segunda-feira, 31 de agosto de 2009
Em defesa da água pública
Na semana passada, os integrantes do Comitê pela Defesa da Água realizaram reuniões em alguns bairros da cidade, na agenda de mobilização.
Já houve encontros no Bairro Harmonia, Vila Trinta, Raymundo Gomes Neto e Presidente Vargas. Para esta semana estão previstas outras reuniões com moradores, como no Monsenhor Woksky e Vila Paz.
Há, no entanto, uma incompreensível falta de repercussão sobre o movimento, na imprensa local.
Já falei aqui que a Rádio Missioneira, por exemplo, parece que escolheu o lado, e tomou partido a favor da privatização, pois só divulga a opinião da Prefeitura. E opinião juridicamente bem equivocada, por sinal.
Já a Rádio São Luiz e a FM Comunitária estão dando boa cobertura. E o Jornal Missioneiro esteve em uma reunião, e noticiou o encontro, inclusive com uma fotografia.
Mas o Jornal A Notícia não deu uma única linha sobre a luta do Comitê, na edição de sábado. Li duas vezes, da frente para trás e de trás para a frente, e não tinha nada.
Fiquei triste, porque um jornal tão importante nos últimos 75 anos da cidade age como se não tivesse compromisso com os próximos 30. Parece que não há discussão sobre água, na cidade. A sua omissão conta a favor da posição dos privatistas, pois é disparado o principal órgão da imprensa local.
Engraçado, isso deles darem bastante espaço para quem os processa, e quer extorqui-los, e nenhum espaço para quem os considera e trata bem.
É bem o que eu sempre digo: o pessoal sempre reclama da ditadura da "grande imprensa", do noticiário pautado pelo oligopólio das "sete famíglias", mas a tranqueira mesmo, é a imprensa do interior quando se apequena.
Mas a luta continua.
Blog do Planalto
Acho que estou ficando muito antigo. Sou do tempo em que as pessoas interessadas em política ouviam a Voz do Brasil. Agora temos blogs, sites, etc.
Esses espaços de comunicação oficial sempre me lembram da "Rádio Central de Moscou", que eu ouvia escondido, quando tinha uns 15 ou 16 anos. Tinha que ser escondido, porque era ditadura.
Transmitido não sei de onde, por volta das 17h, mas em português brasileiro, o programa era anunciado com uma chamada que nunca esqueci: "A Rádio Central de Moscou informa e comenta". E aí davam o noticiário internacional, de forma bem interessante. Uma mulher lia a notícia: "A Rainha da Ingraterra visitou a Índia ...", e um homem comentava: "O que a representante do imperialismo britânico pretende realmente fazer é ...". E desfiava o comentário.
A midia televisiva brasileira adota essa forma de dar notícia em vários veículos. Basta prestar atenção ao Jornal da Noite, na maneira que o William Waak apresenta. Ele informa e comenta, sempre contra a esquerda, colocando críticas subliminares, ao mesmo tempo em que louva a direita. E a escolha da pauta é criteriosa, para propiciar essa abordagem.
O Lula é meu amigo. Mexeu com ele, mexeu comigo. Pretendo participar do blog, postando comentários sempre que puder. Mas espero que ele não se transforme em algo do tipo informa-e-comenta. Já não tenho mais idade para ser pautado pelo Comitê Central.
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
Jesus Cristo em São Borja
Como eu ando meio religioso, vou contar uma historinha.
Diz que uns tempos atrás apareceu em São Borja um cara dizendo que era Jesus Cristo reencarnado.
Vestindo uma bata esfarrapada, e de pés descalços, ele se acampou numa praça e iniciou uma pregação. Logo amealhou alguns seguidores, que chamou de apóstolos. E todos os dias eles faziam um gritedo, pregando o apocalipse. Ninguém aguentava mais tanta esculhambação, tava todo mundo de saco cheio com o novo Messias.
Um dia, o tal Jesus contratou duas ou três chalanas, para cruzar o rio em direção a São Tomé. Dizia ele que iria atravessar o "Mar da Galiléia" com seus apóstolos. Loucos para se livrar dele, uns comerciantes patrocinaram a cruzada.
Na travessia, o Jesus foi na chalana da frente, sozinho com o remador. No meio do Uruguai, ficou em pé na pontinha da canoa, abriu os braços, fechou os olhos, torceu o pescocinho e começou uma ladainha, acho que em aramaico antigo. Parecia estar na proa do Titanic.
O chalaneiro se emputeceu, e meteu o pé na bunda dele, que caiu na água e afundou no rio. E foi aquele glu-glu-glu. Todo mundo se apavorou, se atiraram na água e salvaram o cara.
Já na margem castelhana, o chalaneiro disse:
- Ué, tu não é Jesus? Achei que tu fosse sair caminhando sobre as águas...
E ele respondeu:
- Sou Jesus sim. É que uns dois mil anos atrás me agarraram à força e me pregaram numa cruz. Daí eu fiquei com dois baita furos, um em cada pé. Entra água, e eu afundo ...
A charge lá de cima e do Jaguar, e a de baixo é de Kayser. Essas duas, e centenas de outras, podem ser vistas aqui, no Tinta China.
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
Tanta ganância ...
"Ai de vós, que ajuntais casa a casa,
e que acrescentais campo a campo,
até que não haja mais lugar,
e que sejais os únicos proprietários da terra (Isaías, 5:8)".
Mas eles sentam na primeira fila na missa. Penduram terços no espelho das Mitsubishis, e colam adesivos da Virgem do Rosário (e da TFP) na tampa traseira de suas Toyotas e Frontiers. Tanta ganância ... sentem-se bem, e são paparicados, na igreja e na "sociedade".
Pela fome de riquezas, o latifundiário mata e manda matar.
"Aquele que ama o dinheiro nunca se fartará ... (Eclesiastes, 5:9)"
Morte, Severino, Terra ...
embrulhado nessa rede? dizei que eu saiba.
que há muitas horas viaja à sua morada.
sabeis como ele se chama ou se chamava?
Severino Lavrador, mas agora já não lavra.
essa foi morte morrida ou foi matada?
esta foi morte matada, numa emboscada.
e com que foi que o mataram,com faca ou bala?
mais garantido é de bala, que mais longe vara.
quem contra ele soltou essa ave-bala?
sempre há uma bala voando desocupada.
e o que havia ele feito contra a tal pássara?
de pedra e areia lavada que cultivava.
que podia ele plantar na pedra avara?
os intervalos das pedras, plantava palha.
lavoura de muitas covas, tão cobiçada?
todas nos ombros da serra, nenhuma várzea.
mas então por que o mataram com espingarda?
queria voar mais livre essa ave-bala.
o que é que acontecerá contra a espingarda?
tem mais onde fazer voar as filhas-bala.”
“... Essa cova em que estás, com palmos medida,
é a cota menor que tiraste em vida.
é a parte que te cabe deste latifúndio.
é a terra que querias ver dividida ..."
Para leitura de todo o Auto, clique aqui. Vale a pena também procurar no You Tube a parte do enterro, cantada pela Elba Ramalho, em um especial para a televisão da década de 1980.
O poema não termina com morte. Termina com vida. Com Severino testemunhando o nascimento de uma nova vida Severina, em uma miserável favela de Recife. Porque a luta continua.
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Há base legal para dispensa de licitação
O advogado me disse que mandou o mesmo texto, também, para a Rádio Missioneira, mas não foi lido. E também não houve convite para entrevista.
Posição estranha da Rádio, que já entrevistou pelo menos dois juristas que defendem a visão equivocada da Prefeitura, de que a licitação é obrigatória.
Essa obrigatoriedade não existe. O Prefeito pretende fazer a licitação porque quer fazer. E o nosso medo é que sejam estabelecidas no edital exigências impossíveis de serem atendidas pelas empresas públicas, como fez o prefeito de Uruguaiana, também tucano.
Para que não digam que estou mentindo, publico aqui a primeira página do contrato entre a Corsan e a Prefeitura de Santa Rosa. Repare que na cláusula segunda diz que o contrato é feito com dispensa de licitação.
Há muitos problemas em fazer a tal licitação, que aos poucos iremos esclarecendo.
Mas Rádio Missioneira ficou nos devendo um contraponto. Pelo menos, é o que eu acho.
O Jonas vai ficar no Grêmio
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Odebrecht ... onde foi que eu ouvi esse nome?
Segundo a Rádio Missioneira (ver aqui), ele disse que "A Constituição Federal é clara e não permite a renovação de qualquer contrato sem ser realizada a licitação".
Ontem foi a vez de um advogado, também alinhado ao Executivo, pessoa que aliás tenho em alta conta, repetir esse argumento, na Rádio Missioneira, como se pode ver aqui.
Pois a Prefeitura de Uruguaiana (PSDB) abraçou essa tese, e abriu a tal licitação.
Até aí tudo bem. Só que o edital de Uruguaiana contém exigências que, segundo o Sindiágua e a Associação de Engenheiros da CORSAN, só conseguem ser atendidas pela Odebrecht, como pode ser visto aqui, no blog RS Urgente.
Na semana passada, as entidades citadas encaminharam representação ao Procurador Geral do Ministério Público de Contas, pedindo apuração de eventual crime de responsabilidade envolvendo o prefeito de Uruguaiana, Sanchotene Felice (PSDB).
A alegação é de que as exigências do edital são tantas que nem a SABESP (autarquia de água e esgoto de São Paulo, riquíssima) poderia atender, quanto mais a CORSAN. E das empresas privadas, parece que só a Odebrecht atende.
Haveria, portanto, direcionamento da licitação para favorecer a Odebrecht, o que configura crime, se comprovado.
Odebrecht, Odebrecht ... Odebrecht ... me parece que já ouvi esse nome em algum lugar, mas não lembro onde ...
Bueno. Enquanto isso, a Prefeitura de Santa Rosa assinou contrato com a CORSAN, com adivinhe o que? Com dispensa de licitação.
Então, ou os orientadores jurídicos do Prefeito estão, data venia, muito equivocados, ou a CORSAN e a Prefeitura de Santa Rosa assinaram um contrato inconstitucional.
Mas Odebrecht ... onde foi que eu ouvi esse nome antes, afinal?
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Privataria da água em São Luiz Gonzaga
Apesar de ficar cada vez mais claro que a posição confortável do Brasil no cenário econômico mundial (que transformou a crise em marola) deveu-se principalmente à existência de bancos e grandes empresas estatais, ou seja, à concreta possibilidade existente do Estado interferir na economia, ainda há privatas ensandecidos soltos por aí.
Em São Luiz Gonzaga, o prefeito municipal e seu vice (PSDB-PP) querem-porque-querem privatizar os serviços de água e esgoto, mesmo com de noventa por cento da população contra.
Seu argumento é tão simples quanto tosco: como foram eleitos com mais da metade dos votos úteis, alegam ter recebido autorização, do eleitor, para fazer o que quiserem. Qualquer ponderação em contrário é classificada como "choro de perdedor".
Mas há resistência. Está em curso uma grande campanha, plural e democrática, com participação de vereadores e representantes de todos os partidos, sindicatos, entidades de classe, associações de moradores, enfim, de toda a dita sociedade civil organizada. A campanha exige uma melhor discussão do assunto.
Faço a defesa do serviço público. E defendo a renovação do contrato com a CORSAN, nos mesmos moldes do que foi feito em Santa Rosa, onde foi estabelecida a gestão compartilhada, com previsão de investimentos de mais de trinta milhões de reais, a maior parte a ser buscada em verbas do Governo Federal.
Vou colocar este blog na luta contra a privataria. Considero ser o tema mais importante da pauta política em São Luiz, nos últimos e dos próximos anos.
É preciso parar tudo, e dar prioridade a essa discussão.
sábado, 22 de agosto de 2009
Palmeiras atropela colorado
Fotos da necropsia
O RS Urgente postou fotografias da necropsia no cadáver de Elton Brum da Silva. Quem não tiver problemas com esse tipo de imagem, pode olhar aqui: http://rsurgente.opsblog.org/2009/08/21/fotos-mostram-que-elton-foi-morto-pelas-costas/.
Duas certezas eu tenho: o tiro foi pelas costas, e foi usada uma "doze".
Há várias munições para essa arma. No caso, deve ter sido utilizado um cartucho contendo nove "balins", cada um do tamanho de um projetil calibre .32. Assim, é como se fosse efetuado nove tiros de revólver, de uma vez só. É uma arma muito complicada, que só deve ser utilizada por policiais muito experientes.
Quanto à munição, em motins nos presídios, por exemplo, usa-se munição com balins de borracha, ou mesmo de papelão, com remotas possibilidades de efeito letal. Não dá para entender a utilização dessa munição, nesse tipo de operação, pois mesmo em caso de disparo acidental, se alguém é atingido, a chance de sobreviver é remota.
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Homicídio em São Gabriel
Mas tenho certeza que meu colega, Delegado da Polícia Civil daquela cidade, vai primar na elaboração do Inquérito Policial, buscando elucidar o acontecimento em todas as suas circunstâncias, com os devidos indiciamentos.
Me sinto livre, no entanto, para reproduzir aqui a Nota Oficial do MST, pois certamente não vai sair, nem na grande, nem na pequena imprensa gaúcha.
ASSASSINATO DE ELTON BRUM PELA BRIGADA MILITAR
DO RIO GRANDE DO SUL
Marina da Silva na parceria da direita
Como não tinha um acompanhamento mais profundo, sabia dela praticamente só que sai na imprensa. Mas a considerava como um dos grandes nomes do Partido. Até fiquei muito triste com sua saída do Ministério Meio Ambiente, ano passado, e mais ainda com sua desfiliação esta semana.
Daí então comecei a buscar informação, pois quando uma pessoa do nosso Partido sai fora, ainda mais sendo referência em alguma área, todo mundo fica meio balançado.
Achava que ela iria para o PSOL, e fiquei surpreso com sua decisão de filiar-se ao PV, partido de direita, cuja principal liderança é o Deputado Sarney Filho.
É importante destacar que o tal "Zequinha Sarney", que agora lidera os verdes, foi da Arena, PDS e do PFL. Daí, teve um clic, e descobriu sua vocação de ambientalista, indo para o PV, partido que representou no governo de Fernando Henrique Cardoso, como Ministro do Meio Ambiente, de janeiro de 1999 a março de 2002.
Outra figurinha rara do PV é o Fernando Gabeira, que anda em estreitas ligações com José Serra e o Fernando Henrique. Gabeira foi do PT, depois do PV, depois do PT de novo. E aí, um dia, por considerar ofensiva o atraso de uma hora para ser atendido pelo então Ministro José Dirceu, se emburrou e voltou para o PV.
Como ex-petista crítico, Gabeira começou a ser bajulado pela mídia direitista, aparecendo muito na televisão e jornais (ao chutar o cachorro morto do Severino Cavalcanti, por exemplo), e "adireitou-se" de vez, concorrendo a Governador do Rio de Janeiro coligado com o PSDB e PPS.
Pouco tempo atrás, este ano mesmo, o Gabeira disse que ia desistir da vida pública, "envergonhado" por terem descoberto que parentes seus fizeram turismo internacional com passagens da Câmara. Mas logo em seguida desistiu de desistir, e passou a costurar a saída da Marina do PT, articulando sua entrada no PV, e anunciando publicamente que seu partido comporá com o PSDB (Serra, no caso) a candidatura que disputará, pela direita, a sucessão de Lula. Pelo seu desejo, Marina seria, e provavelmente será, a vice de José Serra, contra a Dilma.
Retornando à Marina, temos então que ela trocou a companhia do Suplicy, do Paim, do Mercadante, da Dilma e do Lula, pela companhia do Sarney Filho, do Gabeira, do Artur Virgílio, do Marconi Perilo, do Álvaro Dias, do José Serra e do FHC. E como PSDB e DEM são gêmeos xifópagos, terá de lambuja a companhia da Senadora Kátia Abreu, mais conhecida como Miss Dematamento da Amazônia.
Marina fez essa escolha, certamente, por considerar que essas novas parcerias são melhores para o êxito de seu projeto político. Para defender as coisas que acredita.
Então, vamos pensar. Se a Marina achasse que nessa nova turma tem mais condições de, por exemplo, defender a Amazônia, seria uma ingênua completa. O Sarneyzinho, o Gabeira, o José Serra e o FHC são a direita. A direita é a devastação ambiental. São da direita as fazendas na Amazônia. Temos que presumir que Marina deva saber disso.
Já o Lula, a Dilma, o Paim, o Suplicy, o Mercadante, são a esquerda. E essa esquerda, mesmo com o dito lulismo de resultados, tem construído um projeto nacional. Projeto eivado de equívocos na questão ambiental, como na mancada da MP da Grilagem, mas ainda com espaço para discussão e construção do tal "desenvolvimento sustentado", o que não existe nos projetos de poder da direita.
E o Lula, está com certeza, longe de ser ingênuo. Ele não teria mantido a Marina como Ministra por tantos anos, se ela não fosse capaz de fazer, no mínimo, uma boa análise de conjuntura. Então, a ex-Ministra não deve desconheçer o papel que a direita lhe confere no tabuleiro eleitoral de 2010.
O que talvez tenha ocorrido é que suas posições anti-aborto, contra pesquisas com células tronco, a favor do estudo do criacionismo nas escolas, e por aí afora, a aproximam mais da direita que da esquerda. E deve ser isso, e não o meio ambiente, o motivo da sua nova colocação partidária.
Para mim, Marina é uma pessoa bem intencionada, com preocupações ambientais corretas, e com um histórico de militância notável. Mas é direitosa, e a escolha pelo PV prova isso. Daqui a poucos anos, tudo o que fez de positivo estará suplantado pelos efeitos dessa escolha equivocada.
"Junte-se aos bons e serás um deles, junte-se aos maus e serás pior que eles". Pelo menos é o que diz o ditado popular. E "todos são adultos e responsáveis por seus atos", diz outro.
Eu, da minha parte, sempre vou lamentar muito mais a perda da Heloísa Helena, da Luciana Genro, do Babá ...
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
Estou dando um tempo
domingo, 16 de agosto de 2009
Momento Missioneiro
Os três primeiros já se foram, e por isso, Don Ortaça está intimado a ficar compondo e cantando para sua gente por, pelo menos, mais uns cem anos.
Há muitas lições na obra dos quatro. Em razão disso, este blog manterá um pequeno espaço na barra lateral, intitulado "Momento Missioneiro", mostrando trechos de músicas ou poesias, não só deles, mas também de outros artistas da mesma vertente.
Em respeito aos direitos autorais, não haverá links para as músicas. Apenas serão reproduzidos trechos, com citação dos autores. Em caso de erro, por favor informem.
Filosofia de Gaudério
Senhores, peço licença ... licença pede atenção
Que junto com meu violão, num estilo missioneiro
Num lamento bem campeiro de gaudério pajador
Pois se gaúcho, senhor, que em toda a pampa existe
É um homem que canta triste, por isso eu nasci cantor.
Peço perdão aos senhores, a minha xucra linguagem
Pois nela eu trago a linhagem da pampa de muitos anos
De índio sul americano, bordoneado de heroísmo
Que o meu crioulo atecismo, num gesto de reverência,
Força minha inteligência ser poeta sem catecismo.
Eu aprendi cantar versos em faculdade campeira
Em reuniões galponeira, e em bolichos de campanha
Tomando um trago de canha, para afinar a garganta
Pois necessita quem canta inteligência agitada,
Se acaso levar rodada, não critica e se levanta.
São versos de selva e campo, se perdem ao vento teatino
Repontando o meu destino, campeia meu pensamento
Seguem juntitos com o vento, se amadrinhando comparsas
Qual duas nuvens esparsas, em mutuo solidarismo
Acariciando o lirismo de um branco bando de garças.
Andei por terras estranhas, no mundo muito aprendi
Desde a língua guarani, ao clássico espanhol
Campereei de sol a sol, nas estâncias de fronteira
Peleei e corri carreiras, montei em potro aporreado
Só honras eu tenho dado à minha terra missioneira
Tem muita gente que fala do meu viver teatino
Mas eu tranço meu destino, como manda a lei divina
São ordens que vem de cima, do patrão onipotente
Somente a gente que sente, se ronda uma noite inteira
Quando uma estrela matreira se perde no continente.
Mais triste que urutaú, mais xucro que pantanal
Meu canto tradicional há de cruzar mil fronteiras
Em toadas galponeiras, romances do meu rincão
Num desabafo de peão que aprende a cantar solito
Quando de noite ao tranquito dá medo da solidão.
Nunca vou cantar pra o mal, meus versos são para o bem
Muitos carinhos me vem quando me encontro pajando
E se por peão pobre ando ... e se me alegra o meu canto
Meus versos cheirando campo faz-me prever sonhador
Que se eu nasci pra cantor eu hei de morrer cantando ...
sábado, 15 de agosto de 2009
No Limite, Jogo Duro, Decamerão, Som e Fúria ...
Há sobre nós um monopólio, que se é impiedoso e manipulador em termos de noticiário, também se revela muito cruel quanto ao restante da programação. Querendo ou não, em termos de TV aberta, assistimos ao que a Globo quer transmitir. Ou desligamos a TV, pois mesmo as outras emissoras acabam sendo, de um modo ou outro, pautadas pela vênus platinada.
Então, quero comentar quatro programas da emissora da família Marinho.
Primeiro, fui surpreendido alguns domingos atrás, pois esperava pelo Teledomingo, mas entrou um reality show apresentado pelo Paulinho Vilhena, que me fez cair os butiá do bolso. O tal do Jogo Duro.
Acho que nos últimos anos não passou nada pior na televisão. É um jogo, daqueles que mostram as pessoas se humilhando em troca de alguns trocados. Na essência, nenhuma novidade, pois a Globo adora isso desde o tempo dos calouros que o Chacrinha esculachava. Mas êta programinha ruim. Lixo. Não vale nem a pena comentar. Pobre de quem, como eu, aguardava aquela bosta terminar para assistir ao pequenino espaço errebeessiano das notícias locais, antes de "fechar a semana".
Quando finalmente terminou o tal reality, que durou um mês, acho, veio a Globo ressuscitar o No Limite. Outra coisinha horrorosa, na mesma linha de pagar mico para ganhar vintém. Só que com orçamento muito superior, que resulta em uma produção caprichada. Mas deve haver quem goste, decerto dá ibope, senão impossível que fosse para o ar. Mil vezes o Big Brother.
Mas, como nem tudo são trevas, estamos assistindo agora Decamerão, às sextas-feiras. Quando anunciaram, eu até fiquei curioso, pois sou da geração que assistiu o Decameron do Pasolini, no cinema, nos anos 70. E era sexo quase explícito, naqueles tempos remotos.
Gostei do Decamarão global. A transição do que conheci como quase pornográfico para a malícia, a insinuação que a televisão aberta requer, foi muito bem feita. Só que, apesar da fotografia primorosa, histórias divertidas, locações lindíssimas, um jovem elenco de primeira linha, não funcionou como poderia.
Para mim, pelo menos, parece que faltou alguma coisa. Acho que houve alguma falha na linguagem escolhida. Por exemplo, às vezes as falas são rimadas, às vezes não, e essa indecisão deixa o "ritmo" meio quebrado. Talvez tenha ficado mal acostumado com Capitu, em que a poesia da linguagem foi impecável. Mas é bom.
E salvando o semestre, tivemos também Som e Fúria. Excelente. A idéia de trazer o mundo do teatro para a televisão, sempre que é bem feita, como no caso, dá certo.
Sobre Som e Fúria, vou escrever daqui mais uns dias, pois tenho um texto sobre o Teatro do Bentinho (nostalgia da adolescência) que tem tudo a ver, e pretendo reescrever misturando os assuntos.
De qualquer forma, não sou nenhum crítico, só um telespectador. E é isso ...
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Yeda tem 70% da preferência (dos leitores do Políbio)
Já vi que não sou da mesma tribo da maioria das pessoas que visita o blog do cara. Eu e os entrevistados da Vox Populi, como se vê na pesquisa publicada, também hoje, na Zero Hora:
Não é a toa que o sujeito não é muito bem considerado, por vários setores da imprensa. Abaixo, uma charge antiga do Kayser:
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
Tomara que ainda haja escutas
Já baixei e li as primeiras 250 páginas, e não sei como ele teve a coragem de escrever que "a montanha pariu um rato". Muito pelo contrário, como assinalou apropriadamente o Tomando na Cuia, "a montanha pariu gatos".
Dá nojo de ver a forma como o imputado de ímprobo José Otávio Germano articulou, dos bastidores, a escolha dos deputados que integrariam a CPI do DETRAN.
A tal Comissão, com a composição escolhida "a dedo" pelo José Otávio e seus parceiros (impressionante o poder dessa figura) acabou tendo relatório em formato de pizza. Mas o PT apresentou voto em separado. E esse voto acabou motivando a investigação, que por sua vez, resultou na ação de improbidade que arrolou até a Governadora.
Quem quiser se enganar com os próprios olhos, pode baixar a íntegra da ação civil, que o chapa-branca do Políbio disponibilizou em http://polibiobraga.blogspot.com (procurar postagens de 11.8.2009).
Do que já li, me parece que as conversas degravadas, relacionadas com atos praticados e fatos ocorridos na Assembléia, naqueles dias, mostram a fragilidade da composição atual de nosso parlamento. E não é de se descartar que, neste momento, às vésperas da instauração de outra CPI, as linhas estejam correndo, de novo.
Tomara que haja alguma investigação federal em andamento, com escutas funcionando ...
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
Faleceu o Gordo Mauro
O Mauro teve importante militância comunitária, esportiva e política em São Luiz Gonzaga. Fez parte da primeira bancada de vereadores do PT (havia sido eleito pelo MDB), no início dos anos 80. Foi muito emocionante para todos o momento em que sua filha Ana Paula colocou uma bandeira do partido sobre o caixão, e fez uma despedida.
É a vida ...
sábado, 8 de agosto de 2009
Ainda na linha de frente
Pelo menos na linha de frente da lista de demandados na ação civil pública por improbidade administrativa. É o primeiro nome dos apontados como ímprobos pela petição inicial.
Mais na frente que isso é difícil.
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
José Otávio Germano, Na linha de frente
Que dia ...
Me aborreci com isso. É a volta da polícia de costumes, a polícia que é contra os pobres, os negros, os trabalhadores e os desempregados. A polícia que me envergonha, que exercita a intolerância que alguns apelidaram de "Tolerância Zero".
Mas daí o Ministério Público Federal, trabalhando na outra ponta (investigando figurões), noticiou ter ajuizado Ação Civil Pública por Improbidade Administrativa em desfavor da Governadora Yeda Crusius, seu ex-marido Carlos Crusius, sua assessora Walma Vilarins, o seu ex-chefe de Gabinete Delson Martins, um diretor do Banrisul cujo nome não lembro (será o afilhado do Simon, que o Feijó quer a cabeça?), os deputados estaduais Frederico Antunes e Luiz Fernando Zachia, o deputado federal José Otávio Germano e até o Presidente do Tribunal de Contas do Estado, João Luiz Vargas.
Fiquei então ouvindo o noticiário. Mais grave que o que está acontecendo agora, lembro somente do impeachment do Collor. Na época, trabalhava na Caixa Federal, e passava os dias sem tirar do ouvido os fones do meu radinho vermelho, para não perder nada da CPI.
No Rio Grande do Sul, é a maior lambança da história. Seria incrível, se já não estivéssemos esperando por algo assim, da parte do MPF.
E mudei de planos. Pretendo postar alguma coisa amanhã, explicando a tal Ação Civil Pública, pois disso eu entendo um pouco. Depois, logo que possível, voltarei ao tema das contravenções, pois também é importante não deixar passar em branco.
Isso se existir mundo, amanhã ...
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Vossa Excelência conhece a Portosol?
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Sobre mulheres e gravatas
Um contou sobre uma faca nova que adquiriu, e disse que sempre deixa pelo menos meia dúzia de facas em seu escritório. De vez em quando, escolhe alguma, pega, fica admirando. De tempos em tempos, substitui uma delas por outra, do “estoque”. E assim, vai “curtindo” sua coleção.
O outro disse que coleciona isqueiros. Deu as características de alguns exemplares, e disse que está atrás de um isqueiro muito especial, feito de porongo, com uma pedrinha que faz faísca, que os gaúchos usavam antigamente. Lamentou que esse isqueiro é muito raro, já o viu em museus, mas não encontra nenhum à venda.
Eles me perguntaram se eu colecionava alguma coisa. Matutei um pouco, e depois de um gole de vinho, e respondi que, quando era gurizão, queria muito colecionar mulheres, mas não me dei muito bem. Meu sonho de ter um harém ficou só nos planejamentos infanto-juvenis.
Depois, em casa, fiquei pensando no assunto. Percebi que nunca colecionei nada. Que fracasso ...
Na verdade, tenho meus elefantes. Dezessete elefantinhos e meio, pois um está quebrado. Alguns comprados, outros ganhados, gosto de tê-por perto, pois o elefante nunca esquece. Eles me lembram de lembrar, o que é uma boa regra de sobrevivência. Mas não dá para considerar coleção.
Então, de uns quinze dias para cá, resolvi mudar meu visual, o que inclui usar gravatas. E percebi uma coisa que não tinha me dado conta antes, eu tenho uma coleção! De gravatas!
Acho que são mais de sessenta, todas novinhas, bem arrumadas em caixas de camisas. Dessas, eu devo ter comprado no máximo umas cinco. As outras são herança do meu irmão, Floribaldo. Ele gostava de trabalhar sempre bem arrumado, o que implicava em ter vários ternos e muitas gravatas.
Depois, a mãe distribuiu gravatas dele para vários amigos, como lembrança, mas a maior parte repassou para mim.
Então, parece que não sou tão excêntrico. Estou incluído. Não fui eu quem juntei, mas tenho uma coleção, e aliás, de um objeto bem aproveitável. Pretendo até comprar mais algumas, de vez em quando, para não deixar estacionada a renovação.
Já a outra coleção, a de mulheres ... fica para a próxima encarnação.
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Efeito Colateral - A Guerra no Rio de Janeiro
Reproduzo abaixo um post entitulado "Efeito Colateral", publicado blog Diário Gauche, do Cristóvão Feil (link na barra lateral direita). Nessa postagem, o sociólogo publicou um depoimento do geógrafo Francisco Marcelo, morador da favela da Maré, no Rio e pesquisador do Observatório de Favelas do Rio de Janeiro (observatoriodefavelas.org).
Vamos ao depimento:
"Antes de escrever sobre o quero escrever acho importante situá-los da atual situação político-criminal do território de onde falo.
A Vila do João, onde moro, junto com mais cinco favelas era “dominada” pela facção criminosa A.D.A. (Amigos Dos Amigos). Essa facção mais as facções CV (Comando Vermelho) e TCP (Terceiro Comando Puro) e os Milicianos, são responsáveis pelo “domínio” territorial, político, econômico e social das dezesseis comunidades que compõem o bairro Maré.
Essa é a composição da disputa geográfica dos grupos armados em confronto no bairro Maré.Como podem imaginar, a relação entre essas facções se dá pelo confronto armado na disputa por ampliação do controle territorial. O que acontece hoje na Vila do João e as demais favelas que eram controladas pela facção ADA. É uma investida muito forte da facção rival TCP, que dominou 50% do território que antes era controlado pela facção ADA e, ainda tenta conquistar os outros 50%. A ADA por sua vez tenta assegurar o que lhe restou e tentar recuperar a parte que perdeu, sem muito sucesso, até o momento.Esse é um pouco o cenário atual.
Não é preciso lembrar que são grupos com armas de grosso calibre, sem nenhuma preparação e ávidos por vingança. Isso vai dar numa constante troca de tiros e investidas sucessivas por ambas facções. Desses confrontos quem mais sai prejudicado é o(a) morador(a). Somos nós as vítimas do chamado efeito colateral. Os relatos e depoimentos são os mais tristes, preocupantes e trágicos que se possa imaginar. Nunca antes, na minha história dentro da Maré tive tantas pessoas próximas vitimadas de alguma forma, pelos confrontos entre facções rivais ou entre facções e a polícia.
Morreu um senhor morador da minha rua na quinta-feira passada [23/7] porque foi obrigado a transportar traficantes em meio a uma imensa troca de tiros. A Kombi foi fuzilada pelos traficantes rivais e o senhor morreu. Meu vizinho teve a casa fuzilada e invadida porque traficantes invasores que pensaram terem visto inimigos na casa dele. Ele tem mulher e filha pequena e sua mãe mora na parte de cima da casa.
Ontem [28/07/2009], fiquei perdido no meio de uma troca de tiros em meio a uma escuridão provocada por uma queda de energia e soube que um amigo tomou um tiro na perna. Meu irmão, “veterano de guerra” relembrou os tempos de palafita e teve que rastejar em casa para chegar aos interruptores e conseguir apagar as luzes da casa e assim evitar um possível pedido de guarida por algum traficante.
Em outro caso, um amigo nosso teve a casa invadida por policiais e foi acordado com fuzil na cara. São inúmeros os casos. São muitos os óbitos. São vários os feridosfisicamente, socialmente e psicologicamente.
Pessoas inocentes, trabalhadores, pais de família, cidadãos. Pessoas que estão tendo arrancado de si a esperança de uma vida melhor. Que vivem o medo e o risco eminente de uma morte violenta e sem terem a quem pedir socorro.Como exigir dessas pessoas um voto “consciente”? Como convencê-las de procurar os meios legais para reivindicar seus direitos se nem mesmo se veem como sujeitos corporificados de direito? Cadê o acesso aos instrumentos legais? Onde estão os tais Direitos Humanos, tão ventilados nos últimos tempos?
É necessário urgentemente criar meios de acessibilidade a mecanismos que garantam direitos primordiais como o direito de ir e vir e, principalmente, o direito a vida. Sem a garantia de acesso a esses mecanismos fica muito difícil mudar a cultura do macaquinho que nada ver, nada sabe e nada ouve.
Nesses dias de luto e violência tem me levado a refletir mais sobre a favela. Por mais que a violência tenha crescido junto com as favelas, ela [a favela] sempre tentou manter o que mais tem valor: a alegria e a força do seu povo. Mas só isso não basta. Precisamos sair as ruas. Precisamos lutar por dignidade, por respeito, pela vida. Ultimamente só vejo medo nos olhos das pessoas. Nem mesmo o baile funk tão necessário para descarregar nossas angústias e depressões existe mais. Está proibido pela polícia. Chegaram a ponto de proibir sua execução em festa particular, é repressão demais.
Tenho andando assustado, quase não paro na rua, não vejo meus amigos, me assusto com criança correndo, barulho de moto, gente gritando, com o silêncio. Quantos de nós passamos por problemas psicológicos? Quantos sabem disso? Assim tem sido nossos dias e noites.
Do jeito que tá não da pé, do jeito que tá só a fé."
Copiei e colei. Por hoje, é isso ...
domingo, 2 de agosto de 2009
Jornal A Notícia completa 75 anos
O Legislativo municipal, por iniciativa da Vereadora Eni Malgarin, realizou sessão solene na noite do aniversário, evento muito concorrido, tanto pela importância do órgão na imprensa regional, quanto pelas relações que a família Grisolia possui na comunidade. Eu, infelizmente, não pude assistir à sessão. Não posso, no entanto, deixar de fazer algumas considerações.
A primeira é de como A Notícia se insere no meu cotidiano. Não lembro, mas com certeza foi protagonista de minhas primeiras leituras, concomitante à alfabetização, pois em casa nunca deixamos de ter um exemplar disponível. Eu tenho muito claro que o hábito da leitura, construído na infância e adolescência, teve nesse jornal um dos influenciadores mais importantes.
Outro aspecto é que, como muitos conterrâneos que em determinado momento tiveram a necessidade de migrar, mantive aceso o vínculo com a cidade através de cada exemplar recebido pelo correio. Esse reforço na ligação afetiva, feito pelo jornal, é sempre mencionado por sãoluizenses que, pelos motivos mais diversos, foram morar em localidades distantes.
Nesse tempo todo, A Notícia foi uma espécie de âncora sentimental, lembrando duas vezes por semana que eu tinha vindo de algum lugar, e tinha para onde voltar. Muitas vezes, minha mãe custeou a assinatura, dizendo que era para que eu mantivesse aceso o desejo de voltar.
Por último, é necessário ressaltar a importância dos órgãos de comunicação locais e regionais, para que as comunidades se apropriem dos acontecimentos que afetam diretamente suas vidas. Ter acesso à informação, conhecer o que acontece, é o primeiro passo no exercício da democracia.
Manter um órgão com as características de A Notícia, já por três quartos de século, é uma façanha que deve ser enaltecida.