segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Envelhecer é inevitável, deteriorar é opcional

Resolvi estabelecer uma meta de longo prazo: quero ser o homem mais velho do mundo. Atualmente, os homens gaúchos passam dos 70 anos, em média, com muitos chegando aos 80, em bom estado de "conservação". Alguns poucos chegam bem aos 90, e raros vão aos 100.

Na minha geração, com os avanços da medicina, os cuidados com alimentação e com o corpo, etc., acho que vamos avançar uns bons 20 anos nessa média. Assim, quem como eu nasceu entre 1960-1970, e leva uma vida saudável, certamente vai alcançar os 90 anos com folga. Muitos vão chegar aos 100, e alguns raros passarão dos 110. Isso se o mundo não acabar antes.

Pois eu quero ser um desses casos raros. Afinal, já que a moda são as tais "metas de longo prazo", que sejamos então ambiciosos. Para chegar lá, a partir de hoje tenho que durar mais uns setenta anos, pelo menos. Daí, no ano 2.079, com 116 anos de idade e a meta cumprida, vou me conformar em passar desta para uma melhor.

Só que hay um porém. Não adianta virar um Matusalém, se a saúde do corpo e da cabeça não permitir usufruir a vida longa. Tenho aprendido isso com minha mulher, que organizou um grupo para trabalhar as questões relativas ao envelhecimento. Trata-se do Grupo Viva, uma iniciativa do Dr. Marcelo Blaya Perez, esse excepcional profissional da medicina que, entre tantas outras coisas, fundou há 40 anos a Associação Encarnación Blaya, mais conhecida como Clínica Pinel, em Porto Alegre.

O Dr. Marcelo, que hoje deve ter uns 85 anos, compreendendo bem os mistérios da alma e do corpo, concluiu que a maneira como encaramos o processo de envelhecimento é determinante na forma como vamos estar, fisica e mentalmente, na "velhice". E o lema que ele criou para o Grupo Viva decorre dessa conclusão: "Envelhecer é inevitável, deteriorar é opcional".

Trata-se de comprender e aceitar o processo de envelhecimento como uma coisa natural, mas não no sentido de "se conformar", e se recolher nun casulo para esperar a morte, e sim de preparar-se para aproveitar a vida nessa faixa etárea, com plenitude das capacidades físicas e mentais.

A Djanira, que já tinha trabalhado com idosos antes, se encantou com a idéia, e trouxe o grupo para São Luiz Gonzaga. E eu participo, às vezes indo nas reuniões, às vezes por tabela. Tem o Viva Real (dos assíduos) e o Viva Virtual, dos que se comunicam pela internet. Estou mais frequente no segundo.

Tem algumas coisas que eu acho muito legais, nessa iniciativa. A primeira, é que a construção do conhecimento de como aceitar e trabalhar o envelhecimento, é realizada de forma compartilhada com os integrantes. Não é aquele tipo de conhecimento acadêmico que vem pronto, de cima, embora eu acredite que haja uma base teórica sólida por trás de tudo. É um saber que "se" constrói, de forma horizontal, democrática. E onde tem democracia, tô dentro.

A segunda coisa interessante, é que a "reação" se realiza pela busca da mudança de hábitos, visando uma saúde melhor, e uma interação mais alegre e interessada com o mundo. Combater o sedentarismo, por exemplo, é uma das primeiras lições, e cada uma das pessoas do grupo fica encarregada de estimular e cobrar as outras, nesse sentido.

Outra faceta importante é o alcance do grupo, que ultrapassa, de forma importante, o núcleo que vai às reuniões. Olhando como um integrante "virtual", que não vai a todos os encontros, percebo as lições chegando até mim, trazidas pela minha parceira, o que certamente deve ocorrer com as outras pessoas do grupo. Da mesma maneira, outros maridos, mulheres ou parentes que não vão às reuniões do Grupo, são certamente atingidos pelo seu ensinamento, na medida em que são incentivados a ter atitudes mais saudáveis, por exemplo.

Então, tendo tomado a consciência de que estava me dirigindo para um envelhecimento "tradicional", e não desejo isso, mas sim uma vida longa, feliz e produtiva, entrei numa de mudança de atitudes.

Com relação ao "corpo", fiz algumas mudanças na alimentação. Mas como nunca abusei nesse aspecto, e sempre tive peso considerado ideal, não foi necessário nenhum radicalismo. Tenho também os créditos de nunca haver fumado, e de beber muito pouco, menos até que"socialmente". Além disso, estou levando mais a sério os chek-ups médicos periódicos.

No geral, dá para dizer que a minha carroceria está boa, mas aceita bem uma tunagem. Então, depois dos exames médicos, vou entrar numa academia, pois não malhei uma única vez nestes meus quarenta e seis anos de vida. Mas dou o braço a torcer, e reconheço que é importante fazer reforço muscular agora, para não ser um velhinho quebradiço quando completar 115 anos.

Quanto à cabeça, vou tentando levar meu dia-a-dia com menos estresse, o que é difícil, pois a Polícia é uma máquina de moer a cabeça da gente. E já começei o planejamento da minha aposentadoria, que será daqui a dez anos. Meu plano, um sonho bem antigo, é me aposentar e abrir uma floricultura. Assim, a partir de 2010, vou fazer pelo menos um curso nessa área, para acumular conhecimento.

E aí, com a saúde em dia, a cabeça boa, e o corpo ocupado, acho que cumpro minha meta: ser o velho mais velho do mundo.
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2 comentários:

  1. Prezado José Renato:

    Como já cheguei nos 40, também tenho de tomar providências para não "deteriorar" ehhh...eehh...

    Mudar hábitos alimentares é fundamental na manutenção da saúde.

    Só não dá para abrir mão do churrasco aos finais de semana (porém magrinho).

    Como diz uma amiga minha (Ana Barros), não é só o comprimento da vida que importa, mas também a largura...

    Um abraço, Charles

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  2. Tô atrasado mas no caminho. O problema são os quilos a mais!

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