele: peito estufado, mão esquerda à frente, empurrando os que lhe atravancavam o caminho; mão direita atrás, segurando a morena de lábios carnudos, bochechas rasas, olhos cor de mel, enfiada em um vestidinho branco que lhe marcavam a silhueta dos glúteos.
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Demais, demais.
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O baixinho ia abrindo um corredor e a morena vinha logo atrás. Andaram cerca de sete metros e, então, o pequeno cavalheiro deparou-se com um amigo dos bons. Não os conheço, mas julgo ser, pois ele o abraçou com o braço esquerdo e ofereceu-lhe um gole de sua Heineken.
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O cara ficou parado, mas, na mesma posição que vinha, de costas para a mulher.
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Eis que do ponto cego dele surge um terceiro personagem, que eu não sei bem de onde saiu, e se deposita ao lado da morena.
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O baixinho conversando com o amigo, e atrás dele a namorada sendo galanteada por um Ricardão inconsequente.
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Dediquei minha atenção ao momento, pois achei que ia ser engraçado ver o toco que o Ricardão ia tomar, ou, na melhor das hipóteses, observar uma troca de sopapos. Mas não!
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Eis que acontece o inesperado: o Ricardão se aproxima da morena, deposita sua mão direita na nuca da menina e tasca-lhe um beijo.
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Mas um beijo.
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E ela correspondeu, amigos. Com muita habilidade, pois nem mexeu, sequer, a mão que estava estendida logo à frente, presa na do seu namorado.
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Eu não sei quanto durou o beijo, fiquei extasiado.
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Então o Ricardão some, do mesmo jeito que apareceu.
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O amigo do pequeno pônei se vai, e o casal segue, lindo, leve e solto o seu desfile truculento pelo salão.
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Essa é a vantagem de não beber em festas. Se vê cada coisa.
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Com certeza, se tivesse bebido naquela noite, não lembraria. E a morena infiel permaneceria no anonimato.
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Mas repito: EU VI, MORENA!
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EU VI!
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* Günther de Menezes Sott é um jovem escritor, muito promissor, daqui de São Luiz Gonzaga. Ele edita o blog Madruguei Desatinado, e publica colunas no Jornal A Notícia. Convido também à leitura de outra crônica do autor: A bunda da Cláudia Leitte.
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