sábado, 30 de abril de 2011

Para que serve a monarquia inglesa?

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"Por que ainda temos uma monarquia? A Inglaterra abriu o caminho na luta para abolir poder absolutista da monarquia, quando o Rei Charles I foi executado em 30 de janeiro de 1649.

Foi logo após a Guerra Civil Inglesa entre forças leais à monarquia e as que defendiam o parlamento, lideradas por Oliver Cromwell.

Apesar disso, a monarquia ainda reina na Grã-Bretanha, ao contrário de países como França, Alemanha e Rússia, onde foram derrubadas.

Isto tem a ver, em parte, com a restauração da monarquia britânica após o governo de Cromwell.

A cada vez mais poderosa classe dos comerciantes fez as pazes com a monarquia para recuperar a estabilidade social.

Assim, Carlos II subiu ao trono em 1660, embora ele e seus sucessores desfrutassem de um poder bem menor que o que seu pai exercia.

O poder na Grã-Bretanha de hoje não está nas mãos da rainha. Mas também não está sob controle de nossos representantes eleitos.

Quem controla o poder é a classe capitalista, os que enriquecem à custa do resto de nós. A realeza age como um símbolo de classe.

Sua utilidade está na participação em missões comerciais e, como atração turística, ajuda a manter a imagem do sistema britânico de classe como algo “natural”. A monarquia é um golpe de relações públicas em favor do capitalismo britânico.

Nossos governantes, políticos e a mídia ainda nos encorajam a olhar a realeza com respeito e temor. Se nós veneramos nossos supostos superiores dessa maneira, significa que somos menos tentados a tomar medidas contra as condições sob as quais temos que viver.

Espera-se que a lealdade à monarquia unifique o povo inglês como uma família que estaria de certa forma acima da política, unidos como britânicos, não importa a que classe pertençamos.

Muitas pessoas acreditam que a monarquia é vital para a manutenção de um sistema parlamentar estável.

Para alguns, mesmo na esquerda, a idéia de reformar gradualmente o país depende de que esse sistema funcione.

Mas os socialistas deveriam rejeitar essa idéia. Ela implica concordar com o argumento que diz que outros aspectos do Estado também são neutros, como a polícia e juízes. E sabemos que não é o caso.

O Estado existe para defender os interesses da classe dominante. Na sociedade capitalista, isto significa defender os patrões.

Houve uma tentativa para tentar mostrar a monarquia como pessoas que estão "fazendo sua parte" nos últimos anos. Elas até tentam se comportar como pessoas comuns.

Este casamento não é exceção. A origem de classe média alta de Kate Middleton tem sido usada para dar a idéia de que a monarquia está se modernizando e permitindo que "novos ricos" participem de seu círculo restrito.

Faz parte de um projeto de reabilitação da imagem de uma monarquia que vem perdendo apoio rapidamente nas últimas décadas.

A imagem começou a ficar arranhada nos anos 1980 e 1990 quando a mídia começou a mostrar detalhes sobre a vida de luxo de que desfrutava a realeza às custas do Estado.

A revolta aumentou durante o período de recessão em que o governo conservador iniciou ataques brutais contra os trabalhadores.

Logo em seguida, o conto de fadas sobre casamentos reais também começou a desmoronar.

Em 1992, sozinho, três dos filhos da rainha, Charles, Anne e Andrew, haviam se divorciado publicamente.

No mesmo ano, o Castelo de Windsor, uma das muitas residências da realeza, pegou fogo. O prejuízo foi pago pelas pessoas comuns.

A popularidade da monarquia caiu tanto que a realeza teve que se adaptar. A rainha concordou em pagar imposto de renda pela primeira vez (usando o dinheiro que tira de nós) e turistas foram autorizados a visitar o Palácio de Buckingham (pagando uma taxa).

Mas essas reformas fizeram pouco para melhorar a popularidade da realeza.

Em 1994, Charles e Diana se divorciaram após vários anos em que sua vida privada ter sido uma fonte de notícias para os jornais sensacionalistas. Diana morreu em um acidente de carro em 1997.

Ela não era uma plebéia, mas a percepção de que a família real não a respeitava porque não seria fina o bastante atingiu a popularidade da monarquia ainda mais fortemente.

Hoje existe pouco entusiasmo com a realeza, apesar de todo o frenesi da mídia com o casamento. A idéia de que Deus escolheu a família real para nos governar já foi amplamente aceita. Poucos acreditam nisso, agora.

Mas num momento em que temos um governo de milionários que estudaram em escolas de elite, a promoção da monarquia é parte do esforço da elite para reafirmar seu domínio sobre nós.

A monarquia é parte do sistema capitalista no país.

Somente através de uma mudança revolucionária é que podemos nos ver livres desse sistema de classes e todos os seus absurdos.

Até isso acontecer, nossa sociedade continuará a ser governada por um poder que não foi eleito, cujo trabalho é manter o resto de nós em nosso lugar."

* Artigo pescado de Socialist Worker, via Revolutas

* A charge é de Lute, pescada aqui.
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