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Estava ouvindo essa música ontem, e foi impossível deixar de relacionar a decadência da malandragem cantada pelo Chico, ao ocaso que vejo na dita “militância”.
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É que, cada vez que ouço essa música, lembro daquela militância, a verdadeira, a militância que não merecia ser escrita “entre aspas”. A militância que eu conheci, tempos atrás.
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A militância que colocava a causa acima da vontade, a necessidade do povo acima dos interesses pessoais. Que foi à luta. Que estudou e compreendeu como as coisas funcionam. E que se ofereceu, para mudar o mundo.
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Há tempos eu queria homenagear àquela militância, que foi ao Araguaia, que esteve com Marighela, que aprendeu com Pedro Pomar, que se revoltou com Lacerda, que convulsinou no movimento estudantil, que resistiu, que perdeu, que foi perseguida, que foi demitida, que foi presa, que foi torturada... que sofreu, que morreu, que ficou sequelada.
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Mas não queria homenagear somente àqueles, dos anos de chumbo, alguns dos quais orgulhosamente conheço e sou amigo.
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Queria lembrar também dos outros, que se juntaram aos sobreviventes, que acharam outros caminhos, e como água mole em pedra dura, ressuscitaram a luta.
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Que fizeram greves, que recriaram o sindicalismo e fundaram a CUT, no final dos anos 70, que queriam votar pra presidente nos 80, que fizeram crescer a esperança em 89, que derrubaram um Presidente corrupto em 92, e que depois de muita derrota, colocaram o operário no poder em 2003.
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É que não aguento mais. Convivi com todo esse povo, com o anônimo que distribuía panfletos, fazia piquete, e entrava em greve, mas sempre pensando é na causa. A causa, e não a vantagem pessoal. A causa, e não o bolso. A causa, jamais a vaidade, a causa em primeiro lugar.
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E agora, já não é normal, o que dá de militante regular, profissional.
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Militante com aparato de militante oficial.
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Militante candidato a militante federal.
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Militante com aparato de militante oficial.
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Militante candidato a militante federal.
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Militante com retrato na coluna social. ...
Militante com contrato, com gravata e capital, que nunca se dá mal...
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Eu queria mesmo é fazer um texto em homenagem àquela militância, que conheci, tempos atrás.
Mas fui à luta e perdi a viagem.
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Aquela militância, não existe mais...
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Desculpa, Zé, mas não posso concordar contigo. Há muito militante na luta por uma sociedade justa e igualitária. Militante que estão na luta há tempos e não desistiram no meio do caminho. São inúmeros anônimos que não tiveram ganho pessoal porque este não é o objetivo. Não aparecem na mídia, nos jornais tradicionais porque o que gera notícia é o oportunista com dinheiro na cueca. Estes aparecem, mas não se resume ao oportunismo a militância de hoje. Ainda existe muita gente boa na luta porque um mundo melhor ainda é possível! Abraços, Jailson.
ResponderExcluirTá certo, Jailson. Aceito o puxão de orelha. Generalizar é sempre injusto.
ResponderExcluirZé!
ResponderExcluirComo em todas as opiniões, existe 50% de acerto e 50% de erro. Acredito que ainda temos militantes que acreditam numa sociedade mais justa e vâo a luta. É preciso ter clareza que a sociedade mudou, os jovens atualmente recebem tudo "pronto" devido a luta dos militantes de outrora. Vejo que a juventude esta mas preocupada com o TER desconsiderando o SER. Abraços, Mário.