segunda-feira, 26 de abril de 2010

Vendetta em São Luiz Gonzaga

Corre notícia na cidade que nosso Prefeito resolveu ir à revanche contra as pessoas que o impediram de privatizar os serviços de água e esgoto. Ou, pelo menos, contra as quais possua alguma maneira de retaliar.

Com relação a este que vos escreve, há desde o ano passado uma boataria na cidade, de que estaria sendo transferido, a seu pedido. Mas, pelo menos até agora, ficou tudo só na falação, o que demonstra que se houve realmente alguma movimentação do Alcaide nesse sentido, não obteve guarida nos escalões superiores da Polícia. Eu continuo tranqüilo, com orgulho de ter participado daquela luta, através deste blog, mesmo reconhecendo que minha participação na luta foi de mero coadjuvante (ver textos sobre o assunto na barra lateral direita).

Além disso, acredito muito em um ditado antigo, que praga de urubu magro não mata cavalo gordo. Não vai ser a vontade de um político menor, vinculado a um governo estadual que na prática já terminou (mas continuará servindo cafezinho frio até o final do ano), que vai bancar a transferência de um Delegado de Polícia.

Mas há, mesmo, claros sinais de vendetta, na Praça, ao melhor estilo siciliano.

Os acontecimentos atuais da política local, por exemplo, são de ataque aos vereadores Aldimar Machado, o Buzina (PSDB), e Junaro Figueiredo (PP). Ambos, coincidentemente, apoiaram o Comitê em Defesa da Água Pública, e fazem oposição ao Governo, na Câmara Municipal, embora tenham sido eleitos pelos mesmos partidos do Prefeito (PSDB) e seu Vice (PP).

Contra Buzina, o Prefeito fez uma jogada de dois movimentos. Primeiro, promoveu uma intervenção no PSDB local, destituindo o vereador da Presidência do Diretório, com um argumento administrativo fraco, mas que colou (ele não teria convocado eleições no prazo devido), e assumindo pessoalmente o cargo, com apoio da maioria da militância tucana, liderada por filiados em altos cargos no Executivo.

Depois, mediante “denúncia de um filiado”, abriu processo na Comissão de Ética, pela expulsão de Buzina, sob outra alegação, a de que não teria votado conforme orientação do Partido na eleição da mesa diretora da Câmara.

Esclareço que no início do ano, a Prefeitura havia ensaiado uma chapa encabeçada por um vereador do PP (José Antônio Caetano Braga, o Sapo). Não se sabe se houve orientação formal, ou não, mas o certo é que Buzina não votou na chapa de Sapo, e a presidência da Câmara acabou tocando a Francisco Lourenço, do PDT, que integra o grupo de vereadores de oposição apelidado de G-6.

O Vereador Buzina será julgado esta semana, dia 29 de abril, e já pode ser considerado condenado, pois a Comissão de Ética é composta pelo Secretário de Obras, pela Secretária da Saúde e pelo Procurador do Município, todos eles carne-e-unha com o Prefeito.

Em entrevista, o edil disse ter requerido que o julgamento seja pelo Diretório Estadual, pois teria prerrogativa de foro, em função do seu mandato, mas o Procurador do Município (um dos futuros julgadores) já afirmou que não tem choro, o julgamento será aqui mesmo.

Já contra Junaro Figueiredo, soubemos esta semana que ocorreu o mesmíssimo movimento, através de um militante do PP, de pedir a expulsão por deixar de votar no Sapo para Presidente da Câmara. Só que, nesse caso, falam que a denúncia foi feita no Diretório Estadual. O Junaro, parece, estaria mais garantido, pois segundo comentam, teria recebido a comunicação formal para votar em Sapo somente depois de ocorrida a dita votação.

De qualquer forma, o objetivo do Prefeito é cassar o mandato de dois dos parlamentares de partido de sua base que estão em desalinho com sua forma de administrar. Dizem as más linguas que os suplentes de ambos já teriam entrado em acordo para formar uma nova maioria na Câmara, favorável ao Executivo.

Há quem aposte que o Buzina manteria o mandato, na Justiça, com alguma facilidade, por ser escancarada a perseguição partidária. Eu também acredito nisso. E o Junaro é um rapaz muito cuidadoso com as questões legais, não deve ter deixado nada desamarrado, que permita a expulsão do partido.

Embora não sejam de meu partido, desejo sinceramente que ambos superem essa baixaria, e mantenham o mandato conseguido nas urnas. Junaro obteve 1.053 votos, e Buzina 988, sendo respectivamente o 4º e 5º candidato mais votados, e cassá-los de maneira tão sub-reptícia corresponde, para mim, a aplicar um golpe em mais de 2.000 eleitores, praticamente 10% dos sãoluizenses que votaram nas últimas eleições.

Na verdade, esse desespero em conseguir maioria na Câmara parece não ser apenas vendetta. Tudo indica que seja um movimento estratégico, já pensando no processo de impeachment que o Alcaide eventualmente possa sofrer ainda este ano, ou no início do ano que vem.

Ocorre que Sua Excelência já foi condenado pela 4ª Câmara do Tribunal de Justiça, no ano passado, por ter praticado crime de fraude em licitações. E na ocasião, só não teve o mandato cassado na sentença porque os desembargadores entendem que o condenado perde o cargo que ocupava quando praticou o delito. E ele era Vice Prefeito (ocupando a Secretaria de Obras), na época dos fatos, mas na data da sentença já era Prefeito reeleito.

Só que, depois disso, há cerca de 15 dias, houve aceitação de outra denúncia na 4ª Câmara do Tribunal de Justiça, novamente por crime de licitação, esse praticado quando já era Prefeito. E cá entre nós, as apostas são altas de que será condenado, e desta vez talvez tenha decretada a perda do seu mandato.

Mas se for condenado de novo, sem perder o mandato na sentença, da maneira que vem semeando inimigos na política, dificilmente escapará de um processo de impeachment na Câmara. Nesse caso, com apenas três vereadores fiéis, como agora, a possibilidade de ser impichado é bem plausível.

Então, a expulsão de Buzina e Junaro de seus partidos, e a tomada de seus mandatos para serem assumidos por suplentes dóceis, além da vendetta pela oposição na Câmara (e por ajudarem a trancar a privatização da água), serviria também para proteger seu mandato, daqui mais alguns meses.

Nessa Prefeitura, Maquiavel é estagiário!
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4 comentários:

  1. Tranferir um delegado a fim de "puní-lo" por manifestações sem seu blog pessoal seria típico abuso de poder, além de violação ao direito constitucional de liberdade de expressão.
    Inaceitável!

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  2. Pois é, doutor. Mas quem pariu Mateus que o embale.

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  3. Ui tio, esse PSDB não aquele q manda matar quem atrapaia o caminho deles. Ui mizifio.
    Ai tio, tenho meda deles tio.
    Onipotência e vaidade é coisa de criança.
    Será q estamos vivendo a era dos "psicopatas no poder", ui tio q meda!!!

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  4. Salve nobre delegado...
    Parabéns pelo texto, ainda espero aquele que prometeu para nosso humilde jornal eletrônico.
    Anderson Schmitz

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