Reproduzo abaixo um texto de Jerônimo José Pereira, meu colega Delegado de Polícia Civil.
O Jerônimo é gente boa, e se esforçou bastante para fazer a Polícia dar certo, no Governo Olívio. Ele está na quarta classe, o topo da carreira policial gaúcha. E é um dos pouquíssimos Delegados que não “virou a casaca" com a saída do PT do Governo do Estado, em 2003.
Eu explico. É que quando o Olívio ganhou a eleição, em 1999, “choveu” de Delegados se dizendo “petistas desde criancinhas”, de olho nos cargos de chefia. Foram até apelidados de "cristãos-novos". Quatro anos depois, quando trocou o partido do governo, esse povo todo passou a ser do PMDB, “desde criancinhas”. Passados outros quatro anos, e as mesmas figuras viraram tucanos, e novamente “desde criancinhas”. E agora, se o Tarso ganhar ano que vem, provavelmente se tornem petistas novamente. E mais uma vez, “desde criancinhas”.
Eu concordo com o Jerônimo, na essência do texto, que o José Otávio Germano não serve para amarrar o cadarço do sapato do Bisol. E que, para atingir o Olívio, a grande mídia, especialmente o PRBS, foi implacável, pegando o Bisol para cristo, sempre procurando desconstituir tudo o que era proposto ou realizado.
Canalhice é a palavra certa.
Estávamos no caminho certo, e fizemos muita coisa boa. Mas isso não quer dizer que tenhamos acertado sempre. Longe disso. Erramos sim, em muitas oportunidades. E o Bisol também não deve ser considerado um semi-deus, imune a críticas.
Nós, trabalhadores da segurança pública que somos militantes, precisamos fazer a crítica (e autocrítica) política daquele período, e reconhecer que houve erros é o primeiro passo para retomar a discussão de como deve atuar a Polícia (que se localiza estruturalmente no aparelho repressivo do Estado), em um governo de esquerda.
Caso contrário, poderemos, mesmo com a vitória do Tarso, passar mais quatro anos dando munição gratuita àqueles que querem enterrar nosso projeto, de uma vez por todas.
Então, segue o texto, que como disse, eu assino embaixo.
“Orgulho de Bisol
Tenho muito orgulho de ter trabalhado com José Paulo Bisol, na Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul. Os desafios foram muitos, avançamos na modernização do sistema de segurança pública, unificamos os comandos no mesmo prédio, com o objetivo de criar uma central de inteligência da segurança pública. Estávamos no caminho certo. O massacre político-midiático a que o secretário Bisol foi submetido foi uma vilania que acabou por atingir toda a política de segurança pública do Estado. Isso fica muito evidente agora, quando vemos alguns dos protagonistas daquele massacre envolvidos no maior escândalo de corrupção da história do Rio Grande do Sul.
O tempo provou que as medidas tomadas naquela gestão eram técnicas e profissionais. Lembro que o primeiro ato do sucessor de Bisol - o bom moço, de fala mansa, que se apresentava como um pacificador que iria resgatar a auto-estima da polícia - foi acabar com o prédio único das chefias. Na oportunidade, ao ser entrevistado, Bisol disse que era burrice tirar os comandos do mesmo local. Não era burrice, Bisol, era esperteza, malandragem, de quem, queria usar a máquina pública em proveito próprio e não ser vigiado por ninguém.
O secretário que sucedeu Bisol disse que a polícia passaria a agir sem freio de mão. Quem passou a agir sem freio de mão, na verdade, foi o grupo que ele integrava e que se instalou no Detran em 2003, quando iniciou o esquema que desviou mais de 44 milhões de reais dos cofres públicos.
Bisol saiu da secretaria com as mãos e a consciência limpa. “Não se acanalhem!” – pediu ele, na época, aqueles que tentaram destruí-lo. As suas idéias e o seu grito continuam cada vez mais atuais quando o povo gaúcho assiste estarrecido um festival macabro de desrespeito à democracia e ao bem público.”
Sempre admirei Bisol.
ResponderExcluirComo a mídia sempre vendeu a idéia de os policiais odiavam Bisol, fiquei surpreso - alegremente surpreso - com o post.