quarta-feira, 4 de maio de 2011

A queda na desigualdade - Cinquenta anos em oito

Tenho bons amigos em outros partidos, que gostam de criticar o Lula, por não ter feito um governo "de esquerda". E volta e meia um deles me questiona sobre isso.
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Em também tenho muitas críticas nesse sentido. Concordo que a política de juros, esses anos todos, continuou dando recordes em cima de recordes no enriquecimento dos banqueiros. E também concordo que o governo deveria ter "desprivatizado" a Vale do Rio Doce, tanto pela falcatrua que foi a sua venda, como pelo papel estratégico que essa empresa ocupa em nossa economia.
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Só que, diferente desse povo, acho que os acertos do período - os programas de transferência de renda, por exemplo - compensam em muito o tal pragmatismo, e preparam o terreno para que uma gestão mais "à esquerda" seja realizada, lá na frente. Um passo de cada vez ...
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A re-estatização (na prática) da Petrobrás, por exemplo, foi um golaço do Governo Lula. E a manutenção e fortalecimento da Caixa Federal e Banco do Brasi (lembrem-se de nossas lutas da década de 1990, contra a privatização iminente), são políticas de esquerda.
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Agora mesmo, agindo com mineirice, a Dilma está prestes a dar uma porretada nos banqueiros e nas telefônicas, autorizando o Correio a trabalhar como banco, e também na área de telefonia, o que vai afetar os cartéis do setor. Além disso, a Embratel também está sendo ressuscitada, para trabalhar com a banda larga.
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Não nos esqueçamos que, na época neo-liberal, o Correio foi sucateado, e parcialmente privatizado (as famosas "franquias), e a instituição financeira contratada para administrar o banco postal da empresa foi o Bradesco. E a Embratel, nem se fala ...
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Bueno, mas esta postagem é para registrar que a desigualdade social atingiu, em 2010, o nível mais baixo desde 1960, conforme o índice Gini. 
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Segundo o economista que fez esses cálulos, Marcelo Neri, o índice de 2010 foi de 0,5304, quando em 1990 era de 0,6091. E em 1960, estava no patamar de 0,5367. 
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Ou seja, com Lula, recuperamos cinquenta anos, em oito.
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O economista diz que os países "desenvolvidos" possuem esse indicador próximo a 0,4000, e afirma que ainda vamos demorar para chegar até lá. Li sobre isso aqui, nos Amigos da Presidente Dilma, mas também saiu em muitos outros locais da blogosfera.
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Na mesma linha, mas discordando um pouco, o comentarista Paulo Zilio, no blog do Luís Nassif observou que nos EUA, em 2009, o índice Gini foi de 0.468, e que, no Brasil esse índice está caindo muito rápido, a uma média de 0,006 a 0,007 por ano (em 2001 era 0,5957, em 2009 0,5448), e nesse ritmo chegaremos ao "padrão americano" em 2018-2020.
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Não é exatamente o que eu sempre desejei. Queria é a revolução que passesse a régua em tudo, e igualasse as pessoas, em alta velocidade. Só que essa revolução não chega nunca ... 
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Nunca fui um intelectual. Reconheço que mal dou conta das minhas tarefas de militante-peão. Mas fico pensando seriamente se aquele pessoal, lá do início da Revolução Soviética, que dizia ser necessário reformar antes, ao invés de tentar ir direto ao socialismo, não tinha razão ... será?
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De qualquer forma, quando a gente constata que há esse tipo de resultado, no governo de "não-esquerda" do Lula, acaba encontrando algum sentido em persistir acreditando ... 
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